O Plano de Resiliência e Recuperação encontra-se, neste momento, numa fase de discussão até ao dia 1 de março. Na manhã desta segunda-feira (22), o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) promoveu um webinar para debater o contributo que o Ensino Superior pode ter no plano e como deve dele beneficiar. No evento, participaram o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, e a Comissária Europeia, Elisa Ferreira, entre outros nomes que, ao longo de três horas, deram os seus pontos de vista sobre o tema.

O Plano de Resiliência e Recuperação (PRR) tem previstas metas a serem cumpridas até ao ano de 2030. Porém, no webinar foram destacadas as que estavam mais próximas do ensino superior. A mais expressiva prende-se com o alojamento estudantil: ate 2026 o Governo prevê disponibilizar mais 15 mil camas a preço regulado para estudantes, contabilizando um investimento de 375 milhões de euros. “Uma reforma profunda do sistema de alojamento estudantil, com impacto significativo e efeitos duradouros na melhoria das condições de frequência dos estudantes do ensino superior”, é o que promete o plano.

José Castro Lopes, Pró-Reitor da Universidade do Porto (UP), interveio na sessão. O representante da UP abordou a questão: “as residências têm que estar à altura da qualidade dos nossos estudantes”, referiu.

Recrutamento de docentes e de investigadores e programas para levar mais adultos e jovens para o ensino superior – com o objetivo de manter o crescimento na formação de indivíduos na sociedade portuguesa – são outros objetivos contemplados.

A digitalização do ensino foi também abordada. Arlindo Oliveira, presidente do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (INESC), lançou um olhar sobre o tema. Enquanto que as universidades já utilizam meios digitais há mais anos e, de forma mais recorrente que as escolas, no PRR prevê-se agora uma mudança de cenário que fará com que escolas tenham que vir a introduzir nos seus quotidianos as novas tecnologias e, por sua vez, as universidades vão ter que evoluir, neste campo, para acompanhar o desenvolvimento europeu. Mas, neste capítulo, frisa que não se refere apenas a equipamento digital: “há um foco excessivo na dimensão ‘equipamento’, é praticamente só ‘equipamento’, e não se considera a necessidade da formação digital”.

Neste capítulo, o CRUP reclama o envolvimento das Instituições de Ensino Superior (IES) dado o considerável bolo que o PRR reserva à transição digital: “num investimento total de cerca de 2,8 mil milhões de euros, para a transição digital, devia ser possível incluir as IES”, refere o organismo nos contributos que registou sobre o PRR.

Universidades, contribuam para melhorar o PRR

Notório ao longo de toda a palestra foi o tom de apelo com que todos os oradores direcionaram o seu discurso para uma maior “participação” por parte da comunidade “no ativismo científico e académico, ao longo de todo este processo”. Trata-se de um processo que tem como meta o ano de 2030 para cumprir as metas às quais se propõem e, por isso, foi realçada a importância de continuar a percorrer um trajeto sólido em direção aos objetivos.

Manuel Heitor fechou o evento frisando a necessidade de as universidades perceberem que este plano não substitui outros instrumentos de financiamento, devendo, sim, ser visto como “um complemento ao que já está planeado”.

Artigo editado por Filipa Silva