A Associação Empresarial de Penafiel considera que os comerciantes locais têm sido “arredados do peso de um dos lados da balança: o de poderem vender bens ou serviços que lhes permite o respetivo contrapeso: pagar ordenados, empréstimos bancários, impostos e demais obrigações”.

Por isso, decidiu escrever uma carta aberta a António Costa, na última quinta-feira (25), para pedir que “não deixe a economia de proximidade morrer e exigir ummelhor planeamento, maior ambição, mais responsabilização” para que os pequenos comerciantes possam voltar ao ativo “o mais rápido possível”.

Iva Soares, do Gabinete de Comunicação da associação, reforça, em declarações ao JPN, que “as empresas têm de vender bens e serviços para que possam pagar salários, pagar ordenados, solver dívidas, em suma permitir que a economia funcione”.

Tendo isto em conta, lê-se na carta que as medidas de contenção da pandemia adotadas pelo governo geram “incompreensão, desmotivação, no limite, o descrédito”. Pedem por isso pedir “um desconfinamento programado “e uma “maior adesão à realidade difícil” que os pequenos comerciantes estão a enfrentar.

 Investimento em equipamentos de proteção que não estão a ser usados

A direção da Associação Empresarial de Penafiel destaca ainda o investimento efetuado pelos comerciantes, através do programa Apoiar, em equipamentos de proteção que não podem ser usados.

Questionada pelo JPN sobre este aspeto, Iva Soares conta que, “se numa primeira fase, os empresários perceberam e aceitaram o facto de terem de investir na segurança e proteção dos seus colaboradores e clientes”, neste momento, o estado de espírito dos empresários locais é muito diferente: “não entendem porque esse investimento não é valorizado. Ou seja, investiram, mas não está a ser usado, porque simplesmente estão fechados. Serem obrigados a estarem fechados sem uma qualquer previsão de desconfinamento, não faz qualquer sentido.”

A associação considera que o “o encerramento das empresas, muitas delas viáveis, por si só, e sem uma estratégia alternativa, transmite um sentimento de abandono do nosso tecido económico”.

Menos burocracia e mais fiscalização

Relativamente aos apoios do estado, a associação reclama “meios de candidatura fáceis, pouco burocráticos, com análise célere e rápida disponibilização das verbas”.

A Associação Empresarial de Penafiel quer ainda mais fiscalização: “entendemos que se abra o comércio, se fiscalize se todos estão a cumprir as exigências de segurança e que se possa trabalhar mesmo com as limitações.”

A mesma fonte sublinha que este posicionamento resulta também “do facto de os números diários mostrarem que a situação epidemiológica está cada vez mais controlada na comunidade”. Neste sentido, a Associação de Empresários de Penafiel pensa ser “viável planearmos os próximos passos a caminho da ansiada reabertura”.

O primeiro-ministro, António Costa, anunciou na sexta-feira (26) que a 11 de março vai ser divulgado um plano de desconfinamento “gradual, progressivo e diferenciado por setores”. O chefe do Governo disse ainda que não revela já o plano para “não contribuir de forma alguma para criar qualquer tipo de ilusão.”

Artigo editado por Filipa Silva