A noiva do jornalista Jamal Khashoggi, morto no consulado de Istambul, pediu, esta segunda-feira, que se punisse “sem demora” o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, pelo assassinato do marido.

Hatice Cengiz disse que “é essencial que o príncipe herdeiro, que ordenou o assassinato brutal de uma pessoa inocente, seja punido sem demora”. “Se não for, o sinal enviado é o de que o principal culpado vai ficar impune, e isso vai ser perigoso para todos nós, para além de ser uma mancha na humanidade”, escreveu no Twitter.

Na mesma linha, Cengiz reforçou o apelo para que os líderes mundiais se distanciem de Mohammed e decretem punições à Arábia Saudita: “os governos de todo o mundo, a começar pelo governo Biden, devem questionar-se sobre se estão prontos para apertar a mão de alguém cuja culpa foi provada, sem ter sido punida”.

Na sexta-feira, o governo norte-americano proibiu a entrada nos Estados Unidos e congelou os bens de alguns dos envolvidos no assassínio e desmembramento do jornalista.

O relatório

De acordo com o relatório, esta decisão final foi baseada no facto de o príncipe ter controlo “nas decisões institucionais no reino” e pelo “envolvimento direto de um conselheiro chave e membros em que Muhammad bin Salman confiava na operação”. Além disso, os serviços de inteligência também justificam as suas acusações pelo facto do príncipe herdeiro apoiar o “uso de medidas violentas para silenciar dissidentes”.

“Desde 2017, o Príncipe Herdeiro tem o controlo total dos serviços secretos da Arábia Saudita, sendo bastante improvável que os oficiais sauditas tivessem realizado uma operação desta natureza sem a autorização do Príncipe Herdeiro”, lê-se no relatório.

Khashoggi era visto pela liderança saudita como uma “ameaça”, e, se necessário, para silenciá-lo deveriam ser utilizadas “medidas violentas”, de acordo com o relatório, que também nomeia todos os envolvidos na morte do jornalista, que eram próximos de Muhammed bin Salman.

A conclusão central do relatório era amplamente esperada, visto que vários funcionários da CIA tinham chegado a esse entendimento logo após o brutal assassínio de Khashoggi, a 2 de outubro de 2018, um crítico do autoritarismo do poder de Mohammed bin Salman.

Ainda assim, como a descoberta não tinha sido oficialmente divulgada até agora, a atribuição pública de responsabilidade representou uma repreensão ao ambicioso príncipe herdeiro, de 35 anos.

Artigo editado por João Malheiro