Depois do empate a uma bola, no Estádio Municipal de Braga, no encontro alusivo à primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal, Futebol Clube do Porto e Sporting Clube de Braga voltaram a defrontar-se, esta quarta-feira, para decidir o apuramento para a final da Prova Rainha do futebol nacional. À boleia de 30 minutos de alta qualidade e eficácia, os bracarenses ganharam aos portistas, por 3-2. Abel Ruiz e Piazon colocaram os “guerreiros” a vencer por três golos. Otávio e Marega reduziram para os “azuis e brancos”.

Face ao clássico com o Sporting CP, no sábado, que terminou empatado e manteve os “azuis e brancos” a dez pontos da liderança do campeonato, Sérgio Conceição operou três alterações no onze inicial. Sarr repetiu a presença em relação ao jogo da primeira mão, tal como Luis Díaz, e substituiu Zaidu na lateral esquerda, enquanto Grujic rendeu Sérgio Oliveira no meio-campo, que tinha apresentado problemas físicos durante a preparação para o encontro.

Já em relação às escolhas iniciais do encontro disputado a 10 de fevereiro, caíram das opções Taremi e Fábio Vieira e foram a jogo os habituais titulares Corona e Otávio. Diogo Costa voltou a assumir a baliza portista.

Do lado bracarense, Carlos Carvalhal fez apenas uma mudança em relação à vitória na casa do CD Nacional, no domingo, com Raúl Silva a entrar para o lugar de Bruno Rodrigues no centro da defesa. Por comparação com o empate a uma bola em Braga, saíram do onze inicial David Carmo, que sofreu uma fratura no perónio e tíbia nessa partida, Sequeira e Sporar, e entraram o supracitado Raúl Silva, Borja e Abel Ruiz, que manteve a titularidade depois da partida na Madeira.

30 minutos de excelência bracarense

Obrigado a marcar para se colocar em vantagem na eliminatória, o SC Braga começou o encontro a pressionar alto, num esforço para dificultar a saída de jogo a partir de trás do FC Porto e forçar a equipa de Sérgio Conceição a jogar longo sem grande critério. Esse golo acabou por aparecer cedo quando, aos nove minutos, Piazon foi lançado nas costas de Sarr e fez o cruzamento atrasado para Abel Ruiz inaugurar o marcador.

Os “guerreiros” do Minho não demoraram a ampliar a vantagem e chegaram ao 2-0 ainda antes dos 15 minutos de jogo. O brasileiro Piazon roubou a bola ao desastrado Sarr e Al Musrati aproveitou para lançar Ricardo Horta na área que, de calcanhar, fez a assistência para o bis do avançado espanhol. Foi uma finalização repleta de classe do antigo jogador do Barcelona, a picar sobre Diogo Costa.

Motivado pelos dois golos, Abel Ruiz voltou a aparecer no encontro pouco depois, momento em que arrancou desde o meio-campo, deixou dois jogadores portistas para trás e, na cara do guardião “azul e branco”, atirou à trave. Desagradado com a exibição apática dos seus atletas e com o resultado, Sérgio Conceição fez duas alterações aos 20 minutos: Taremi e Zaidu entraram para os lugares de Grujic e Mbemba, este último com problemas físicos.

A primeira aproximação do FC Porto à baliza de Matheus surgiu apenas aos 25 minutos, através de uma combinação entre Taremi e Luis Díaz, mas o remate foi intercetado por Tormena. Aos 28 minutos, e para coroar uma meia hora de excelência do SC Braga, Piazon fez o 3-0 num livre direto batido de forma irrepreensível.

A resposta dos “dragões” não se fez esperar e, logo de seguida, Otávio recebeu no peito um passe longo de Corona e rematou de primeira para reduzir a desvantagem para 3-1.

Aos 33 minutos, Borja derrubou Marega quando este se isolava em direção à área bracarense. Artur Soares Dias começou por mostrar o amarelo, mas acabaria por expulsar o colombiano após consultar o VAR. Para reequilibrar a equipa defensivamente, Carlos Carvalhal viu-se obrigado a lançar Bruno Rodrigues para o lugar de Galeno.

O golo e a expulsão tiveram o condão de despertar o FC Porto, que se tornou mais efetivo e perigoso na partida. Até ao final da primeira parte, a equipa da casa instalou-se no meio-campo ofensivo e procurou chegar ao segundo golo.

Ainda assim, o resultado não se alterou e a formação de Sérgio Conceição foi para o intervalo a perder, por 3-1, um resultado que castigava a má entrada no encontro e premiava o arranque avassalador e de eficácia quase total dos bracarenses.

Dez guerreiros bastaram para preservar a vantagem

A precisar de marcar três golos para dar a volta à eliminatória e com o SC Braga reduzido a dez elementos, o FC Porto iniciou parte com mais bola e pendor ofensivo, enquanto os visitantes tentavam manter o bloco defensivo compacto. O jogo era de sentido único, mas eram notórias as dificuldades em criar ocasiões claras de perigo, devido a maus passes e más decisões no último terço.

Com o segundo golo a tardar em aparecer, Sérgio Conceição voltou a recorrer ao banco para lançar Sérgio Oliveira e Francisco Conceição para os lugares de Uribe e Manafá, com Corona a recuar para lateral. O jovem português de 18 anos foi rápido a entrar no jogo e protagonizou uma boa jogada individual a que Luis Díaz não respondeu à altura. Dez minutos depois seria a vez do central Sarr dar o lugar ao avançado Evanilson, numa estratégia de risco total por parte do técnico portista.

Apesar das dificuldades na manobra ofensiva, foi na sequência de um dos vários cruzamentos acumulados ao longo da segunda parte que o FC Porto voltou a chegar ao golo. Cruzamento de Corona obrigou Matheus a afastar a soco, contudo, a bola acabou no peito de Marega que, sem deixar cair, rematou para o fundo das redes bracarenses. 3-2 aos 75 minutos.

Nos minutos seguintes houve ainda ameaças de Sérgio Oliveira, num remate frontal que bateu na muralha defensiva do SC Braga, e um cabeceamento perigoso de Evanilson. Pouco depois, seria Luis Díaz a cabecear para uma grande estirada do guardião brasileiro. No entanto, os minutos passavam e os “dragões” mantinham-se longe de conseguir relançar a eliminatória.

Sem o discernimento necessário por parte dos “azuis e brancos” para ameaçar a vantagem bracarense, o encontro terminou com 3-2 no marcador, num prémio justo para a exibição dos visitantes.

Com este resultado, o FC Porto falha a defesa do título na Taça de Portugal e deixa fugir um dos seus objetivos para esta época, poucos dias depois de falhar a aproximação à liderança no campeonato. Já o SC Braga regressa assim à final da prova depois da conquista em 2015/2016. Esta vai ser a segunda final da equipa de Carlos Carvalhal na temporada, que perdeu o encontro decisivo da Taça da Liga frente ao Sporting CP.

“Este jogo não é para esquecer, é para lembrar”

Nas declarações após o final do encontro, Sérgio Conceição mostrou-se visivelmente desagradado com a exibição da sua equipa e salientou os erros primários que o FC Porto cometeu no início da partida, com os dois primeiros golos a resultarem de “erros individuais”. Apesar da sua formação não ter baixado os braços, “sofrer três golos naquele período” tornou tudo mais difícil.

A partir da expulsão, o técnico portista afirmou que os “dragões” assumiram o controlo do jogo, mas que houve “falta de discernimento” nos momentos decisivos para dar a volta ao resultado. Sobre as alterações no onze, admitiu que se deveram ao facto dos jogadores escolhidos estarem em melhores condições físicas. Concluiu a sua intervenção ao dizer que “este jogo não é para esquecer, é para lembrar” e que este desfecho “pesa e vai continuar a pesar” para o resto da temporada.

“Jogo absolutamente fantástico”

Por sua vez, Carlos Carvalhal começou por aplaudir o esforço dos seus jogadores, ao afirmar que “já não tenho palavras para os meus jogadores” e posteriormente admitir que “fizemos um jogo absolutamente fantástico”. Segundo o técnico dos bracarenses, a partida teve dois momentos distintos. Os primeiros 30 minutos e a chegada aos 3-0 basearam-se numa exibição de grande nível, enquanto após a expulsão, os atletas foram obrigados “a vestir o fato de macaco, ser estoicos, cerrar linhas e defender com qualidade”.

Referiu a importância da equipa nunca se ter desmembrado na manobra defensiva, mesmo com o adversário a explorar a largura do campo com jogadores abertos e muita gente na frente, e relembrou que o SC Braga “não é só uma equipa que joga bem”, com uma “ideia de jogo que os jogadores entendem e desfrutam”, mas que tem “mais argumentos” e sabe “fechar a baliza quando é necessário”.

O FC Porto volta a entrar em campo no sábado, 6 de março, em Barcelos, frente ao Gil Vicente, num encontro a contar para a 22º. jornada do campeonato nacional. Já o SC Braga recebe o Vitória SC na terça-feira, 9 de março, em mais uma edição do dérbi do Minho.

Artigo editado por João Malheiro