O ciclo de debates promovido pelas organizações Interstruct, Instituto e Rampa trazem para o Porto, cidade em que estão sediadas, um calendário composto por ter debates online sobre a temática do colonialismo. Depois da iniciativa ter arrancado na semana passada, o segundo debate realiza-se esta terça-feira, às 19h, nas redes sociais das organizações.

O formato online não se limita exclusivamente ao cenário de restrições causados pela pandemia, mas também revela o compromisso das instituições em agregarem o máximo de pessoas ao debate. Os eventos decorrem no intuito de estender a discussão da temática, promover visibilidade a questões contemporâneas e chamar a atenção para a falta de visibilidade de grupos que foram historicamente subalternizados.

A agenda de debates é composta por convidados de áreas do conhecimento distintas, formulando uma discussão diversa. O primeiro debate decorreu sobre a perspetiva dos monumentos e memórias coletivas do significado dos mesmos. A edição desta quinta-feira vai abordar a ótica das rotas comerciais do colonialismo português, com a presença de convidados de instituições de São Paulo, Luanda e Lisboa.

O ciclo de debates, segundo os seus representantes, entrevistados pelo JPN, é fruto de “várias reuniões realizadas entre as equipas, de forma a dinamizar e levar esse debate ao grande público“. O projeto continuará após o fim do ciclo de debates na próxima semana.

Intitulado “Pós Amnésia: Desmontando manifestações coloniais“, o projeto aborda as componentes esquecidas do colonialismo. O nome procura destacar esse esquecimento por parte da História, utilizando o termo “pós” “não como algo ultrapassado, mas como algo que traga a possibilidade de pensar sobre isso“, caracteriza Isabel Stein, representante da Interstruct.

A formulação de um ciclo formulado por três pontos de partidas para a temática em geral é apontando, por Nuno Coelho, representante da Rampa, como uma “materialização” dos pensamentos que compõe o colonialismo enquanto uma problemática.

As discussões serão realizadas em conjunto com convidados de backgrounds diferenciados, o que para os organizadores torna o debate mais rico.

O projeto abre espaço para esse debate, destacando seu papel informativo na busca por levar essa conversa a “pessoas que até podem desconhecer as histórias que estão a ser compartilhadas. Os debates vão permitir talvez elucidar algumas pessoas que tem desconhecimento e contribuir que esse debate exista e que essa discussão entre no espaço público”, destaca Paulo Moreira, representante do Instituto.

O representante Nuno Coelho, no que toca ao desenvolvimento do projeto aqui na cidade do Porto, destaca a relevância de “aprender com pessoas de fora que estão a trazer informação, discussão que foi criada em outras cidades, perceber como nós podemos eventualmente adaptar estratégias aqui ao nosso contexto geográfico”.

Como forma de manter essa primeira fase do trabalho desenvolvido pelas três instituições envolvidas (Interstruct, Instituto e Rampa) com acesso ao maior número de pessoas, os debates online permanecerão, nos próximos meses, disponíveis nas redes sociais e no canal do youtube do Instituto, em versão reduzida com legendas.

Conforme ressalvam os representantes entrevistados, as atividades desenvolvidas pelo projeto não se concluem com o ciclo de debates. Ainda serão desenvolvidas novas atividades como forma de estender e levar ao público uma pauta de tamanha importância a nível social, seja em território nacional ou internacional.

Uma parceria internacional

A parceria entre as três instituições, com sede na cidade do Porto, chega em resposta a uma iniciativa do VAHA, programa turco, desenvolvido para conectar espaços de arte e cultura independentes e organizações, visando a construção de uma rede internacional de solidariedade.

VAHA possui como significado oásis, o que traduz bem o objetivo do programa de criar “um ecossistema socialmente proeminente de oásis interconectados, crescendo como paisagens férteis para o diálogo aberto”, como é descrito no site da Instituição.

A organização turca, desempenha esse papel de contato entre países europeus e vizinhos. O projeto está concentrado maioritariamente no centro da Europa, o que faz com que o hub do Porto desempenhe um importante nessa troca de informações e discussão.

O projeto continuará a ser desenvolvido até 2022. Estes ciclos de conferências são uma primeira etapa de outras atividades que serão desenvolvidas num âmbito amplificado do projeto.

O ciclo de debates online encerra na próxima quinta-feira, dia 11 de março, às 19h, através do desenvolvimento do tema do colonialismo sobre o ponto de vista da História e da Cultura.

Artigo editado por João Malheiro