Na Praça do Marquês e na Avenida dos Aliados, no Porto, a Greve Feminista Internacional e a Rede 8 de Março, respetivamente, assinalaram a data. Centenas de pessoas juntaram-se aos movimentos feministas e cantaram pelos direitos das mulheres.

No Porto, as comemorações do Dia Internacional da Mulher, celebrado esta segunda-feira, tiveram na Praça do Marquês o primeiro ponto de encontro. Foi lá que a plataforma Greve Feminista Internacional preparou um momento de “entretenimento cultural” e de representatividade da “pluralidade das mulheres”. A música fez-se ouvir na Praça.

Em conversa com o JPN, Tainara Machado, responsável pela comunicação social do grupo no Porto, destacou a necessidade de apostar num feminismo interseccional e de “dar voz a todas as pessoas que são discriminadas ou que sofrem opressões dentro da sociedade capitalista”. Destaca a importância da mobilização contra “o patriarcado”, porque “as mulheres são as mais precárias, as mulheres são as mais pobres, as mulheres são as trabalhadoras que estão na linha de frente”, frisou.

Os cartazes e música foram os elementos principais da manifestação.

Os cartazes e música foram os elementos principais da manifestação. Foto: Francisca Gomes

Com a presença de cerca de 50 pessoas, Tainara afirma que o foco não era “incentivar aglomerações”. O principal objetivo era, até, o meio online e a aposta num formato diferente de manifestação. Na rua, a plataforma contou com a colaboração do grupo musical CRUA para animar e dar música à luta feminista.

No Dia Internacional da Mulher, foram mulheres, na sua grande maioria, quem se juntou à manifestação. Mulheres em protesto, em celebração, em luta contra o “patriarcado”. Ao JPN, Francisca Soares, de 24 anos, quis participar na greve porque vê necessidade de mudança. Mudança que para a jovem começa nas “pequenas coisas”: “vejo a injustiça que acontece não só comigo, mas com as mulheres à minha volta e quero mesmo que isso mude”.

O maior perigo de todo o patriarcado está mesmo no facto de ele já estar tão entrosado.

Francisca aponta a necessidade de reflexão, destacando que “o maior perigo de todo o patriarcado está mesmo no facto de ele já estar tão entrosado”, já que certas ações involuntárias do dia a dia vão contra a essência do feminismo, segundo a participante.

Leonor Figueiredo, membro da organização, discursou na manifestação e expressou o seu descontentamento face à situação vivida pelas mulheres em Portugal.

O Bloco de Esquerda também marcou presença na manifestação.

O Bloco de Esquerda também marcou presença na manifestação. Foto: Francisca Gomes

A greve contou, também, com a presença do Bloco de Esquerda. Tainara Machado salienta que a Greve Feminista Internacional “não tem nenhum vínculo com um partido”, mas que, ainda assim, se trata de “um movimento político na medida em que traz questões que afetam politicamente a vida das mulheres na forma de se expressarem dentro da sociedade”.

António Soares, militante do partido de esquerda, explica o motivo do apoio ao grupo feminista, referindo que “o nosso feminismo [do Bloco de Esquerda] enquadra-se muito mais com o que esta manifestação defende”.

Nós [Homens] temos de usar o nosso privilégio para acabar com o nosso privilégio

Questionado pelo JPN sobre a sua posição enquanto homem, António Soares refere que “o palco é das mulheres”. Para o militante, o homem deve ser um aliado da mulher: “nós temos de usar o nosso privilégio para acabar com o nosso privilégio”, afirmou.

A manifestação da Greve Feminista Internacional começou pouco antes das 16h30. Tainara Machado explica a decisão de realizar a manifestação tão cedo: “A nossa ideia de fazer online e fazer mais cedo também era para não entrar em conflito com a Rede 8 de Março”.

Foi a manifestação da Rede que deu continuidade à onda de luta no Dia Internacional da Mulher, já a noite tinha caído na Avenida dos Aliados.

A manifestação da Rede 8 de Março encheu a Avenida dos Aliados.

A manifestação da Rede 8 de Março encheu a Avenida dos Aliados. Foto: Francisca Gomes

Com um arranque mais tardio, marcado para as 19h00, a manifestação reuniu um número maior de pessoas. Mais de 300 saíram à rua em protesto elevando as mesmas bandeiras: a luta contra o patriarcado, o machismo e o capitalismo. Na baixa do Porto, a animação foi feita com muita música.

Num período marcado pela pandemia, também as greves tiveram de se adaptar: a Rede 8 de Março assinalou o Dia Internacional da Mulher com uma assembleia online a preceder a manifestação presencial. Na Avenida dos Aliados foram colocadas marcas no chão para ser mantida a distância de segurança. Para além disso, a organização distribuiu álcool-gel e apelou às pessoas para terem cuidado com o contacto.

Foram muitos os cartazes a preencher a Avenida e muitas as palavras de ordem escritas e entoadas. Os manifestantes gritavam: “Submissas nos querem, rebeldes nos terão”; “Se as mulheres param, o mundo para!”; “Mexeu com uma, mexeu com todas”; “A nossa luta não abre mão: quero trabalho, saúde e educação” e “Um vírus é o patriarcado”.

Numa greve identificada como “antifascista, antirracista, contra o machismo e o capitalismo“, o Bloco de Esquerda voltou a marcar presença, assim como o Movimento Alternativo Socialista.

Artigo editado por Filipa Silva