O regime de aulas integralmente presencial está, para já, fora de questão nas universidades e politécnicos do país. As instituições académicas centram atenções num regime misto, na linha do aplicado até dezembro. António de Sousa Pereira, presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), em declarações à Lusa, este fim de semana, admitiu: “não conto, sinceramente, que seja possível retomar a atividade normal antes do final deste ano letivo”.

Assim sendo, a esperança, aquando da retoma, recai sobre o regresso ao regime misto, com o qual se iniciou o ano letivo, com os alunos divididos em dois grupos, alternando por semanas a forma como assistem às aulas. Este passo, no entanto, não poderá ser dado “enquanto não houver um grupo significativo de pessoas vacinadas em Portugal”, referiu o também reitor da Universidade do Porto.

Pedro Dominguinhos, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos enalteceu, também em declarações à Lusa, a preocupação que as instituições tiveram em antecipar as aulas teóricas, sendo que “há um conjunto de aulas que têm de ser presenciais e são essas que vão ter de decorrer após o desconfinamento”.

Até lá, o ensino vai manter-se online, um “regime transitório”, para Pedro Dominguinhos, que considera estar a correr melhor que no primeiro confinamento, mas que continua a ter limitações.

Lacunas estas que já tinham sido referidas por António de Sousa Pereira à TSF a 22 de fevereiro, numa entrevista em que também aborda porque considera inviável um regresso à atividade presencial antes da Páscoa: “Qualquer decisão de retoma das atividades letivas nas universidades têm de ser tomadas com uma antecedência grande, porque temos de permitir que os estudantes venham, procurem quarto, se realojem nas cidades”, explicou na altura o reitor.

O regime presencial de atividades sempre foi defendido quer pelo CRUP quer pelo ministro do Ensino Supeior, Manuel Heitor, que, em janeiro, dias antes de ter sido decretado o novo confinamento geral, ainda afirmava que “se há instituições seguras, são as da educação e do ensino superior”. Mas a posição teve de ser revista na sequência da terceira vaga da Covid-19 que colocou o país entre os piores do mundo em vários indicadores epidemiológicos.

Na Universidade do Porto, o segundo semestre arrancou à distância – como em todas as instituições do país – datando de 5 de fevereiro a última comunicação sobre o regime de atividades: nessa altura, o Conselho de Diretores de Faculdades da Universidade do Porto anunciou ter decidido “por unanimidade” que as aulas do segundo semestre seriam dadas à distância pelo menos até ao dia 4 de abril, dia de Páscoa.

Foi a segunda vez que o regime online teve que ser aplicado com o objetivo de controlar a propagação do vírus – a primeira vez tinha sido há um ano, em março, no primeiro confinamento O fim do regime não tem fim à vista, mas com a revelação do plano de desconfinamento, na próxima quinta-feira, espera-se que se possa saber quando é que as diferentes atividades da sociedade poderão voltar ao seu normal funcionamento.

Artigo editado por Filipa Silva