Nesta mesa tátil, quem se deita é um paciente virtual, com nome e histórico clínico aproximado à realidade. A Body Interact “permite interação quer ao nível de entrevista, quer ao nível de exame físico, quer de toda a abordagem diagnóstica e clínica do doente”, explica ao JPN Idalina Beirão, médica e diretora do ensino pré-graduado do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), onde a plataforma chegou há menos de um mês.

Ao paciente, os estudantes fazem perguntas diretas e obtêm respostas áudio, o que visa tornar interações com pacientes mais fáceis no futuro. Carolina Pires e Tomás Araújo, alunos do terceiro ano de Medicina no ICBAS, reforçam que, através do treino possibilitado pelo simulador, anulam-se as “inseguranças” que possam surgir no contacto com pacientes humanos. Também o exame físico, como a auscultação e palpação de zonas do corpo, é “muito realista”, com sons gravados de doentes reais. 

Na mesa virtual está deitado o paciente “Tomás Alves”, de 48 anos, que vai descrevendo aos estudantes de medicina os seus sintomas. Carolina e Tomás fazem algumas perguntas sobre o historial clínico do doente para procederem à realização de exames físicos.

Carolina sublinha que começar a prática clínica durante um período de pandemia foi “um choque” e que a ferramenta surgiu na altura certa para auxiliar o ensino prático: “o nosso acesso ao hospital não é como era antes, nós temos menos doentes, temos menos enfermarias e isto acaba por ajudar muito”, diz ao JPN. Neste momento há 25 mesas disponíveis, uma por cada serviço clínico do hospital.

O objetivo é mesmo esse, utilizar a plataforma em conjunto com o ensino no terreno, criando um método de aprendizagem que é “perfeitamente padronizado”, que não depende da existência e cooperação de pacientes com uma patologia específica no momento exato em que os alunos estão a adquirir o conhecimento, esclarece Idalina Beirão. Ainda assim, a professora reforça que o simulador “não substitui de maneira nenhuma o contacto com os doentes reais” que terão “sempre primazia”.

Esta plataforma é um “complemento” ao ensino, como refere Tomás. Para o estudante, o Body Interact oferece a possibilidade de “experiência” e “contexto” de como é que os estudantes de medicina podem abordar o paciente e o que podem esperar de acordo com determinadas situações. 

Há também a vantagem de tanto os estudantes do 3º ao 6º ano de Medicina do ICBAS, como médicos em formação e especialistas do Santo António poderem treinar diferentes métodos “com segurança e sem risco”  antes de os aplicarem ao doente real.

Com um investimento de cerca de meio milhão de euros, o Body Interact está disponível para ser acedido em dispositivos móveis, o que permite aos estudantes ter acesso à plataforma em qualquer lado e treinar regularmente diversos casos clínicos.

Artigo editado por Filipa Silva