Após uma década de muitos desgostos e turbulências, o Glasgow Rangers, que desceu à quarta divisão em 2012, tornou-se no Rangers F.C., campeão da Escócia, dez anos depois. A vitória frente ao St. Mirren por 3-0 este sábado, aliada ao empate a zero do Celtic frente ao Dundee United no domingo, garantiu, matematicamente, o título e confirmou o regresso do Rangers ao topo do futebol escocês. Milhares de adeptos saíram às ruas, ainda que em cenário bastante sério no que toca à pandemia, e festejaram o 55º. campeonato do histórico clube escocês.

O Rangers interrompeu uma sequência de nove títulos do Celtic, que dominou o cenário do futebol na Escócia durante a crise do tradicional adversário. Ainda sem perder na competição (28 vitórias e quatro empates), o próximo desafio do novo campeão é garantir o título invicto na última jornada, justamente o clássico contra o Celtic – The Old Firm.

O Rangers encerrou um jejum de dez anos: as últimas conquistas na elite do futebol do país foram os títulos do Campeonato Escocês e da Taça da Liga Escocesa, ambos na temporada 2010/11, quando ainda se chamava Glasgow Rangers.

Refundado com novo nome, o Rangers iniciou o seu percurso na quarta divisão, vencida na temporada 2012/13. No ano seguinte, conquistou a terceira divisão. Dois anos depois, foi campeão da segunda divisão, na temporada 2015/16, retornando à primeira divisão. Em 2018, contratou Steven Gerrard, que iniciou aí mesmo a sua carreira de treinador, aos 38 anos.

O jornalista João Pedro Cordeiro, em entrevista ao JPN, referiu a boa organização do clube como o ponto fundamental que levou o histórico clube britânico a conquistar a sua 55ª. Liga em 121 edições: “Foi um percurso complicado e no qual o clube teve de aprender a lidar com os fantasmas do passado para ser mais forte no futuro. Antes de poder lutar contra os outros, e contra o Celtic em particular, o Rangers precisou de lutar contra si”, afirmou.

Steven Gerrard venceu pela primeira vez um campeonato nacional enquanto profissional do futebol. Não o conseguiu em 17 anos de Liverpool nem em dois de LA Galaxy, enquanto jogador. Isso não o impediu de construir uma equipa sólida e com o toque caraterístico de um técnico intenso, perseverante e motivador: “O que Gerrard tem mostrado como treinador é que consegue ser muito competente e de forma multidisciplinar. O facto de ser um grande motivador não é surpresa, claro, tendo em conta o que já se conhecia dele como jogador e dos imensos anos como capitão do Liverpool.”, contou João Pedro Cordeiro, ao JPN.

Um dos grandes méritos do Rangers tem sido o de aproveitar ao máximo os jogadores disponíveis. Não tendo um orçamento muito grande, o clube tem tido participações meritórias nas competições europeias. FC Porto, Benfica e Sp. Braga já sofreram percalços em jogos na Liga Europa frente aos Teddy Bears. Isto trará, no entender de João Pedro Cordeiro, mais cobiça aos melhores jogadores do plantel, sobretudo em ano de Europeu: “Não é de excluir uma debandada no próximo verão. O Rangers não é um clube que tenha neste momento capacidade para segurar os seus principais jogadores caso surjam boas propostas”, defendeu.