Agora nomeado como Batalha Centro de Cinema, três anos após o anúncio da obra de requalificação do antigo Cinema Batalha, a Câmara Municipal do Porto anunciou, esta segunda-feira, a sua inauguração para fevereiro de 2022.

A programação do cinema não se vai limitar à exibição de obras do cinema histórico e estreias do circuito comercial, mas procura, também, realizar a união disciplinar com outras artes, nomeadamente as visuais, através de projetos expositivos e performances.

A instituição ainda visa disseminar obras que não possuem canais de difusão em Portugal, avançar com programas anuais de continuidade, sessões especiais, com foco em artistas e cineastas contemporâneos nacionais e internacionais.

Iniciativas de apoio a investigação da história do cinema, apresentação de monografias e a realização de ciclos de debate, são algumas das estratégias apresentadas pelo Batalha Centro de Cinema, para garantir a criação de um espaço de discussão sobre temáticas de cunho cultural, político e filosófico, capaz de cooperar com o objetivo de estimular o conhecimento e pensamento crítico.

O diretor artístico Guilherme Blanc realça, ao JPN, este trabalho, como estando na primeira linha da inclusão social, através da garantia de acesso ao cinema e a criação de uma comunidade diversificada de amantes da sétima arte, com integrantes de diferentes culturas, demografias e identidades. O diretor artístico adianta que o Batalha vai apresentar alinhamento próprio, mas também estará aberto a acolher programação externa. O objetivo, segundo Guilherme Blanc, é estabelecer uma “relação forte com agentes de programação da cidade e não só”.

Quando questionado sobre os desafios de estar a frente do Batalha Centro de Cinema, sob o papel de diretor artístico, Guilherme Blanc destaca que o real desafio “será criar uma instituição aberta e participada, e ao mesmo tempo crítica a nível discursivo e desafiadora a nível intelectual junto a diferentes públicos“.

A proposta anteriormente feita pelo presidente da CM Porto, Rui Moreira, à Cinemateca Nacional, para a exibição de cinema de arquivo internacional, permanece negada. Quando questionado sobre a questão em entrevista ao JPN Guilherme Blanc afirma: “Espera-se, todavia, um diálogo aberto e produtivo com arquivos de cinema, o nacional e os internacionais, dependendo do programa em causa”.

O edifício histórico do cinema Batalha foi arrendado pela Câmara do Porto por um período de 25 anos, sob um investimento do município de, aproximadamente, 4 milhões de euros.

Após a sua remodelação, o espaço vai contar com duas salas de projeção, para exibição de formatos digitais e analógicos. A sala grande será composta por 341 lugares, enquanto a sala de estúdio terá 126 lugares. A renovação também vai incluir uma biblioteca de acervo documental sobre o cinema, uma área de 65 metros focada nas artes visuais e um bar equipado para a realização das exibições e performances.

Artigo editado por João Malheiro