A petição pública em defesa do “investimento na reabertura, requalificação e modernização de toda a Linha do Douro, até Barca d’ Alva”, que reuniu 13.888 assinaturas, e que teve como primeiros subscritores a Liga dos Amigos do Douro Património Mundial e a Fundação Museu do Douro, vai esta quinta-feira ser debatida no plenário da Assembleia da República. Os signatários pedem que o investimento em causa seja feito “em articulação com o Governo de Espanha e a Autonomia de Castela e Leão” para que haja uma ligação ferroviária até Salamanca.
A petição merece o apoio do PSD, BE, PCP, PAN e Os Verdes que apresentaram propostas com pontos em comum. Os cinco partidos defendem a modernização e eletrificação da Linha do Douro até ao Pocinho, a reabertura do troço até Barca d’ Alva, a requalificação do material circulante e que o Governo português entre em acordo com o Governo espanhol para a reabertura da ligação ferroviária do outro lado da fronteira até Salamanca.
Os votos a favor do BE, PSD, PCP, PAN e PEV não chegam para a aprovação das propostas. Mas duas abstenções poderão tornar possível a análise na especialidade.
O PSD refere que o Governo não colocou o assunto na agenda política nas últimas cimeiras luso-espanholas, o que constituiu uma “omissão política do Governo, porque contraria a retórica sobre o novo desígnio das regiões do Interior” e que o executivo “ignora as recomendações dos parlamentares portugueses e espanhóis”. A proposta menciona ainda um estudo feito pela Comissão Europeia que identificou 365 ligações ferroviárias transfronteiriças em toda a União Europeia e que foram selecionados 48 projetos com “potencial de reativação”, entre os quais se inclui a ligação entre o Pocinho e Salamanca.
O Bloco de Esquerda menciona que o desinvestimento do Governo na ferrovia tem contribuído para o abandono e despovoamento do interior. O partido de Catarina Martins defende que é “fundamental corrigir o atraso de décadas na requalificação desta linha fundamental para a região Norte” e que o desenvolvimento da linha férrea no Douro é “condição fundamental para propiciar uma maior mobilidade, coesão territorial e desenvolvimento económico naquela região”, diz a proposta.
O PCP critica também o governo pelo desinvestimento na ferrovia e refere que o encerramento da Linha do Douro e das “linhas que dela irradiavam são exemplos incontornáveis de uma política irresponsável de abandono do património ferroviário”. Os comunistas dizem, assim, ser necessário “inverter o abandono a que tem sido votada a linha do Douro na sua secção final, com novos horizontes de intervenção, rompendo com políticas erradas, apostando na modernização incluindo eletrificação de Pocinho a Barca de Alva e através da recuperação ou reativação de linhas ferroviárias afluentes à linha do Douro, designadamente as linhas do Tâmega e do Corgo”, acrescenta a proposta.
A proposta do PAN afirma que o encerramento da linha ferroviária internacional e a ligação entre Pocinho e Barca d’Alva originou um “crescente fosso entre regiões e um retrocesso no desenvolvimento desta zona do País”. O PAN recorda ainda que Nuno Freitas, presidente da CP, defende a reabertura da linha ferroviária até à fronteira.
Os Verdes referem que “a Linha do Douro vem a reassumir nova relevância, na região, tanto numa perspetiva histórica, como económica, com a classificação, em 2001, do Alto Douro Vinhateiro como Património da Humanidade, pela UNESCO”. O partido defende ainda “a reabilitação e reabertura dos ramais da Linha do Corgo e do Tâmega”.
A Linha do Douro estende-se por 191 quilómetros, de Ermesinde a Barca d´Alva. Em 1985, a ligação internacional foi encerrada e o lanço entre Pocinho e Barca d’Alva foi fechado em 1988.
Artigo editado por Filipa Silva