É o culminar de um longo braço de ferro entre o Partido Popular Europeu (PPE) e o Fidesz de Viktor Orbán. O partido do primeiro-ministro húngaro estava suspenso da estrutura partidária europeia – Orbán não participava nas reuniões com os restantes líderes do PPE -, mas os eurodeputados mantinham-se no grupo parlamentar, com plenas funções.

Na reunião desta quarta-feira, o grupo do PPE – que integra o PSD e o CDS-PP – aprovou por maioria qualificada (84,1% dos votos) as novas regras internas, “de forma a adaptá-las ao atual funcionamento do Grupo, nomeadamente para permitir um bom funcionamento à distância“.

O Fidesz sai, depois do voto, que mexeu nas regras internas da bancada parlamentar. O novo regulamento permite espelhar as decisões tomadas pelo Partido Popular Europeu, ou seja, torna possível a suspensão ou mesmo expulsão de uma delegação. A demissão dos deputados do partido húngaro foi feita por carta, dirigida ao líder do grupo parlamentar, depois de uma maioria dos eurodeputados do PPE ter decidido suspender os membros do Fidesz.

Ainda a reunião do grupo parlamentar decorria, quando o líder parlamentar, Manfred Weber, anunciou que, na sequência da adoção do novo regulamento interno, o primeiro-ministro húngaro lhe comunicou a saída do Fidesz do PPE. Na carta dirigida a Weber, Orbán considerou que as alterações ao regulamento interno do PPE são “claramente uma jogada hostil contra o Fidesz“, e que deixa o grupo imediatamente.

A vice-presidente do partido partilhou a carta no Twitter. Katalin Novák assegurou que o Fidesz não permitirá que os seus deputados “sejam silenciados ou limitados na sua capacidade de representar os eleitores” e aponta as novas regras decididas pelo PPE como a razão da saída.

Os nossos deputados vão continuar a falar em nome dos que representa, os seus eleitores, defendendo os interesses do povo húngaro”, assegura Orbán, nessa mesma carta.

O mal-estar entre o Fidesz e o grupo parlamentar devia-se a posições assumidas pelo partido, consideradas antieuropeias, e medidas, ao nível governamental, julgadas atentatórias aos direitos fundamentais, o que levava muitos membros do PPE a pedirem a sua exclusão.

A União Europeia criticou Orbán por colocar tribunais, média, académicos e organizações não governamentais sob controle governamental mais rígido. Orbán negou as críticas, sem mudar de rumo.

“Congratulo-me com a saída há muito esperada de Fidesz e Viktor Orbán da política europeia dominante”, disse Dacian Ciolos, chefe do grupo liberal no Parlamento Europeu. “Não há espaço para o populismo tóxico do Fidesz na corrente política europeia“.

O PPE é a maior bancada parlamentar o Parlamento Europeu, com 187 membros. Perde agora 12 eurodeputados. Continua com mais deputados que o segundo maior grupo, o dos Socialistas & Democratas (145).

Artigo editado por João Malheiro