Segundo a lista atualizada de suspensões da Union Cycliste Internacionale (UCI), atualizada hoje, Raul Alarcón, ciclista espanhol da W52-FC Porto, foi oficialmente suspenso durante quatro anos, por “uso de métodos e/ou substâncias proibidas” e com diversos resultados desportivos anulados.

O vencedor da Volta a Portugal de 2017 e 2018 estava provisoriamente suspenso desde 21 de outubro de 2019, quando a UCI atualizou a lista de suspensões com o nome do ciclista da W52- FC Porto, não mencionando qual foi a substância que levou à suspensão do bicampeão da Volta a Portugal.

Com a mais recente atualização da lista de suspensões da UCI, está confirmada a punição da organização para o campeão, desqualificando o atleta de todas as competições que participou entre 28 de julho de 2015 e 21 de outubro de 2019. Isto implica, por sua vez, que Raul Alarcón perde as duas vitórias na Volta a Portugal.

Até 20 de outubro de 2023, o ciclista de 34 anos está impedido de competir e vê assim retiradas todas as conquistas nacionais e internacionais da melhor fase da sua carreira.

Depois de Marco Chagas (1979), Joaquim Agostinho (1969 e 1973), Fernando Mendes (1978) e Nuno Ribeiro (2009), Raúl Alarcón torna-se no quinto ciclista a perder o triunfo na Volta a Portugal por doping.

Em declarações à Agência Lusa, Delmino Pereira, presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, reagiu à suspensão, referindo que “são sempre notícias negativas, mas também faz parte de um processo que o ciclismo tem vindo a sofrer nos últimos anos de credibilização, e que agora demonstra que o sistema funciona”.

Jóni Brandão, atual ciclista da W52-FC Porto e segundo classificado da Volta a Portugal de 2018, revela, ao jornal O Jogo, que não festejou a promoção para o primeiro lugar, afirmando que continua ”sem saber o que é ganhar uma Volta a Portugal”.

Em 2019, aquando da sua suspensão, Raul Alarcón usou a rede social Facebook para expressar a sua inocência, afirmando que tinha em seu poder “pareceres médicos absolutamente concludentes no sentido de que não existiu nenhuma violação” às normas de antidopagem.

De promessa a confirmação em Portugal

A carreira profissional de Raul Alarcón teve o seu início na Saunier Duval, em 2007, uma das grandes equipas do pelotão internacional, composta por ciclistas experientes como Gilberto Simoni, Leonardo Piepoli e Iban Mayo e jovens promessas como Juan Cobo e Riccardo Riccò.

Depois de alguns anos no estrangeiro, a aventura do ciclista espanhol por Portugal começou em 2011, ao serviço da Barbot-Efapel, com passagem pelo Louletano – Dunas Douradas a partir de 2013, onde obteve a sua primeira vitória como professional na 7ªetapa da Volta a Portugal desse ano, com chegada a Gouveia.

Inicialmente mais conhecido pelas chegadas ao “sprint”, Alarcón foi desenvolvendo capacidades na alta montanha e no contrarrelógio, especialmente após a sua chegada à W52- Quinta da Lixa no ano de 2015.

No ano de 2017, quando a equipa já era conhecida como W52- FC Porto, Raúl Alarcón tem o seu melhor ano da carreira, com a conquista da Volta a Portugal e da Volta às Astúrias, em Espanha.

Ao JPN, Frederico Bártolo, jornalista do jornal O Jogo, diz que “em 2017, Alarcón era o ciclista mais temido no ciclismo nacional” e a vitória na Volta as Astúrias sobre ciclistas de topo como Nairo Quintana “foi simplesmente soberbo”.

No ano seguinte, Alárcon voltaria a sair vencedor da Volta a Portugal em Bicicleta, dominando a competição do início ao fim, com três vitórias de etapa, acrescentando também a conquista da camisola da montanha.

Em 2019, viu-se impedido de participar na Volta a Portugal, após uma queda no Grande Prémio Abimota, em junho desse ano.

No dia 22 de outubro de 2023, Alarcón poderá, aos 37 anos de idade, regressar ao ciclismo. “Tudo vai depender da vontade do Raúl, porque estar quatro anos sem competir é muito difícil”, diz Frederico Bártolo. Até lá só existe a certeza de que 11 das 12 vitórias  de Raúl Alarcón ficam apagadas do seu currículo.

Artigo editado por João Malheiro