O RONDA Leiria Poetry Festival aposta numa edição internacional, que envolve mais de 40 países. O evento, que decorre entre os dias 12 e 21 de março, conta com mais de 200 convidados e 65 horas de programação. Totalmente “centrado na beleza e potência da linguagem poética,” o festival organizado pela Câmara Municipal de Leiria, Leiria Cidade Criativa da Música UNESCO e a Livraria Arquivo, marca presença nas plataformas online e abre portas ao mundo.

O desafio lançado à Rede das Cidades Criativas UNESCO, em parceria com alguns festivais e instituições internacionais, como é o exemplo do Festival de Poesia de Medellin, foi prontamente aceite. Celeste Afonso, curadora e coordenadora do RONDA Poetry Festival, afirmou ao JPN que nunca pensou que o evento “fosse ganhar esta dimensão” e o que está acontecer neste momento “ultrapassou muito aquilo que se poderia expectar”.

Nasceu em 2015 e, agora reinventado, o antigo Ronda Poética apresenta entrevistas, conferências, debates, workshops, vídeo-poemas, espetáculos musicais e performances poéticas. Este é o convite para dez dias de poesia, na sua primeira edição internacional, que está de mãos dadas com a música.

Tornar o festival de referência em Portugal é uma das ambições. Numa altura em que o mundo se encontra confinado e a ritmos diferentes, a versão online “fez com que muita gente quisesse participar e não tivesse tido a oportunidade, porque não tinham como juntar os poetas e pensadores”, disse a coordenadora. A mistura entre a pandemia e o online trouxe “algo que é inédito neste festival”, uma vez que os parceiros apresentam-se da sua cidade, houve uma ” preocupação de trazer o mundo para Leiria e de devolver o mundo a partir de Leiria”, acrescentou.

Nos dez dias de programação, o festival leiriense passará por 40 países da Europa, América, Africa e Ásia, numa verdadeira babel poética. Entre os presentes lusófonos estará presente Cláudia Almeida, jornalista da RTP, como entrevistadora, e autores como Ana Luísa Amaral, Luís Tinoco José Luís Peixoto. Rita Redshoes dará musicalidade aos poemas de Francisco Rodrigues Lobo, um poeta de Leiria, que morreu há 400 anos (1574-1621).

Entre os participantes internacionais marcam presença o norte-americano Jack Hirschman, o francês Gilles Lipovetsky e a brasileira Marilia Garcia.  Tyehimba Jess (EUA), premiado com o Prémio Pulitzer, também é um dos convidados.  Poetas de países como Colômbia, Equador, México, Guatemala, Sérvia, Roménia, Filipinas, Turquia, Tunísia ou Quénia, que são pouco presentes nos eventos literários portugueses, também dão a conhecer a sua poesia.

O festival terá tradução em simultâneo para português das mesas e das entrevistas. No entanto, para Celeste Afonso, há uma afirmação do festival, “nós quisemos assumir a língua original dos poetas e a poesia na sua língua original”, e haverá performances poéticas ou video-poemas, em que “vamos assumir a sua língua original”. A coordenadora acrescentou ainda que estão “a assumir esta ideia de uma babel poética, não em que nos deixamos de entender”. mas em que há uma “compreensão comum que vem do ritmo e  da  capacidade de percebermos sentimentos independentemente de percebermos, ou não, a linguagem que está por trás”.

A intenção do festival é manter a sua internacionalização e passa de bienal para anual. O virtual será marca presente, algo que veio para ficar com a pandemia, mas em 2022 a grande aposta é na presença da maior parte dos convidados. A coordenação do festival adiantou ainda ao JPN que concursos virados para as escolas e educação com prémio são hipóteses colocadas em cima mesa.

Com o mundo a atravessar uma pandemia que afeta a vida de todos, a poesia é mais do que uma escape , é “um alimento para a alma”. Para a curadora é urgente alimentarmo-nos de música e de poesia, porque “é uma forma de libertação” e quando se junta as duas torna-se “uma reflexão, uma forma de nos situarmos no mundo”, rematou .

Conhece toda a programação no site oficial do festival.

Artigo editado por João Malheiro