Depois da vitória por 2-1, no Estádio do Dragão, no encontro da primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões, Futebol Clube do Porto e a Juventus FC entraram de novo em campo, esta terça-feira, em Turim, para tentarem assegurar o seu lugar na próxima fase da prova milionária. Numa exibição de enorme competência, no primeiro tempo, e de enorme sacrifício e espírito de superação, após a expulsão de Mehdi Taremi, os “azuis e brancos” saíram derrotados por 3-2, mas seguem para os quartos de final, graças ao desempate pelos golos marcados fora de casa.

Em relação à vitória frente ao Gil Vicente, no sábado, Sérgio Conceição, técnico dos “dragões”, operou duas alterações no onze inicial. Zaidu voltou a assumir a posição de lateral-esquerdo, por troca com Nanú e Mbemba, recuperado de lesão, regressou ao centro da defesa, onde tinha jogado Diogo Leite. Graças às recuperações de Pepe e Jesús Corona, que saíram tocados do jogo do fim de semana, os portistas puderam apresentar a mesma equipa que surpreendeu o colosso europeu na primeira mão.

Por sua vez, Andrea Pirlo, treinador da Vecchia Signora, fez várias mudanças no onze inicial que bateu, no Juventus Stadium, a rival Lazio por 3-1, no seu último encontro oficial. Na defesa, Bonucci voltou à titularidade, com Alex Sandro, que tinha sido central no sábado, a regressar ao lado esquerdo e Danilo a cair das opções. Já o médio Arthur e Cristiano Ronaldo renderam Bernadeschi e Kulusevski. Em relação à derrota no Dragão, saíram também das escolhas do técnico italiano de Ligt, Chiellini, McKennie e Betancur, enquanto Morata foi lançado para frente de ataque.

Competência máxima

Foi animado o início do encontro no Juventus Stadium e os primeiros minutos trouxeram vários remates por parte das duas equipas. Primeiro foi Matheus Uribe, médio colombiano dos FC Porto, a rematar ao lado de fora da área. Depois foi Morata a obrigar Marchesín a uma primeira defesa, após um cruzamento exímio de Cuadrado, o extremo transformado em lateral nas últimas temporadas.

Apesar de mais bola e iniciativa da formação italiana, os “dragões” mostravam-se confortáveis nas transições e chegavam com vários jogadores à área adversária. Numa dessas situações, Zaidu cruzou atrasado para Taremi que viu o seu primeiro remate ser bloqueado e a recarga sair à barra.

Os minutos seguiram-se com mais tentativas da duas equipas até que, pouco depois dos 15 minutos, nova transição rápida do FC Porto terminou com Demiral a cometer falta sobre o avançado iraniano dentro de área. Sérgio Oliveira não tremeu na cobrança da grande penalidade e colocou os “azuis e brancos” a vencer por 1-0.

O golo coroava uma entrada personalizada dos comandados de Sérgio Conceição, que continuaram a conseguir várias saídas perigosas para o ataque. Corona e Otávio obrigaram Szczesny a um bom par de defesas. Do outro lado, uma má leitura de Manafá a um cruzamento deixou Morata na cara do guardião argentino, mas Marchesín voltou a superiorizar-se.

Com uma linha de seis defesas nos momentos sem bola – Corona e Otávio recuavam muitas vezes para as laterais defensivas e ajudavam Manafá e Zaidu -, a Juventus FC tinha muitas dificuldades em desequilibrar o bloco defensivo dos “dragões”. Os cruzamentos eram muitos, mas Mbemba e Pepe mostravam-se quase sempre imperiais no jogo aéreo.

Antes do intervalo, destaque para mais uma defesa apertada de Szczesny a remate de Sérgio Oliveira. 1-0 era o resultado no final dos primeiros 45 minutos, com uma exibição a roçar a perfeição tática dos portistas que foram sempre a equipa mais perigosa e anularam por completo a Vecchia Signora.

15 minutos bastaram para deixar fugir a vantagem

A precisar de dois golos para, no mínimo, empatar a eliminatória, a equipa orientada por Pirlo entrou a impor um ritmo alto no segundo tempo e não demorou a relançar as contas do apuramento para os quartos de final. Ronaldo foi lançado na profundidade e fez um passe atrasado para Chiesa que, tal como na primeira mão, fez o primeiro golo da Juventus FC, através de um remate ao ângulo sem hipótese para Marchesín. 1-1 aos 49 minutos.

Claramente desconcentrada neste arranque da segunda parte, a situação piorou para os “azuis e brancos” aos 52 minutos, quando Taremi viu um segundo amarelo e foi expulso por pontapear uma bola após o apito do árbitro, depois de ter visto o primeiro cartão uns minutos antes por falta sobre Chiesa.

O inevitável atacante italiano voltaria a colocar a defesa portista em sobressalto, ao aproveitar o espaço nas costas de Corona para se isolar, passar por Marchesín e, já em desequilíbrio e pressionado por Pepe, enviar a bola a poste. Foi um aviso para o que acabaria por acontecer pouco depois.

Numa altura de maior aperto do campeão italiano, e já com Sarr a render Otávio no FC Porto, Cuadrado conseguiu um novo cruzamento milimétrico para Chiesa bisar e empatar a eliminatória, quando ainda faltavam 25 minutos para jogar. Com esta assistência, o colombiano cimentou o estatuto de rei das assistências na prova.

Depois do 2-1, o ritmo de jogo baixou, os “dragões” conseguiram reentrar na partida e estancar o ímpeto de uma Juventus FC ciente de que um golo dos “azuis e brancos” a obrigaria a ter de marcar dois golos para dar a volta.

Por isso, a partida desenrolou-se sem grandes momentos de nota até ao final do tempo regulamentar. Chiesa – sempre ele – e Marega ainda tentaram a sua sorte, mas a última grande oportunidade seria de Cuadrado que, depois de tirar Sarr da frente, fez um excelente remate em arco à barra da baliza defendida por Marchesín. 2-1 no final dos 90 minutos e decisões adiadas para o prolongamento.

Um final épico

Com as duas formações já a acusarem o desgaste físico, a primeira parte do prolongamento não teve praticamente lances de perigo. O jogo tornou-se demasiado quezilento, com várias faltas e poucas aproximações à baliza. Mesmo reduzido a dez elementos, a melhor oportunidade acabou por ser do FC Porto. Corona rodou sobre o adversário dentro de área, cruzou, mas o cabeceamento de Marega saiu fraco e à figura.

Tal como no tempo regulamentar, a Juventus FC começou a segunda parte do prolongamento com maior intensidade e voltou a colocar em evidência a enorme exibição da dupla de centrais portistas. Contudo, o momento da noite surgiria na outra baliza. Na sequência de um livre direto que ele próprio conquistou, após um túnel delicioso sobre McKennie, Sérgio Oliveira rematou forte e rasteiro a mais de 25 metros da baliza para colocar o resultado em 2-2.

Mas mais do que empate na partida, era o impacto do golo na eliminatória que mais importava. A Juventus FC precisava agora de dois golos para não ser eliminada, pelo segundo ano consecutivo, nos oitavos de final da prova milionária. Para aumentar o sofrimentos dos adeptos do FC Porto para os momentos finais da partida, Rabiot apressou-se a fazer o 3-2 e colocar de novo a equipa italiana a um golo dos quartos de final.

Esse golo não surgiu e, até final, a defesa “azul e branca” manteve-se sólida a afastar os sucessivos cruzamentos da Juventus FC. 3-2 foi o resultado final da partida e 4-4 o marcador somado das duas mãos. Graças aos dois golos em Turim, o FC Porto está de regresso a uns quartos de final da Liga dos Campeões e faz tombar um dos colossos europeus, que agudiza assim a crise de resultados que vai vivendo. Esta é a quinta vez que os “dragões” chegam a esta fase da prova no seu atual formato.

“Fomos uma verdadeira equipa”

No final da partida, Sérgio Conceição atribuiu o mérito aos seus jogadores, ao afirmar que “interpretaram da melhor forma aquilo que queríamos para o jogo” e descrevendo-os como “bravos”. Afirmou também que o FC Porto foi “uma verdadeira equipa”, uma equipa completa tanto no plano ofensivo como defensivo que, após a expulsão, foi “buscar aquilo que é o ADN do FC Porto”, isto é, a ambição e o nunca deixar de acreditar.

Embora reconheça que nunca se prepara uma equipa para ficar reduzida a dez jogadores, explicou que sua formação preparou-se “para sofrer e para criar dificuldades à Juventus” e realçou que, para além do espírito de sacrifício, é preciso inteligência para perceber a forma como adversário está a explorar a superioridade numérica. Destacou que a equipa foi capaz de criar oportunidades, mesmo depois da expulsão, antes de classificar a exibição como “fantástica”.

Num gesto de fair-play após o encontro, a Juventus FC recorreu às redes sociais para congratular o FC Porto pela passagem aos quartos de final da Liga dos Campeões.

Os “dragões” volta a entrar em campo no domingo, 14 de março, com uma receção ao Paços de Ferreira FC, num encontro da 23ª. jornada do campeonato. No mesmo dia, a Juventus FC visita o terreno do Cagliari, em partida da 27ª. ronda da liga italiana.

Artigo editado por João Malheiro