A quarta edição da Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Gaia já tem data. As exposições vão decorrer entre o dia 17 de abril e o dia 20 julho na antiga Companhia de Fiação de Crestuma, em Lever, ocupando um espaço de 6 mil metros quadrados.

A edição de 2021 é a maior até hoje e conta com 13 exposições de mais de 500 artistas de 17 nacionalidades. Definida como uma bienal de causas, Agostinho Santos, diretor da iniciativa, reforça em entrevista ao JPN que o evento “faz uma proposta aos artistas para abordarem a forma da pintura, da escultura, da cerâmica, da fotografia em temas de intervenção social.”

“A bienal surge num momento oportuno e convida a reflexão de temas que normalmente não são muito abordados pelos artistas”

Apesar do evento estar concentrado em Vila Nova de Gaia e atendendo a uma das propostas da bienal de implementar e levar a arte para fora dos limites do concelho de Gaia, também serão realizadas exposições em oito pólos: Alfândega da Fé, Esposende, Funchal, Gondomar, Monção, Santa Marta de Penaguião, Viana do Castelo e Vila Flor.

A ação realizada nos municípios pretende garantir a integração e divulgação das obras de artistas de Gaia e dos próprios municípios em que as exposições também serão realizadas, apesar de decorrerem em menor escala. Agostinho reforça que “é de facto a maior Bienal que fizemos em termos de espaço, número de obras e número de artistas, mas é também com o objetivo de permitir que o público que vá la possa ver com toda a segurança”.

Outras particularidades são as escolhas do local. “Fazia sentido levarmos arte a um sítio que não é o centro de Gaia, contribuir para a decentralização e ao mesmo tempo ocupar aquele espaço que é um sítio histórico, tem uma componente social muito importante que se enquadra perfeitamente nos nossos objetivos”, diz o diretor da Bienal.

Um dos destaques da Bienal Internacional de Arte é a exposição intitulada “Novos Orientes”, sob a curadoria de Manuel Novaes Cabral, composta por fotografias e maquetes do projeto de Álvaro Siza Vieira e Carlos Castanheira que recentemente conquistou o Prémio Archdaily, na categoria Cultural Architecture Building of the Year 2021.

As temáticas que envolvem a exposição transitam entre a pandemia do coronavírus e as problemáticas sociais: “Questões por exemplo da violência doméstica, os sem abrigo, da corrupção da guerra e da paz, a questão dos refugiados, enfim, uma série de temas que não são habituais e não surgem em muitas exposições, mas que nós desafiamos”, refere Agostinho.

O pintor Albuquerque Mendes e o escultor Paulo Neves são os artistas homenageados em 2021. A edição também vai contar com exposições de artistas menos conhecidos de modo a “proporcionar sobretudo os mais jovens que não tem sitio onde expor, um diálogo entre os mais conhecidos e os menos conhecidos”, referiu o diretor da Bienal.

“Esta bienal congrega os maiores artistas portugueses e alguns significativos estrangeiros e é sobretudo um grande contributo para o desenvolvimento da arte em Portugal.”

Agostinho Santos aponta que, para além das exposições, a programação vai contar com atividades a nível de debates e serão montados ateliês “precisamente para demonstrar a capacidade artística dos nossos artistas”. Será, ainda, realizada a entrega de três prémios de arte provenientes da Câmara Municipal de Gaia, Câmara Municipal de Gondomar e o prêmio de águas de Gaia, direcionados aos artistas de maior destaque.

Organizada pela Cooperativa de Artistas de Gaia na qual Agostinho é presidente, a Bienal Internacional de Arte detém do apoio da Câmara Municipal de Gaia desde 2015. Em 2021, pela primeira vez, recebe o apoio do Ministério da Cultura e da Direção Geral de Artes, uma conquista que além de ser compreendida com satisfação é entendida “como um reconhecimento da obra que temos feito até aqui.” enumera o organizador.

Apesar de ser a mais jovem Bienal do país, quando questionado sobre os desafios desta empreitada, Agostinho afirma que “os desafios são muitos porque somos novos e como somos novos não há uma história, mas temos uma grande vantagem: nós vimos de um município onde por natureza é uma terra de artistas, os maiores artistas do país são de lá, há uma tradição muito forte a nível das artes”.

Artigo editado por João Malheiro