Depois de estar reunido com o Conselho de Ministros, o primeiro-ministro António Costa anunciou ontem ao país, o plano de “reabertura progressiva da sociedade portuguesa”. O desconfinamento será um “progresso gradual”, que está sujeito a uma reavaliação quinzenal “de acordo com a avaliação de risco”. 

Livrarias e bibliotecas podem abrir já na próxima segunda-feira, dia 15 de março. Depois da Páscoa, a 5 de abril, é a vez de museus, monumentos, galerias de arte e similares. Por último, a 19 de abril, cinemas, teatros, salas de espetáculos podem receber público.

As medidas anunciadas pelo primeiro-ministro podem sofrer recuos, se o número de infetados ultrapasse os 120 por cada cem mil habitantes em 14 dias, ou se o nível de transmissibilidade ultrapasse o 1. De momento, o R(t) é de 0,78.

O setor da cultura, que tem sido fortemente afetado pelas medidas de confinamento de combate à Covid-19, há muito tempo que espera mais e melhores apoios. Rui Galveias, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores de Espectáculos, do Audiovisual e dos Músicos (CENA-STE), afirmou ao JPN que a grande preocupação não são as medidas de desconfinamento, mas sim os apoios direcionados às entidades e trabalhadores do setor da cultura, relembrando que estes sempre “foram insuficientes”.

O coordenador do sindicato avança que, em relação às medidas de desconfinamento, estas devem ser prontamente respeitadas e entende que a cultura é um lugar seguro e que “os espetáculo, que foram sendo feitos em tempo de pandemia, foram respeitando todas as normas e condições de segurança”.

Hoje o Ministério da Cultura, juntamente com o Ministério da Economia, anunciará as novas medidas de apoio à comunidade da cultura e das arte . O coordenador do CENA-STE recorda que os apoios têm sido “sempre pouco abrangentes e chegam sempre com atraso”, Rui Galveias, salienta ainda que as medidas são “desligadas da realidade e muito pouco emergentes”.

Américo Santos, responsável pelo Cinema Trindade e fundador da distribuidora Nitrato Filmes, garante que já está preparado para reabrir a conhecida sala portuense e que cumprirá todas as medidas de higiene, uma vez que é uma realidade que vigorará enquanto houver pandemia e “os cinemas estão preparados para trabalhar nessas condições”, nomeadamente, com uma lotação máxima até 50%.

O responsável acredita que o governo vai fazer um esforço para compensar todas as pessoas e estruturas que ficaram paralisadas pela pandemia. Ao JPN disse que acredita que estas medidas “são de certo modo para compensar as pessoas que viram o seu rendimento diminuído”.

Cinema Trindade celebra aniversário atrasado e com antestreia 

Era entre os dias 5 e 16 de fevereiro que o Cinema Trindade celebraria o seu quarto aniversário, com uma programação especial, que se viu obrigado a adiar pelo encerramento do país.

Para esta reabertura, a 19 de abril, Américo Santos adiantou ao JPN que irá “transpor parte dessa programação” que estará concentrada entre 19 e 30 de abril. O filme de reabertura fica ao encargo da realizadora portuguesa Catarina Vasconcelos, com a sua primeira longa-metragem: “A Metamorfose dos Pássaros“. O filme que só estreia a 23 de setembro, vai marcar assim o regresso do Trindade.

O fundador da Nitrato Filmes, realçou que privilegia o cinema português, neste tipo de acontecimentos e acha que o filme vai “marcar a época e o ano cinematográfico”, rematou.

Artigo editado por João Malheiro