Os projetos de resolução do BE, PAN, PSD, PCP e PEV que recomendam ao Governo a modernização e eletrificação da Linha do Douro – que liga Ermesinde ao Pocinho – e a reabertura do troço Pocinho-Barca d’Alva foram aprovados, esta quinta-feira, no Parlamento, por unanimidade.

Os deputados da Assembleia da República mostraram-se de acordo sobre a necessidade de modernização e eletrificação da Linha do Douro até ao Pocinho, da reabertura do troço até Barca de Alva (que se encontra encerrado desde 1988), da requalificação do material circulante e da eletrificação da linha para lá do Marco de Canaveses.

Luis Leite Ramos, do PSD, referiu a importância desta ferrovia que une quatro locais considerados Património Mundial pela UNESCO (Porto, Guimarães, Douro Vinhateiro e Foz Côa) e que é uma ligação importante no transporte de mercadorias e de ligação ao Porto de Leixões. Lembrou os estudos feitos sobre a ferrovia que têm sido “ignorados pelo Governo”, incluindo o estudo das Infraestruturas de Portugal que “desmistifica a alegada inadequação de composições pesadas de mercadorias”.

O deputado social-democrata concluiu a sua intervenção apontando a culpa para a atual direção da Infraestruturas de Portugal dizendo que é o “maior inimigo da requalificação e abertura desta ferrovia”.  

Santinho Pacheco, do PS, relembrou um encontro em Barca d’Alva em 2007, 20 anos após o encerramento da linha, na qual participaram “autarcas, políticos, presidentes da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte” e que “saíram [do encontro] não só com a ambição, mas também com a certeza de que a reabertura seria uma realidade. Passaram 14 anos e nada.”

O deputado socialista, mencionando a ligação até Salamanca, referiu ainda que “o investimento do lado espanhol é bem maior do que o português. O problema não é bilateral. É exclusivamente português” e, por isso, Portugal não deve esperar interesse na reabertura por parte de Espanha, mas avançar já com a ligação até Barca de Alva, porque “o interior não tem mais tempo para ilusões” e “a reabertura da linha do douro justifica-se pela economia”, concluiu.

Bruno Dias, do PCP, leu um discurso do então deputado comunista Agostinho Lopes sobre a Linha do Douro, em 1991, para mostrar que trinta anos depois nada mudou.  O comunista criticou os governos anteriores pelo encerramento de várias ferrovias e respondeu ao argumento do atual governo de que não faz nada porque “Espanha não quer saber e nada fará”, questionando: “desde quando é que o investimento na linha do Douro só se faz se tiver ligação a Espanha?”

Apelou ainda ao Governo que faça contactos diplomáticos e oficiais porque “o valor do investimento” na reabertura da ferrovia do Douro justifica-se pelo minério de Moncorvo e pelo “potencial turístico do corredor ferroviário”, rematou.

Depois de aprovados em plenário, os diplomas baixam à Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação para serem analisados na especialidade.

Artigo editado por Filipa Silva