Foi lançado, no dia 4 de março, o Observatório Europeu para o Clima e a Saúde. Este observatório resulta de uma parceria entre a Comissão Europeia, a Agência Europeia do Ambiente e várias organizações europeias. Este organismo pretende melhorar a perceção e compreensão dos riscos para a saúde que decorrem das alterações climáticas. Quer ajudar também a antecipar e a limitar as ameaças à saúde do ser humano.
O Observatório surge no âmbito da adoção, por parte da Comissão Europeia, da nova Estratégia da União Europeia (UE) para a Adaptação às Alterações Climáticas. Peter Löffler, membro da Direção-Geral da Ação Climática (DG Clima), explica, em respostas por escrito enviadas ao JPN, que o principal objetivo da plataforma é dotar “todos os elementos relevantes da saúde pública, desde os decisores políticos até aos profissionais, com melhores conhecimentos e soluções para enfrentar os desafios de saúde das alterações climáticas”.
Deste modo, o Observatório, segundo Peter Löffler, “vai ajudar a mantermo-nos saudáveis num clima em mudança”, ao “reunir todos os trabalhos, experiência e dados relevantes numa plataforma multidisciplinar”.
A versão piloto, que podemos consultar neste momento, concentra-se nos recursos já existentes de várias entidades. No entanto, para o futuro, prevê-se que o Observatório vá desenvolver novos produtos e adicionar mais recursos.
Até ao momento, o Observatório tem disponível uma publicação, contudo, a plataforma pretende, no futuro, publicar um relatório anual a respeito da saúde e do clima. O briefing debruça-se sobre os impactos na saúde originados pelas alterações climáticas e identifica oportunidades para reduzir os problemas de saúde relacionados com os riscos associados ao clima.
De acordo com o membro da DG Clima, o Observatório conta, neste momento, com “dados, informação e recursos sobre alterações climáticas e saúde em Portugal”. Como se trata de uma plataforma aberta, acolhe “todos os novos parceiros que estão preparados para fazer uma substancial e proativa contribuição para os seus objetivos”, sendo que conta também com informações de organizações sediadas em Portugal.
Filipe Duarte Santos, especialista em alterações climáticas, considera, ao JPN, que este observatório é “oportuno” e “uma iniciativa muito importante para todos os europeus”, uma vez que, na sua opinião, “chama a atenção para a ligação que existe entre a saúde publica e as alterações climáticas”.
De acordo com o especialista, as alterações climáticas estão a ter um grande impacto na saúde dos seres humanos, especialmente devido às ondas de calor que afetam, na sua maioria, as pessoas com mais idade e as pessoas com doenças cardiovasculares. O físico alerta, também, para os fogos florestais, dando o exemplo dos que assolaram Portugal em 2017, que são cada vez mais frequentes devido ao clima seco e às altas temperaturas.
No entanto, o especialista português realça que também os impactos indiretos são importantes para a saúde, como os que se relacionam com a água. Atualmente, no território nacional, a quantidade de precipitação diminuiu e, consequentemente, há escassez de água, o que prejudica, por exemplo, a agricultura. Mas todos estes impactos geram outros efeitos, nomeadamente nos alimentos, na qualidade da água e na transmissão de doenças. Desta forma, Filipe Duarte Santos realça que este observatório “pode levar também as pessoas a ter em atenção a necessidade de controlar este problema das alterações climáticas”.
O Observatório Europeu para o Clima e a Saúde pode ser encontrado na Plataforma Europeia para a Adaptação Climática.
Artigo editado por Filipa Silva