Com orgulho e entusiasmo, mas de forma cautelosa pelas circunstâncias pandémicas atuais, a organização do festival Basqueiral anunciou a primeira fase do evento, a Basqueirart. Entre o dia 19 de junho e 22 de agosto, em parceria com o Museu de Lamas, a exposição do fotojornalista de Mário Cruz, “Living Among What’s Left Behind” estará de portas abertas para os visitantes.

A exposição fotográfica, premiada pela World Press Photo em 2019, na categoria Ambiente, reúne fotografias captadas pelo jornalista, numa viagem de um mês nas Filipinas. Tratam-se de retratos de comunidades localizadas ao longo do rio Pasig, declarado biologicamente morto na década de 1990 e que testemunha uma grande poluição ambiental. A sessão fotográfica já passou por algumas cidades europeias como Roma e Bruxelas.

Fotografia: Mário Cruz

A temática ambiental e a sustentabilidade serão o fio condutor do festival e será “uma forma de alertar a consciência das pessoas para questões sociais, incontornáveis do nosso tempo”, afirmou ao JPN, Rui Canastro, fundador e organizador do festival. O orgulho de trazer esta “exposição incrível” a Santa Maria de Lamas é notório, porque “é preciso perceber que se trata de uma vila descentralizada e acho que é um grande feito tê-la cá”acrescentou.

Nas edições passadas, os eventos aconteciam num fim-de-semana, formato que foi obrigado a ser repensado devido às restrições decretadas pelo governo. Este ano o organizador conta que há a intenção de distribuir o evento até dezembro, “consoante a evolução da pandemia“, contando com uma segunda parte no último trimestre de 2021. A distribuição permite apostar na ramificação do evento, o que até então “era mais modesto”. Para além das exposições, o Basqueirart conta ainda com exibição de filmes, arte urbana, intervenções no mobiliário urbano, entre outras manifestações artísticas.

Apesar do Basqueirart contar com concertos num registo mais modesto e intimista, se a pandemia evoluir positivamente, “o encerramento já poderá ter concertos nos moldes do passado”, contou Rui Canastro.  O organizador adiantou ainda ao JPN que, apesar de algumas ideias não terem sido ainda anunciadas, “quiçá no último trimestre” o evento regresse num formato fora de recintos abertos, “excecionalmente este ano”, rematou.

O cartaz do festival ainda não está totalmente fechado, mas para a Rui Canastro é importante manter parte da programação da edição anterior, “por uma questão de compromisso e dar um sinal aos artistas que estamos com eles”. Tal como nos anos anteriores, as bandas serão maioritariamente nacionais, mas os projetos internacionais são um porta aberta.

Num momento bastante complicado para o setor da cultura, o fundador prevê que 2021 seja um bom ano, pois o Basqueiral irá fazer-se ouvir mais ao longo tempo. “Este túnel obscuro para a cultura está a chegar ao final e a luz vai aumentado conforme nos aproximamos do final“, frisou Rui Canastro.

Open Call ao Museu, apoio à criação

Na edição de 2021, o Basqueiral apresenta uma novidade. Uma chamada aberta, até 15 de abril, a todos os artistas, independente da idade e localidade, atribui duas residências artísticas no âmbito da programação cultural do Basqueirart. Os candidatos são desafiados a intervir em dois espaços do Museu de Lamas, com duas instalações efémeras. No regulamento pode ler-se que “privilegiar-se-á as propostas que utilizem lixo limpo e não orgânico como matéria prima principal“.

Todas as informações e atualizações estarão disponíveis nas redes sociais e no site oficial do Basqueiral.

Artigo editado por João Malheiro