Obra deverá custar 50 milhões de euros e só deve arrancar em 2023. Nova ponte não terá pilares no rio e deve ser mais alta que a da Arrábida. A cerimónia de lançamento do concurso serviu também para apresentar as obras das linhas Rosa e Amarela.

O concurso internacional para a nova ponte sobre o rio Douro, que vai ligar o Campo Alegre, no Porto, à VL8, junto ao Arrábida Shopping, em Vila Nova de Gaia, foi apresentado na manhã desta terça-feira (16), nos Jardins do Palácio de Cristal, numa cerimónia onde estiveram presentes os presidentes das autarquias do Grande Porto, o ministro do Ambiente e da Transição Climática, João Pedro Matos Fernandes, e o primeiro-ministro António Costa.

Este concurso vai estar aberto durante os próximos quatro meses (até julho), sendo o júri composto por 11 membros, incluindo o Prémio Pritzker Eduardo Souto de Moura e ainda Inês Lobo, Alexandre Alves Costa, Amândio Dias, Rui Calçada, Júlio Appleton, Serafim Silva Martins, Vítor Silva, Joana Barros, Miguel Castro e Lúcia Lourenço.

António Costa com Rui Moreira e Tiago Braga na cerimónia. Foto. Rui Vieira Cunha

Os resultados vão ser revelados no segundo semestre de 2021 e os três primeiros classificados vão receber prémios entre os 50 e os 150 mil euros. As obras devem arrancar apenas no início de 2023.

O investimento previsto para a obra é de 50 milhões de euros que serão pagos pelo PRR (Plano de Resolução e Resiliência).

Para o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, este é um concurso que pretende atrair “os melhores engenheiros de pontes do mundo” para erguer uma ponte “bela”, mas que vai exigir uma boa comunicação visual com as outras pontes. Isto é, não pode comprometer a paisagem da Ponte da Arrábida. Para isso, não vai ter os pilares no rio e vai ter de ser mais alta do que a ponte projetada por Edgar Cardoso há 60 anos.

Nesta ponte, não entram automóveis. A ligação vai acolher a nova linha de metro que vai ligar a Casa da Música a Santo Ovídio, em Gaia, via Devesas, mas também vai ser possível circular a pé ou de bicicleta.

Obras na linha Rosa e Amarela arrancam já

O presidente do conselho de administração da Metro do Porto, Tiago Braga, no discurso de abertura da cerimónia,  contou que as obras nas linhas Rosa e Amarela estão inseridas no Fundo Ambiental e pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR).

Presidente do conselho administrativo da Metro do Porto, Tiago Braga, a discursar Foto: Rui Vieira Cunha

O responsável revelou que, ainda naquele dia, seria lançado um “micro-site sobre as obras” para garantir que a Metro do Porto  não abdicará de um acompanhamento estrito das medidas definidas em sede de declarações de conformidade ambiental, investindo em ferramentas de informação sobre o estado e avanço das obras”.

A linha Rosa vai ligar São Bento/Praça da Liberdade à Casa da Música e constitui apenas o início de uma linha circular, que será posteriormente alargada para fazer a ligação com outros pontos da cidade.

Já a linha Amarela que, atualmente, liga o Hospital de São João a Santo Ovídio vai estender-se até a urbanização de Vila d’ Este.  Este prolongamento vai incluir paragens em locais como a RTP e o Hospital Santos Silva.

Relativamente às emissões de dióxido de carbono para a atmosfera, Tiago Braga, apontou para uma potencial redução de 4 mil toneladas por ano, graças a estas duas linhas. Isto porque, os promotores do projeto estimam a “retirada de circulação de mais de 21 mil veículos particulares e cerca de mil pesados por dia”, indicou o presidente do conselho de administração da Metro do Porto. O presidente da empresa responsável pelo serviço de metro na cidade prevê ainda que as duas linhas vão “conquistar mais 10 milhões de clientes por ano”.

O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, realçou a importância do transporte público na luta contra as alterações climáticas. Sobre as preocupações de grupos ambientalistas com o abate de árvores e  a destruição do Jardim de Sofia, o autarca garantiu que “é preciso compreender as diferentes sensibilidades”, mas aponta para o facto de durante as obras sofrerem-se “sacrifícios” e que o benefício final da obra será “muito superior” ao impacto negativo que ocorra, na visão do autarca.

Já o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, que preside também à Área Metropolitana do Porto, Eduardo Vítor Rodrigues, destaca a importância da “lógica da intermobilidade, em que as pessoas têm possibilidade de usufruir de um transporte barato e ambientalmente sustentável”.

No que toca à nova linha de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues afirmou, horas antes do evento, em declarações à TSF, que será possível atenuar a “aglomeração na estação de General Torres de quem quer ir para a baixa do Porto ou para a Foz”.

O primeiro-ministro, António Costa, a discursar. Foto: Rui Vieira Cunha

Já o primeiro-ministro, António Costa, vincou que estas obras vão ajudar a “reanimar a economia, a criar novos postos de trabalho” num futuro que será de recuperação face à “crise económica” provocada pela pandemia.

Na próxima década, a Metro do Porto prevê crescer em sete novas linhas que se traduzem em mais 38 quilómetros e 36 novas estações. Uma das próximas linhas a avançar é a que vai ligar o Porto a Gondomar cujo investimento será de 155 milhões de euros, anunciou ainda o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes.

Artigo editado por Filipa Silva