Depois de rever todos os dados disponíveis, a Agência Europeia do Medicamento (EMA, no acrónimo inglês) concluiu que a vacina da AstraZeneca não está associada ao “aumento global de eventos tromboembólicos de coágulos de sangue” e que dá todas as garantias de segurança.
A directora executiva, Emer Cooke, considera, contudo, que não é possível “excluir para já que eventos raros de desordens tromboembólicas” estejam associados à toma da vacina. A Agência continuará a acompanhar a situação para uma eventual inclusão destes riscos na informação do produto.
Segundo a Reuters, a Organização Mundial de Saúde (OMS) deverá pronunciar-se esta sexta-feira (19) sobre o tema.
Vacinação nas escolas deverá avançar em breve
Numa conferência de impressa tripartida, com Direção-Geral da Saúde (DG), Infarmed e task-force do plano de vacinação, foi anunciado que Portugal retomará a administração da vacina da AstraZeneca já a partir de segunda-feira (22). A vacinação dos profissionais das escolas, inicialmente prevista para este fim de semana, ocorrerá a 27 e 28.
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, sublinhou a importância de todos se vacinarem. Recusar “uma vacina é recusar proteger-se contra uma doença grave”, sublinhou.
O jornal “Público” adianta que em circunstância alguma será possível ao cidadão escolher qual a marca da vacina que vai tomar. Quem se recusar a ser vacinado com a da AstraZeneca passará para o fim da lista.
Em linha com o anúncio das autoridades portuguesas, vários países, como a França, Letónia, Lituânia e Bulgária, anunciaram que irão reiniciar em breve a administração da vacina.
O primeiro-ministro francês, Jean Castex, será inoculado nesta sexta-feira (19) com a vacina da AstraZeneca.
Suspensão criticada por diversas organizações
O comunicado da EMA surge depois de vários países, vinte dos quais europeus, terem suspendido preventivamente a administração da vacina, para estudar a origem de eventuais efeitos adversos.
Estas decisões foram muito criticadas por diversas organizações e especialistas. Entre elas, o Conselho de Escolas Médicas Portuguesas, que a considerou baseada em “ideias infundadas” e “sem fundamentos científicos“.
O diretor da secção europeia da OMS apelou também aos países europeus para continuarem a administrar a vacina. “Os benefícios da vacina AstraZeneca superam em muito seus riscos – e seu uso deve continuar, para salvar vidas”, afirmou Hans Kluge à Reuters.
Em causa poderá estar o aumento da hesitação vacinal numa altura em que a maioria dos países europeus enfrenta uma terceira vaga do vírus.
Comissão Europeia endurece posições sobre a exportação de vacinas
A decisão anunciada esta quinta-feira permite aos países europeus retomarem o ritmo normal de vacinação. No entanto, a falta de vacinas continua a ser um problema.
Na quarta-feira (17), a presidente da Comissão Europeia afirmou que poderá ser suspensa a exportação de vacinas para o Reino Unido e exigiu reciprocidade às autoridades britânicas. Dez milhões de vacinas produzidas na Europa terão sido já encaminhadas para solo britânico, enquanto os europeus continuam à espera de “doses vindas do Reino Unido”, adiantou Ursula Von der Leyen.
Na semana passada, a AstraZeneca anunciou novo atraso na entrega das vacinas, admitindo que só será capaz de entregar 70 milhões de unidades, das 180 milhões previstas para o segundo trimestre.
Em consequência, a Comissão Europeia enviará em breve uma carta à farmacêutica anglo-sueca, activando assim o mecanismo de resolução de disputas previsto no contrato.
Artigo editado por Filipa Silva