A Volta à Catalunha apresenta-se como o próximo objetivo da temporada para João Almeida. O ciclista natural das Caldas da Rainha procura manter a senda de bons resultados neste início de época, após concluir no top 10 das duas provas em que participou:  Volta aos Emirados Árabes Unidos (3.º classificado) e Tirreno Adriático (6.º classificado).

Ao seu lado, na Deceuninck-QuickStep, a “Pantera das Caldas” vai ter a companhia de ciclistas como o britânico James Knox ou o italiano Fausto Masnada (Itália), que acompanharam o jovem português no Giro d´Itália 2020. Vestindo o dorsal número 21, o objetivo de lutar por mais um top 10 parece estar ao alcance do prodígio luso, apesar da forte da concorrência.

No que diz respeito às restantes equipas, a Movistar Team, Team Jumbo-Visma e INEOS Grenadiers apresentam-se como as mais fortes à partida para a competição.

A equipa espanhola da Movistar conta com a presença dos espanhóis Alejandro Valverde (vencedor da Volta à Catalunha em 2009, 2017 e 2018), Enric Mas e Marc Soler. Curiosamente, a equipa espanhola não apresenta o grande reforço desta época, o ciclista colombiano Miguel Angel López, vencedor da última edição da Volta à Catalunha (2019), ainda a recuperar da lesão sofrida no joelho após uma queda no Giro.

Relativamente à Jumbo-Visma, George Bennett (Austrália), Sepp Kuss (Estados Unidos) e Steven Kruijswijk (Holanda) são os nomes mais fortes da equipa holandesa.

Já a Ineos, apresenta um elenco de luxo, com nomes importantes como Richie Porte (Austrália), Richard Carapaz (Equador), Adam Yates (Grã-Bretanha) e Geraint Thomas (Grã-Bretanha).

Entre os outros potenciais candidatos ao topo da classificação estão ciclistas como Jai Hindley (Austrália, Team DSM), Hugh Carthy (Grã-Bretanha, EF Education-Nippo), Simon Yates (Team BikeExchange), Chris Froome (Grã-Bretanha, Israel Start-up Nation) e Nairo Quintana (Colômbia, Team Arkéa Samsic).

A “armada portuguesa” na Catalunha conta também com dois ciclistas importantes para o ciclismo nacional: Rui Costa (UAE Team Emirates) e Rúben Guerreiro (EF Education-Nippo).

Rui Costa (UAE Team Emirates) é o outro português presente na Catalunha. Fonte: Rui Costa/Facebook

Aos 34 anos, Rui Costa, campeão do mundo de estrada em 2013 e atual campeão nacional de estrada, procura mostrar a forma de outros anos e lutar por vitórias em etapas. No que diz respeito a Rúben Guerreiro, o vencedor da camisola da montanha no Giro d´Itália 2020 apresenta-se na sua segunda competição da temporada, tendo concluído a Volta aos Emirados Árabes Unidos na 27.ª posição.

A prova dos trepadores

Com a sua primeira edição em 1911, a Volta à Catalunha é a quarta prova por etapas mais antiga do mundo, ficando somente atrás do Tour de France (1903), Volta à Bélgica (1908) e Giro d´Itália (1909).

6 de janeiro de 1911, o dia que marcou o início da primeira edição da Volta à Catalunha Fonte: Volta a Ciclista Catalunya/Facebook

Com um percurso habitualmente montanhoso, com um misto de etapas de média e alta montanha, o pelotão atravessa grande parte da região da Catalunha, principiando na Costa Brava até ao final, habitual, na capital da região, Barcelona.

A centésima edição da Volta à Catalunha apresenta as habituais sete etapas, numa viagem que começa, esta segunda-feira, em Calella, atravessa os Pirenéus e conclui-se em Barcelona. A segunda etapa, com início e fim em Pla de l´Estany (Banyoles) apresenta uma novidade no passado recente da competição: um contrarrelógio individual.

São 18,5 quilómetros de esforço individual em terreno plano, que não fazia parte da Volta à Catalunha desde 1998, contando somente com uma crono-escalada em 2007 e um prólogo na edição de 2010. Uma etapa que se pode vir a revelar decisiva na classificação geral final, sendo particularmente importante para ciclistas especialistas nesta especialidade do ciclismo, como João Almeida, Geraint Thomas e Chris Froome.

As terceira e quarta etapas marcam a entrada na alta montanha dos Pirenéus, com as chegadas a Vallter 2000 e Port Ainé, onde os puros trepadores, como Carapaz e Hindley, podem fazer a diferença. Até à sétima e derradeira etapa, os corredores vão passar por diversas colinas da região, acabando o esforço de uma semana com um duro circuito na cidade de Barcelona, marcado pela subida a Montjuic.

Entre os anos 20 e 30, o ciclista espanhol Mariano Cañardo marcou uma era na competição, ao vencer por sete vezes a Volta à Catalunha, recorde que ainda permanece nos dias de hoje.

Até 2019, as montanhas catalãs foram conquistadas por diversos nomes importantes do ciclismo internacional, incluindo vencedores de, pelo menos, uma das três grandes voltas (Giro d’Itália, Tour de France, Vuelta a España):

  • Eddy Merckx (Bélgica) – Volta à Catalunha (1968); Giro d´Itália (1968, 1970, 1972, 1973, 1974); Tour de France (1969, 1970, 1971, 1972, 1974); Vuelta a España (1973)
  • Miguel Induráin (Espanha) – Volta à Catalunha (1988, 1991, 1992); Giro d´Itália (1992, 1993); Tour de France (1991, 1992, 1993, 1994, 1995)
  • Roberto Heras (Espanha) – Volta à Catalunha (2002); Vuelta a España (2000, 2003, 2004, 2005)
  • Alejandro Valverde (Espanha) – Volta à Catalunha (2009, 2017, 2018); Vuelta a España (2009)
  • Nairo Quintana (Colômbia) – Volta à Catalunha (2016); Giro d´Itália (2014); Vuelta a España (2016)

Esta segunda-feira, o pelotão do World Tour parte para a primeira etapa da centésima edição da Volta à Catalunha, concluindo o percurso no domingo, com a chegada a Barcelona, numa terceira oportunidade para João Almeida finalizar num top 10 em 2021.

Artigo editado por Filipa Silva