Com o doloroso legado dos conflitos armados cada vez mais ultrapassado, os Jogos Olímpicos da década de 1960 primaram pelo desenvolvimento tecnológico. As primeiras emissões em direto surgiram em Roma, a que se seguiram as Olimpíadas de Tóquio que trataram de revolucionar a forma como o evento era apresentado ao público televisivo, com iguais progressos a nível desportivo. No México, as lutas sociais voltaram a encontrar no espírito olímpico um forte aliado.
Roma 1960: De Itália para todo o mundo
Os 150 eventos dos Jogos Olímpicos de 1960, distribuídos por 23 modalidades, deram origem ao maior relatório oficial alguma vez produzido: cerca de duas mil páginas. Roma, a cidade de onde partiu a ordem para a extinção dos Jogos da Antiguidade, era agora a anfitriã da competição. Este foi o primeiro evento olímpico transmitido, na sua totalidade, na televisão para 18 países na Europa, Estados Unidos, Canadá e Japão. A televisão mostrou em direto os feitos dos 5.338 atletas que competiam na capital italiana, e também a combinação quase perfeita entre o antigo e o moderno, designadamente, no que diz respeito às instalações.
Além desta honra, os Jogos de 1960 ficam na história já que o hino oficial das olimpíadas, composto para a primeira edição, apenas soou pela primeira vez, 64 anos depois do planeado, em solo italiano. Alguns locais históricos ficaram associados a estes Jogos como as Termas de Caracalla, palco do torneio de ginástica e a Basílica de Massenzio, que recebeu os combates de luta. A grande maratona destes jogos começou no Monte Capitolino e terminou no Arco de Constantino, sendo que o etíope Abebe Bikila percorreu a distância descalço e triunfou.
Entre 25 de agosto e 11 de setembro de 1960, Roma recebeu atletas de 83 nações, o maior número de países concorrentes até à data, e ultrapassou o registo dos Jogos de 1952. O imponente Estádio Olímpico, onde decorreu o torneio de atletismo, o Palácio dos Desportos, que acolheu os combates de boxe, ou o Velódromo, o palco dos ciclistas, foram algumas das instalações modernas ao dispor dos atletas.
O ciclista amador da “casa”, Sante Gaiardoni, foi o primeiro homem a conquistar o ouro tanto na prova de sprint – na qual estabeleceu um recorde mundial – como na prova de quilometragem. Esta façanha é digna de nota, assim como, por outro lado, a morte do ciclista dinamarquês Knut Jensen devido ao excesso de produtos estimulantes na circulação sanguínea. Este foi o segundo falecimento registado em Jogos Olímpicos, depois de, em Estocolmo, o maratonista português Francisco Lázaro não ter resistido aos efeitos de uma insolação.
Depois de terem dominado o torneio de atletismo, quatro anos antes, em Melbourne, os Estados Unidos desiludiram em Roma, visto que os seus “sprinters” foram batidos pelos velocistas europeus. Os neozelandeses, com destaque para o ouro de Peter Snell, e os australianos dominaram na meia distância.
Wilma Rudolph: 11 segundos para a história
Contudo, as proezas de Wilma Rudolph conservaram o prestígio do atletismo norte-americano. A atleta venceu três medalhas de ouro numa única edição dos Jogos Olímpicos e igualou o registo da holandesa Fanny Blankers-Koen, alcançado 12 anos antes. A título individual, distanciou-se das adversárias nos 100 metros, fixando o recorde olímpico feminino nos 11 segundos, e nos 200 metros. Coletivamente, venceu a estafeta de 4×100 metros, na qual assumiu a última etapa. Foram precisos 18 anos para que o recorde dos 100 metros de Wilma, a jovem que venceu o vírus da pólio, fosse superado. Outra americana, Florence Griffith-Joyner percorreu a distância em apenas 10,62 segundos.
O duelo entre amigos
Yang Chuan-Kwang, atleta de Taiwan, protagonizou o maior duelo destes Jogos. Após vencer sete provas de declato perdeu a corrida ao ouro contra o norte-americano Rafer Johnson. Ambos frequentaram a mesma universidade, em Los Angeles, e seguiam as orientações do mesmo treinador.
No primeiro dia, Johnson liderava por 55 pontos, apesar de Yang ter terminado à frente de Johnson em quatro das cinco competições. No segundo dia, Johnson bateu no primeiro obstáculo nos 110 metros e terminou 0,7 segundo atrás de Yang. A troca de posições na classificação não durou muito. Johnson retomou o primeiro posto após o lançamento do disco, e aumentou a diferença por intermédio do bom desempenho no salto com vara e por um lançamento do dardo melhor do que Yang. No entanto, a vitória de Johnson não estava garantida no início do evento final: os 1.500 metros.
Yang, favorito neste evento, precisava de uma margem de 10 segundos para ganhar o decatlo. Contudo, Johnson conseguiu o seu melhor tempo – 4 minutos e 49,7 segundos -, apenas 1,2 segundos atrás de Yang. Feitas as contas, 58 pontos de diferença entre os atletas. A medalha de prata conquistada por Yang foi a primeira conseguida por um atleta de Taiwan. O adversário, pelo seu desempenho olímpico, recebeu o ouro e o Prémio James E. Sullivan Memorial Award como o atleta amador excecional de 1960.
Início e fim de carreira medalhados
Entre os pugilistas que competiram em Roma, seis foram, mais tarde, campeões do mundo como profissionais. A Itália e os Estados Unidos repartiram os títulos – três cada. Entre eles, aos 18 anos, o norte-americano Cassius Clay, mais tarde conhecido como Muhammed Ali, venceu uma medalha de ouro.
Roma foi ainda palco da despedida de dois grandes campeões de esgrima: o húngaro Gerevich, que arrebatou o sexto título consecutivo na prova coletiva de sabre nesta edição dos jogos, e o italiano Edoardo Mangiarrotti, que entre 1936 e 1960, conquistou 13 medalhas olímpicas, tanto em sabre como em florete.
Domínio Russo
O torneio de ginástica foi dominado pelos soviéticos Boris Shakhin e Larisa Latynina, curiosamente os dois desportistas mais premiados em 1960: O primeiro conquistou sete medalhas (quatro de ouro, duas de prata e uma de bronze), enquanto a segunda registou três títulos olímpicos.
A Rússia levou 103 medalhas da Cidade Eterna: 43 de ouro, 29 de prata e 31 de bronze. Em segundo lugar, os Estados Unidos da América festejaram 71 medalhas. Os italianos colecionaram 36 medalhas, tantas quanto o máximo anterior, alcançado em 1932. Portugal, por seu turno, entre 65 atletas, apenas viu medalhados dois. Os irmãos José e Mário Quina alcançaram o ouro em Vela, na classe “Star”.
“A Grande Olimpíada“, como foi apelidada, chegou aos cinemas de todo o mundo. Para além dos desafios logísticos inerentes à presença de inúmeros jornalistas na cidade e à emissão televisiva em direto, foram também recolhidas imagens para eternizar os heróis olímpicos em filme. O diretor da produção cinematográfica, Romolo Marcellini, teve ao seu dispor 80.000 metros de fita gravada para compor o filme nomeado para os Óscares, em 1962.
Esta edição das Olimpíadas foi a última na qual a África do Sul participou, enquanto vigorou naquele país a política do apartheid. O regresso só aconteceu em 1998, por isso, a África do Sul não foi convidada a integrar as competições seguintes de 1964 e 1968, acabando por ser expulsa do Comité Olímpico Internacional em 1970.
Tóquio 1964: Estreia em solo asiático com vários avanços tecnológicos
Depois da paragem em Roma, a capital japonesa fez história, em 1964, ao tornar-se na primeira cidade asiática a receber os Jogos Olímpicos. Detroit, Viena e Bruxelas eram as restantes candidatas à organização, mas o brio e dedicação dos nipónicos justificaram de sobremaneira a escolha do COI.
Relembre-se que Tóquio deveria ter organizado a edição de 1940 do evento, algo que acabou por não acontecer devido ao despoletar da Segunda Guerra Mundial. Ainda assim, o papel do Japão no conflito armado não foi esquecido e, com o intuito de simbolizar a reconstrução e paz do país no pós-guerra, Yoshinori Sakai foi o escolhido para acender a Chama Olímpica. O atleta nipónico nasceu em Hiroshima, a 6 de agosto de 1945, o dia em que a bomba atómica foi largada na cidade.
Modernização dos Jogos
Com o objetivo de fazer da XVIII Olimpíada um sinal de progresso e avanço tecnológico, os japoneses investiram cerca de três mil milhões de dólares (2.542.264.500 de euros) na organização. Graças a esse esforço financeiro, a competição foi um sucesso. Mais de dois milhões de bilhetes foram vendidos e, graças à primeira transmissão televisiva em direto com recurso à comunicação por satélite, centenas de milhões de espectadores – entre 600 e 800 milhões – assistiram ao evento em todo o mundo.
Realizada em outubro para evitar o calor e humidade do verão nipónico, os JO de Tóquio contaram ainda com algumas das primeiras transmissões televisivas a cores. A cerimónia de abertura, as provas de Judo, Wrestling e Ginástica foram alguns dos eventos que tiveram direito a esse privilégio.
Para melhorar a experiência televisiva foram ainda utilizados, pela primeira vez, microfones de proximidade e repetições em câmara lenta. As Olimpíadas de 1964 tiveram igualmente direito a um documentário, denominado “Tokyo Olympiad“ e realizado por Kon Ichikawa, que ganhou dois prémios BAFTA. Computadores também foram utilizados para que as televisões pudessem mostrar o tempo dos atletas durante as transmissões.
Para além do estádio olímpico que tinha capacidade para albergar 85 mil pessoas, o Japão aproveitou também os Jogos para modernizar a sua capital. A construção e melhoria de estradas e caminhos ferroviários foi acelerada, com a linha de alta velocidade de Shinkansen, que ligava Tóquio e Osaka, e ficou conhecida como “Bullet Train”, a abrir apenas nove dias antes do arranque do evento. Era o comboio mais rápido da altura e transformou-se num dos maiores legados das Olimpíadas de 1964, ao ser posteriormente expandido para outras partes do país.
Apesar do balanço dos Jogos Olímpicos de Tóquio ser globalmente positivo, a XVIII Olimpíada não se livrou de algumas polémicas. A África do Sul foi impedida de competir devido à política do apartheid, enquanto a Indonésia e a Coreia do Norte boicotaram o evento, depois de verem os atletas que participaram, no ano anterior, nos Jogos das Novas Forças Emergentes serem excluídos pelo COI da competição.
Sucesso desportivo, para além do organizativo
Ainda assim, os Jogos de 1964 estabeleceram um novo recorde de países participantes, com um total de 93 nações, 40 das quais fizeram a sua estreia numa Olimpíada. Para além do sucesso organizativo, o nível desportivo também foi de excelência, num evento que marcou a estreia do Judo e do Voleibol como modalidades olímpicas. No caso do Voleibol, este foi o primeiro desporto coletivo a apresentar uma vertente feminina, ganha de forma espetacular pelo Japão frente à rival União Soviética.
Na Natação foram estabelecidos 52 máximos olímpicos e 14 recordes mundiais. Um dos destaques foi o norte-americano Don Schollander, que conquistou quatro ouros e bateu três recordes do mundo. No feminino, Dawn Fraser tornou-se na primeira atleta a conquistar um título olímpico, em três Jogos consecutivos, na mesma disciplina. A australiana, que foi a primeira mulher a baixar da marca de um minuto nos 100 metros, tinha superado, dois anos antes, um violento acidente de carro, que vitimou a sua mãe.
Na Ginástica, a checoslovaca Vera Caslavska foi uma das revelações, ao conquistar três títulos olímpicos – All-Around, Trave e Salto de Cavalo -, enquanto a lendária Larisa Latynina, da União Soviética, despediu-se dos Jogos Olímpicos com mais algumas medalhas e tornou-se na atleta com mais medalhas olímpicas conquistadas. As suas 18 medalhas foram, muitos anos mais tarde, superadas pelo nadador norte-americano Michael Phelps, em Londres 2012.
Os JO de Tóquio foram igualmente a última edição que contou uma pista de cinza no Atletismo – substituído desde então por pisos sintéticos -, bem como a última vez em que houve provas cujo tempo era medido à mão.
Na velocidade, os norte-americanos retomaram o domínio perdido em Roma, quatro anos antes, com Bob Hayes e Henry Carr a vencerem os 100 e 200 metros, respetivamente. Mais surpreendentes foram as vitórias nas provas mais longas. Robert Schull venceu os 5.000 metros, enquanto Billy Mills tornou-se o primeiro não-europeu a ganhar os 10 mil metros.
Jozsef Szmidt no Triplo Salto, Al Oerter no Lançamento do Disco e Abebe Bikila na Maratona repetiram os títulos das Olimpíadas anteriores. No caso do etíope, a sua vitória é ainda mais impressionante por ter sofrido uma apendicite aguda apenas seis semanas antes da competição. Apesar do contratempo, conseguiu o feito de ser o primeiro a vencer por duas vezes a prova rainha do Atletismo nos Jogos Olímpicos.
Destaque também para as irmãs Tamara e Irina Press. A primeira venceu o Lançamento do Peso e do Disco, enquanto a segunda sagrou-se campeã olímpica no Pentatlo, naquela que foi a primeira vez que o Pentatlo feminino fez parte do programa dos JO. Contudo, a prova mais espetacular acabou por ser o Salto com Vara. A substituição das varas de alumínio por fibra de vidro revolucionou esta modalidade e levou a que 13 dos participantes superassem ou igualassem o recorde olímpico.
No Boxe, o norte-americano Joe Frazier, futuro campeão do mundo de pesos pesados, entrou na competição para substituir um atleta que tinha partido um polegar e acabou a ganhar a medalha de ouro, depois de ele próprio ter fraturado o polegar na meia-final. Adicionalmente, e num exemplo de enorme desportivismo, o primeiro Troféu Fair Play oficial foi atribuído à dupla de velejadores suecos Lars Gunnar Kall e Stig Lennart Kall, que desistiram da corrida para ajudar dois competidores, cujo barco tinha afundado.
Declaração de independência em plena Olimpíada
Outra das curiosidades dos Jogos de 1964 está relacionada com a Zâmbia, que declarou a sua independência no dia da cerimónia de encerramento, o que significa que se tornou no primeiro país a entrar numa Olimpíada como uma nação e a sair como outra. Esse facto foi assinalado com um placar inscrito com o nome Zâmbia na cerimónia de fecho, ao invés do nome Rodésia do Norte que tinham apresentado na abertura.
Portugal levou 20 atletas até Tóquio, mas não conseguiu qualquer medalha. Manuel Oliveira, quarto classificado na corrida de 3000 metros obstáculos, e Joaquim Silva, quinto na prova de Hipismo de obstáculos, conseguiram os melhores resultados na XVIII Olimpíada para as cores nacionais. A “jogar em casa”, o Japão conseguiu ficar em terceiro lugar no medalheiro, ao terminar com 16 medalhas de ouro, apenas atrás dos Estados Unidos e União Soviética.
México 1968: Barreiras sociais e atléticas de mão dada com o espírito olímpico
A Cidade do México foi a cidade escolhida para receber a XIX Olimpíada, num clima de muita instabilidade no país da América Central.
No dia 2 de outubro de 1968, dez dias antes da cerimónia da abertura e após um verão repleto de protestos contra a presidência de Gustavo Díaz Ordaz, cerca de dez mil pessoas reuniram-se na Praça de Tlatelolco, em plena Cidade do México, com o intuito de protestar pacificamente a realização dos Jogos Olímpicos.
A pobreza, falta de direitos laborais e sociais para todos os mexicanos foram alguns motivos que levaram a este protesto. O governo liderado por Ordaz, após um clima de instabilidade durante todo o verão, ordenou que as Forças Armadas Mexicanas fossem para o local, instalando-se o caos em Tlatelolco com 1.345 detenções e cerca de 400 mortos, num dia que ficou conhecido como o “Massacre de Tlatelolco”.
Apesar de afirmarem que foram os manifestantes que dispararam primeiro sobre as Forças Armadas, documentos publicados pelo governo mexicano em 2000 sugerem a presença de snipers empregados pelo governo como forma de controlar o protesto. Num misto de mágoa e divisão entre o povo e o governo mexicano, a cerimónia de abertura decorreu sem grandes percalços e com um marco histórico para o movimento olímpico feminino e o México.
Enriqueta Basilio, atleta mexicana, tornou-se na primeira mulher a “acender a chama” em Olimpíadas, ao levar a tocha até ao topo do Estádio Olímpico Universitário, passando por entre cerca de 100 mil espetadores, num clima de festa e de esquecimento do mal-estar vivido no país.
Outra “primeira vez” da XIX Olimpíada foi a testagem ao doping efetuada no decorrer dos Jogos, algo que perdura até aos dias de hoje e principiou na Cidade do México.
Antes do início da competição, muitos países mostravam apreensão perante a altitude da capital mexicana, a rondar os 2.300 metros. Devido às condições adversas, atletas ligados a provas de endurance como a maratona, natação e ciclismo manifestaram o seu desagrado e sentiram muitas dificuldades em lidar com o ar mais rarefeito.
O impacto desportivo e social do Atletismo norte-americano
No que toca a provas de distância curta, as “alturas” provaram ser impulsionadoras para marcas históricas que perduram durante anos no atletismo. Bob Beamon, especialista do salto em comprimento, foi o maior exemplo desta vantagem, ao alcançar a marca de 8 metros e 90 centímetros, um resultado que elevou o máximo mundial em 55 centímetros e um recorde mundial que demorou 22 anos a ser batido.
Na velocidade, a americana Wyomia Tyus tornou-se na primeira atleta a conquistar a medalha de ouro nos 100 metros por duas vezes. O domínio dos Estados Unidos na velocidade permaneceu no lado masculino numa das corridas mais históricas da história das olimpíadas.
Na prova dos 200 metros, uma batalha feroz entre os americanos Tommie Smith, John Carlos e o australiano Peter Norman concluiu com a vitória de Smith e um novo recorde mundial de 19 segundos e 83 centésimos, a primeira vez que a marca dos 20 segundos era batida.
Mais do que o impacto na pista, o que veio na cerimónia de entrega das medalhas tornou-se num momento icónico e de luta pela igualdade racial. Tommie Smith e John Carlos baixaram a cabeça, elevaram, respetivamente, o braço direito (Smith) e esquerdo (Carlos) durante o hino americano, com o punho cerrado e uma luva preta cobrindo a mão erguida.
O gesto foi visto por muitos como um desrespeito, mas Tommie Smith, anos mais tarde, explicou que “nada teve a ver com o hino”. ”Queríamos aproveitar esta plataforma e trazer atenção à problemática da desigualdade racial no nosso país”, disse o campeão olímpico americano que, juntamente com Carlos e o australiano Norman, que se juntou ao protesto, foram suspensos de competir nos Jogos, mas o impacto foi sentido um pouco por todo o mundo.
Na componente técnica do atletismo, o “Fosbury Flop”, desenvolvido pelo saltador americano Dick Fosbury, revolucionou o salto em altura, e tornou-se, desde essa altura, o método utilizado pela grande parte dos atletas desta especialidade. O atleta dos Estados Unidos introduziu ao mundo esta nova forma de saltar nos Jogos Olímpicos de 1968, fixando um novo recorde olímpico nos 2 metros e 24 centímetros.
As provas de fundo e meio-fundo foram dominadas por atletas africanos, sendo o Quénia a principal potência desde género de eventos, com vencedores como Kipchoge Keino (1.500 metros), Amos Biwott (3.000 metros obstáculos) e Naftali Temu (dez mil metros), que se tornou no primeiro medalhado de ouro pelo país africano.
A heroína da Checoslováquia
Na ginástica, houve uma atleta que se destacou acima de todas as outras, a checoslovaca Vera Caslavska. Depois das três medalhas de ouro conquistadas em Tóquio, a ginasta acumulou mais quatro medalhas de ouro para o seu pecúlio.
Estas vitórias tiveram uma repercussão enorme na Checoslováquia, com a sua ginasta a bater diversas atletas da União Soviética. Dois meses antes da XIX Olimpíada, o Exército Soviético invadiu a Checoslováquia, num dos momentos mais impactantes da Guerra Fria e que revelou as primeiras quebras no movimento comunista.
A comitiva portuguesa esteve presente na Cidade do México com 20 atletas, que mostraram imensas dificuldades de adaptação às condições atmosféricas adversas. Um exemplo claro foi Manuel de Oliveira, que tinha sido quarto classificado em Tóquio nos 3000 metros obstáculos e não conseguiu apurar-se para das eliminatórias em 1968.
No quadro de medalhas, os Estados Unidos aparecem em grande destaque com 45 medalhas de ouro e um total de 107 medalhas conquistados ao longo da prova, com a União Soviética em segundo plano, com 29 medalhas de ouro e 91 medalhas no seu todo.
Após a paragem no México, três novos países – Alemanha, Canadá e União Soviética – estrearam-se como anfitirões dos Jogos Olímpicos. Podem acompanhar as histórias de maior relevo das três Olimpíadas na próxima edição do A a T.
Artigo editado por João Malheiro