Após sete dias na Catalunha, João Almeida sai de mais uma competição com um lugar entre os dez melhores. Depois do terceiro lugar na Volta aos Emirados Árabes Unidos e o sétimo posto no Tirreno Adriatico, o ciclista luso alcançou assim o seu terceiro Top 10 nas três provas em que competiu em 2020.

Na sétima etapa, no habitual circuito à cidade de Barcelona, a vitória sorriu ao ciclista Thomas De Gendt (Lotto Soudal), após uma fuga com sucesso, uma especialidade do veterano belga. Já afastado da luta pela geral, o ataque de De Gendt, a cinco quilómetros do fim da tirada, surpreendeu o esloveno Matej Mohoric (Bahrain-Victorious), que chegou a 22 segundos do colega de fuga.

Thomas De Gendt foi o vencedor da 7.ªetapa da Volta à Catalunha

Attila Valter (Groupama-FDJ) completou o pódio da etapa, a um minuto e 42 segundos de De Gendt e apenas 4 segundos à frente do grupo dos favoritos, onde chegou o português João Almeida na oitava posição. Rúben Guerreiro terminou a três minutos e 49 segundos de De Gendt, num grupo atrasado que tinha, entre outros, o colombiano Nairo Quintana (Arkea).

Etapa 7 (Barcelona – Barcelona; 133 Km)

  • 1.º Thomas De Gendt (Bélgica; Lotto Soudal) 3:06´10´´
  • 2.º Matej Mohoric (Eslovénia; Bahrain-Victorious) a 22“
  • 3.º Attila Valter (Hungria; Groupama-FDJ) a 1´42´´
  • 4.º Sébastien Reichenbach (Suiça; Groupama-FDJ)) a 1´46´´
  • 5.º Alejandro Valverde (Espanha; Movistar Team) a 1´46´´
  • 6.º Michael Woods (Canadá; Israel Start-up Nation) a 1´46´´
  • 7.º Marc Hirschi (Suiça; UAE Team Emirates) a 1´46´´
  • 8.º João Almeida (Portugal; Deceuninck – QuickStep) a 1´46´´
  • 9.º Adam Yates (Grã-Bretanha; INEOS Grenadiers) a 1´46´´
  • 10.º Clément Champoussin (França; AG2R Citroen Team) a 1´46´´
  • 37.º Rúben Guerreiro (Portugal; EF Education-Nippo) a 3´49´´

Na classificação geral, Adam Yates (INEOS Grenadiers) sagrou-se vencedor da 100.ª edição da Volta à Catalunha, depois de ter conquistado a camisola de líder à terceira etapa, na chegada a Valtter 2000. Torna-se assim no primeiro britânico a vencer a competição desde Robert Millar, em 1985. O restante pódio é composto pelos seus colegas de equipa Richie Porte e Geraint Thomas.

Este domínio da INEOS resultou na primeira vitória de Yates ao serviço da equipa britânica e numa demonstração do que pode acontecer nas Grandes Voltas, com um conjunto repleto de ciclistas completos e com ambições para lutar pelas vitórias.

Entre os destaques da competição está Alejandro Valverde, ciclista espanhol da Movistar Team. Aos 40 anos de idade, Valverde mostrou o seu espírito atacante e combativo de sempre e terminou a Volta à Catalunha num honroso quarto lugar. Foi, claramente, o “salvador” de uma equipa que desiludiu bastante nesta competição, com prestações abaixo da média por parte de jovens como Enric Más e Marc Soler.

No que diz respeito às equipas, a Team BikeExchange (ex-Orica-GreenEdge) colocou três ciclistas no Top 10 da Volta à Catalunha: o colombiano Esteban Chaves, o britânico Simon Yates (irmão gémeo de Adam Yates) e o australiano Lucas Hamilton. Esteban Chaves saiu também com a liderança da classificação por pontos e a classificação da montanha, graças ao ataque final na quarta etapa com final na difícil subida de Port Ainé.

João Almeida, após ter liderado a competição na conclusão do contrarrelógio (2.ª etapa), foi perdendo alguns segundos preciosos nas etapas mais acidentadas dos Pirenéus, defendendo-se sempre contra alguns dos melhores trepadores da atualidade. O sétimo lugar permitiu à “Pantera das Caldas” ser o melhor jovem da competição, levando para casa a camisola da juventude.

Rúben Guerreiro, o outro português a chegar a Barcelona, terminou na 23.ª posição, a mais de dez minutos de Adam Yates, com o seu melhor momento a vir na quinta etapa, onde chegou na segunda posição, a 39 segundos do vencedor da tirada Lennard Kamna (Bora- Hansgrohe), no dia em que João Almeida perdeu mais tempo para os favoritos.

Classificação Geral Individual Final (Volta à Catalunha):

  • 1.º Adam Yates (Grã-Bretanha; INEOS Grenadiers) 26:16´41´´
  • 2.º Richie Porte (Austrália; INEOS Grenadiers) a 45´´
  • 3.º Geraint Thomas (Grã-Bretanha; INEOS Grenadiers a 49´´
  • 4.º Alejandro Valverde (Espanha; Movistar Team) a 1´03´´
  • 5.º Wilco Kelderman (Holanda; Bora-Hansgrohe) a 1´03´´
  • 6.º Esteban Chaves (Colômbia; Team BikeExchange) a 1´04´´
  • 7.º João Almeida (Portugal; Deceuninck-QuickStep) a 1´05´´
  • 8.º Hugh Carthy (Grã-Bretanha; EF Education-Nippo) a 1´20´´
  • 9.º Simon Yates (Grã-Bretanha; Team BikeExchange) a 1´32´´
  • 10.º Lucas Hamilton (Austrália; Team BikeExchange) a 1´35´´
  • 23.º Rúben Guerreiro (Portugal; EF Education-Nippo) a 10´46´´

João Almeida (segundo a contar da esquerda) venceu a classificação da juventude. Foto: "Volta" Ciclista à Catalunya

Após um mês repleto de competição, o expectável é que João Almeida passe os próximos dias fora da estrada, focando-se assim no primeiro objetivo da temporada, o Giro d´Itália, onde brilhou no ano passado, vestindo a camisola rosa e concluindo na quarta posição.

Para este ano, Patrick Lefèvre, diretor da Deceuninck-QuickStep, confirmou a presença do prodígio belga Remco Evenepoel no Giro d´Itália, a primeira competição do ciclista de 21 anos após a grave queda no Giro da Lombardia, em agosto de 2020.

O conjunto belga deve apresentar-se de forma idêntica ao Giro de 2020, com a adição de Evenepoel, podendo João Almeida remeter-se para segundo aposta da equipa e servir de apoio na alta montanha ao ciclista belga, que venceu as quatro competições que concluiu na temporada anterior (Volta a San Juan, Volta ao Algarve, Volta a Burgos e Tour da Polónia).

Para já, as certezas são de um início de 2021 histórico para o ciclista português, que acumula o seu terceiro Top 10 em provas do WorldTour, um feito impressionante para o jovem de 22 anos.

Artigo editado por João Malheiro