Investigadores do Instituto de Física dos Materiais Avançados, Nanotecnologia e Fotónica da Universidade do Porto e do Laboratório Associado Química Verde – Requimte (LAQV-REQUIMTE) criaram um polímero sólido gel capaz de produzir energia e armazená-la, em simultâneo. A equipa de investigadores da FCUP utiliza esse polímero gel em t-shirts.

As peças de roupa fazem uso da diferença de temperatura verifcada entre o têxtil e o meio ambiente: “através dessa diferença de temperatura, [a t-shirt] produz energia elétrica que depois é armazenada na peça de vestuário”, explica Clara Pereira, investigadora auxiliar do LAQV-REQUIMTE, ao JPN.

A equipa já tem trabalho desenvolvido na área da energia há vários anos. Em 2017, avançaram com este projeto. Contudo, só puderam apresentar resultados agora, porque era necessário a patente estar registada a nível nacional – “por uma questão de competitividade”, esclareceu André Pereira, professor auxiliar da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

Como funciona a produção e captação de energia das t-shirts?

Clara Pereira, do LAQV-REQUIMTE explica a dupla vantagem das t-shirts que produzem e captam energia.

O armazenamento é importante, porque o corpo não produz sempre a mesma energia. Durante a prática de exercício físico, a produção de energia térmica é elevada. Mas estando parado, não acontece o mesmo. Com o armazenamento, a energia produzida pode ser utilizada para vários efeitos. Segundo Clara Pereira é ainda possível “libertar energia para o exterior ou o oposto”. Ou seja, num clima frio, a pessoa que veste a t-shirt é quem produz a energia. Num clima quente, é o exterior. O têxtil inovador funciona em ambos os casos.

No futuro, esta criação pode servir para proteção dos indivíduos, nomeadamente na área militar, saúde ou mesmo na moda. As t-shirts permitem alimentar sensores que, por sua vez, permitam, por exemplo, a monotorização de sinais vitais. É um vestuário inteligente, “é muito mais autónomo e não é necessário ter um carregador ao lado ou uma tomada para conseguir ter uma geração de energia”, exemplifica Clara Pereira.

Com o resultado final do têxtil criado, a equipa quer tornar o produto comercial. Existem várias fases quando se faz chegar um produto ao mercado. No caso do têxtil, são cerca de oito passos. Segundo André Pereira, a equipa encontra-se a meio, na fase quatro. Já têm um protótipo funcional e estão a adaptar o tipo de tecnologia ao mercado têxtil. Já estabeleceram contacto com uma empresa que mostrou interesse nas t-shirts, mas o processo tem diversas variáveis. André Pereira explica que depende também do “financiamento, depende de tempo, depende das pessoas, de muita coisa”. Não é possível avançar uma data de lançamento, tendo em conta estas oscilações.

Artigo editado por Filipa Silva