A Seleção Nacional derrotou, esta terça-feira, o Luxemburgo, no Stade Josy Barthel, por 3-1. Apesar de mais uma exibição desinspirada de Portugal, a formação liderada por Fernando Santos conseguiu dar a volta ao resultado depois de ter estado a perder até bem perto do intervalo. Gerson Rodrigues deu vantagem à seleção da casa, enquanto Diogo Jota, Cristiano Ronaldo e Palhinha fizeram os golos da reviravolta portuguesa.

Como se esperava, o selecionador nacional voltou a fazer alterações em relação ao onze inicial escolhido para o embate com a Sérvia, que terminou empatado a duas bolas. Na defesa, Nuno Mendes voltou à titularidade na lateral-esquerda, o que fez João Cancelo regressar ao lado direito e Cédric Soares cair para o banco.

No meio-campo, Rúben Neves e Renato Sanches substituíram Danilo e Sérgio Oliveira, enquanto o castigado Bruno Fernandes foi substituído por João Félix, que iniciou a partida a jogar nas costas de Cristiano Ronaldo e a fazer a ligação entre a dupla de médios portuguesa e o ataque.

Por sua vez, a formação luxemburguesa manteve o 4-4-2 e mudou apenas duas peças em relação à inesperada vitória na deslocação à República da Irlanda, ambas na defesa, com Lars Gerson e Mica Pinto a entrarem para os lugares de Enes Mahmutovic e Marvin Martins. Destaque também para a presença de Vincent Thill, jogador do CD Nacional, no onze escolhido pelo técnico Luc Holtz.

Primeira parte desligada

Foi um Luxemburgo personalizado aquele que entrou na partida frente a Portugal. A pressionar à entrada do seu meio campo, a seleção da casa criou bastantes dificuldades à turma das “Quinas”, que denotava vários problemas na circulação da bola e perdia de forma constante os lances divididos para os luxemburgueses.

Com a Seleção Nacional novamente desinspirada, a primeira aproximação de perigo a uma das balizas pertenceu aos comandados de Luc Holtz, mas o remate do avançado Sinani foi bloqueado por Rúben Dias. Sem receio de atacar com muitos elementos, o Luxemburgo explorava com sucesso a incapacidade de Portugal para pressionar o seu início de construção e recuperar rápido a bola.

Só aos 24 minutos é que a seleção portuguesa conseguiu o seu primeiro remate, num livre direto de Cristiano Ronaldo que saiu à figura do guardião Anthony Moris. O primeiro lance de perigo surgiu poucos minutos depois, quando Rúben Neves lançou João Cancelo que, depois de ultrapassar um adversário, cruzou para a entrada da área onde apareceu Renato Sanches a rematar para defesa do guarda-redes luxemburguês.

Apesar destes dois lances, Portugal continuava desligado na partida e seria sobejamente penalizado por isso aos 30 minutos, momento em que Sinani cruzou, livre de qualquer pressão, para Gerson Rodrigues cabecear para o fundo das redes de Anthony Lopes.

Em desvantagem, Portugal respondeu com remates de fora de área de Bernardo Silva e Renato Sanches, mas Anthony Moris mostrou-se atento em ambas as situações. De seguida, Nuno Mendes encontrou Cristiano Ronaldo na área, mas o cabeceamento saiu longe do alvo. Pelo meio, João Félix seria substituído por Pedro Neto devido a lesão.

Ainda assim, este maior volume ofensivo acabou por produzir frutos, uma vez que Diogo Jota, já em cima do intervalo, fez o 1-1, através de um bom remate de cabeça após um excelente cruzamento do recém-entrado extremo do Wolverhampton. Ainda que a exibição portuguesa tenha sido pobre, o pouco perigo ofensivo do Luxemburgo acabava por fazer com que o empate se justificasse no regresso aos balneários.

Golo cedo trouxe estabilidade

No reatamento da partida, Portugal mostrou-se mais dinâmico e assertivo, e não demorou até se colocar em vantagem. Apesar da pouca eficácia nas últimas partidas, o capitão Cristiano Ronaldo combinou com João Cancelo e correspondeu da melhor forma ao cruzamento do lateral do Manchester City. 2-1 era o resultado aos 50 minutos.

Logo de seguida, Nuno Mendes conseguiu uma espetacular arrancada individual e viu o guardião do Luxemburgo impedir o terceiro golo. Na resposta, Gerson Rodrigues voltou a sua sorte em contra-ataque, mas o remate saiu ao lado. Aos 58 minutos, seria Diogo Jota a ameaçar novo golo, com um cabeceamento à trave na sequência de um canto.

Portugal não sentenciou a partida e a seleção luxemburguesa voltou a crescer na partida, numa altura em que os jogadores portugueses mostravam algum cansaço. Ainda assim, a melhor oportunidade que a seleção da casa conseguiu criar surgiu num livre de Sebastien Thill, que obrigou Anthony Lopes a uma grande defesa.

Depois de um período de maior presença do Luxemburgo no seu meio-campo ofensivo, a Seleção Nacional colecionou aproximações perigosas à baliza. A mais clara foi protagonizada por Cristiano que isolado na cara do guarda-redes, após um mau atraso de Christopher Pereira, falhou por duas vezes o golo, em mais um sinal do momento menos bom de forma que atravessa.

Ainda assim, aos 80 minutos, Palhinha, entretanto lançado na partida para dar mais força ao meio-campo português, correspondeu da melhor forma a um canto cobrado por Pedro Neto e fez o 3-1 que sentenciou o encontro.

Até final, houve ainda tempo para o central Maxime Chanot ser expulso, o que facilitou a tarefa de gestão dos últimos minutos por parte de Portugal.  Com esta vitória, os portugueses mantêm a liderança partilhada do grupo A de apuramento para o Campeonato do Mundo no Qatar, em 2022. Neste momento, a Seleção Nacional soma sete pontos, os mesmos da Sérvia, que foi ao Azerbaijão vencer por 2-1.

“Qualidade técnica não chega”

Nas suas declarações após o fim da partida, o selecionador nacional mostrou-se agastado com a primeira meia hora de Portugal, ao referir que a sua equipa jogou “a passo”. “Andámos a jogar para o lado e para trás. Uma equipa amorfa, sem intensidade… A qualidade técnica não chega, tinha dito aos jogadores e eles sabem isso. Temos de equilibrar na intensidade, na dinâmica, nas bolas divididas e apertar o adversário”, referiu.

Ainda assim, reconheceu que seleção portuguesa acordou após o golo sofrido e fez uma exibição forte, sem deslumbrar, durante 60 minutos. “Temos de manter a intensidade, ser iguais a nós próprios sempre com paixão e organização”, disse Fernando Santos, depois de salientar que Portugal podia ter conseguido um “resultado mais volumoso”.

Disputados os três encontros do apuramento para o Mundial de 2022, os próximos compromissos da Seleção Nacional estão marcados para o início de junho, altura em que vai disputar dois amigáveis, contra Espanha e Israel, na antecâmara da participação no Euro 2020. A qualificação para o Campeonato do Mundo é retomada em setembro, com encontros frente à República da Irlanda e o Azerbaijão.

Artigo editado por João Malheiro