Depois de uma década de 60 muito bem sucedida a nível dos Jogos Olímpicos, com muitos avanços tecnológicos a levarem a prova a cada vez mais cantos do mundo, os anos 70 marcaram uma época algo negra no espírito olímpico. Apesar de todas as contrariedades, as três edições desta década dos JO foram realizadas. Munique, infelizmente, voltou a ser a casa de uns Jogos com muita política, polémicas e com um ataque terrorista. Em Montreal, a arma em forma de boicote começou a ser posta em prática como um protesto internacional e, em Moscovo, a Guerra Fria não conseguiu evitar que as duas maiores potências da altura entrassem em conflito.

Munique 1972: Terror e política mancham os “Jogos da Paz”

As Olimpíadas de 1972 surgiam como oportunidade para a Alemanha mostrar a sua nova realidade, longe do cenário dos Jogos de 1936, marcados pela propaganda nazi. A redução da presença policial e a ausência de armas pretendia reforçar uma grande demonstração de alegria, união e paz entre 26 de agosto e 11 de setembro de 1972. Munique acolheu 121 delegações, um número recorde, e 7.121 atletas, durante um período de tensão mundial. A comitiva portuguesa, da qual fazia parte o estreante Carlos Lopes, campeão oito anos depois, assistiu ao terror com vista privilegiada.

A 5 de setembro de 1972, o mundo acordou com imagens assustadoras do grupo terrorista palestiniano Black September (Setembro Negro), que tinha invadido as instalações dos atletas israelitas na Aldeia Olímpica de Munique. No início do ataque, um atleta e um treinador foram assassinados. O grupo terrorista, ligado à Organização de Libertação da Palestina, exigia a libertação de 234 palestinianos em troca dos nove reféns israelitas. A polícia montou uma operação de resgate, porém, como cada ação policial estava a ser amplamente divulgada pela televisão, os atacantes, que estavam a par dos movimentos em torno do apartamento onde se encontravam, abandonaram as negociações.

Foram cedidos autocarros e dois helicópteros para levar os oito terroristas e os nove reféns para o aeroporto de Furstenfeldbruck, em Munique. A partir da varanda de um quarto atribuído à delegação portuguesa com vista direta para a ação daquela noite, Eduardo Gageiro, fotojornalista português, foi o único repórter a fotografar os reféns israelitas a serem transportados para os helicópteros pelos terroristas.

A tentativa de emboscada das forças policiais na pista do aeroporto não resultou. Um tiroteio, às escuras, terminou com os terroristas a fuzilar cinco israelitas dentro de um helicóptero e a explosão de uma granada dentro do outro helicóptero. A tragédia terminou com a morte de 11 israelitas, cinco atacantes e um polícia.

O desastre obrigou à interrupção da competição, por um dia, algo inédito nas Olimpíadas. Os Jogos prosseguiram, já que esse foi o desejo manifestado pela maioria das delegações, inclusive a israelita, que se retirou da competição, por respeito à memória dos atletas assassinados. As delegações da Noruega, da Holanda e das Filipinas abandonaram Munique, de igual forma.

Membros da comitiva israelita na cerimónia de homenagem às vítimas do ataque terrorista do grupo “Black September”. COI

Em 1977, Abu Daoud, o chefe do ataque concretizado cinco anos antes, foi capturado em França. Contudo, o pedido de extradição para a Alemanha Ocidental foi negado e Abu viajou livremente para a Argélia.

Protestos políticos aumentam tensão

Tal como aconteceu quatro anos antes, no México, a luta pela igualdade racial voltou a estar em destaque. Durante uma cerimónia de entrega de medalhas, os atletas norte-americanos, Vincent Matthews e Wayne Collett, os dois primeiros classificados na corrida de 400 metros, protestaram no decorrer do momento solene. O Comité Olímpico Internacional (COI) expulsou os dois atletas e impediu os Estados Unidos de constituírem uma nova equipa para os 4×400 metros.

A atitude de Matthews e de Collett não esgotou os problemas raciais que, direta ou indiretamente, afetaram os Jogos. O COI, temendo o boicote dos países africanos, impediu a Rodésia, atual Zimbabwe, de participar na olimpíada, dada a problemática do apartheid.

Heróis olímpicos

Uma audiência recorde, calculada em mil milhões de pessoas, acompanhou os Jogos de Munique. Na edição da estreia olímpica de andebol de sete, quatro eventos de canoagem slalom e caiaque, Linda Linsenhoff tornou-se na primeira vencedora feminina de uma prova equestre.

Mark Spitz venceu sete medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de 1972. COI

Pela primeira vez desde 1928, a face e o reverso das medalhas dos Jogos foram diferentes entre si. A face apresenta a tradicional figura da deusa da vitória enquanto o reverso, desenhado por Gerhard Marcks, mostra Castor e Pollux, filhos de Zeus. Mark Spitz, nadador norte-americano, acumulou sete medalhas de ouro e estabeleceu outros tantos recordes mundiais, o maior feito olímpico até à edição de Munique.

A façanha de Spitz ficou, porém, na penumbra. Olga Korbut, ginasta soviética, captou uma maior atenção mediática, uma vez que revolucionou a modalidade ao introduzir um novo toque de ballet e elegância com os movimentos: back tuckKorbut Flip. A atleta intercalou o sucesso coletivo com um desempenho individual aquém do desejado. Contudo, na prova final, a sua prestação individual conquistou o júri e valeu o ouro.

A contabilidade final mostra que a nação vencedora foi a União Soviética, tendo conquistado 99 medalhas, 50 das quais de ouro. À frente dos eternos rivais, pelo menos em matéria de olimpismo, os Estados Unidos da América terminaram no segundo lugar. O maior confronto entre as duas comitivas aconteceu na final de basquetebol. Pela primeira vez, os americanos perderam para os soviéticos na competição. Resultado final: 51-50.

Apesar de ter proporcionado três novos máximos mundiais – proeza a salientar, pois a altitude do México elevou a fasquia dos recordes – o torneio de atletismo não fez emergir nenhuma figura que pudesse ofuscar o brilho de Mark Spitz. O atleta Lasse Viren, recuperando a boa tradição finlandesa do primeiro terço do século, ganhou os 5000 e os 10 mil metros, fixando um nove recorde do Mundo para a dupla légua: 27 minutos e 38,4 segundos.

Importa ainda destacar três atletas do Leste europeu: O alemão oriental Wolfgang Nordwig quebrou uma série de 16 vitórias consecutivas dos varistas norte-americanos. Valeri Borzov, o primeiro europeu a vencer os 100 e os 200 metros, e Viktor Saneyev, o único campeão no México que conseguiu renovar o título, ao conquistar o segundo dos seus três triunfos consecutivos no triplo salto, contribuíram para o sucesso.

Montreal 1976: Os jogos do boicote como arma contra as amarras do Apartheid

A cidade canadiana de Montreal foi a anfitriã da XXI edição dos Jogos Olímpicos de verão, tornando-se na segunda cidade francófona a sediar a competição, depois de Paris no virar do século, em 1900.  Entre 17 de julho e 1 de agosto de 1976, os ecrãs de todo o mundo estiveram centrados nas emoções que brotaram do país da América do Norte.

Quando a cidade conquistou o direito de organizar a principal competição de desporto do mundo, também soviéticos e norte-americanos, através das cidades de Moscovo e Los Angeles, disputavam esse privilégio, num contágio ao desporto da tensão geopolítica que se fazia sentir no mundo.

Já Portugal mostrava-se revigorado depois de 48 anos de ditadura. Assim, a conjuntura que rodeou o evento de 1976 mostrou-se particular e, até ao início dos Jogos, iria conhecer um novo capítulo.

Onda de revolta provocada pelos All Blacks

O continente africano era, na década de 70, palco de acesas disputas entre a população. A discriminação racial era uma ferida aberta e o ambiente de apreensão era a palavra de ordem. Desde 1964 que a África do Sul, onde então vigorava o regime do apartheid, era alvo de “isolamento” político e, igualmente, desportivo, encontrando-se ausente dos Jogos. A resolução 1.761 da Assembleia Geral das Nações Unidas apelava ao corte de relações diplomáticas com o país e à aplicação de um boicote internacional, que o Comité Olímpico Internacional (COI) decidiu acatar.

A polémica instalou-se quando poucos meses antes do início destas olimpíadas, a equipa de râguebi da Nova Zelândia, os famosos “All Blacks“, resolveram fazer uma digressão, precisamente pela África do Sul, o que deixou a esmagadora maioria das nações africanas escandalizadas. Encarada, em solo africano, como um apoio implícito àquele regime segregacionista, esta ação provocaria uma onda de choque e, a 48 horas do arranque dos Jogos, 26 nações africanas anunciaram que se retirariam do evento se a Nova Zelândia fosse autorizada a competir.

Não se tratando o râguebi de um desporto olímpico, o COI não cedeu e o boicote concretizou-se. A África substantificou, finalmente, a ameaça de boicotar os Jogos Olímpicos, que já prometera no México 68 e em Munique 72.

Um descalabro económico

A par de todos os tumultos que mancharam o início do evento em solo canadiano, a vertente económica também provocou problemas. A atravessar uma grave crise financeira, com o choque petrolífero de 1973, o mundo assistiu com surpresa ao investimento extravagande do Executivo canadiano para receber os Jogos, uma vez que a organização gastou qualquer coisa como 1,4 mil milhões de dólares (1.190.420.000 euros). Um valor astronómico e resultante de avultadas derrapagens económicas e gastos acrescidos com a segurança (repercussões da tragédia de Munique) que elevaram o seu orçamento para o preço final, que só seria saldado em 2006.

Para agravar este cenário, a ausência de parte de África, a que se juntaram Iraque e Guiana, fez diminuir o interesse do público em relação aos Jogos. A organização viu-se obrigada a reembolsar milhares de bilhetes de espectadores descontentes com ausências anunciadas na véspera.

Assim, como sequência do boicote, os Jogos de Montreal, inaugurados pela Rainha Isabel II, receberam menos mil atletas (acolhendo um total de 6.042) e menos 29 países (de 92 recebidos), em relação a Munique, quatro anos antes.

O Comité Olímpico Internacional (COI) fez, então, um esforço para reduzir o programa de provas. Contudo, a supressão de algumas especialidades, entre as quais três disciplinas na natação, os 50 quilómetros de marcha no atletismo, o slalom na canoagem e o tandem no ciclismo foram acompanhados pelo alargamento ao setor feminino do basquetebol e do andebol, a que se juntou a entrada de novas especialidades na canoagem e, sobretudo, no remo.

Assim, Montreal acabou por distribuir mais três medalhas do que Munique.

Atenções postas no Atletismo

O torneio de atletismo foi particularmente rico e arrebatou a paixão de milhões de amantes da modalidade. O fundista finlandês Lasse Viren renovou os títulos olímpicos dos 5.000 e dos 10 mil metros e obteve, ainda, o quinto lugar na maratona, recuperando a imagem dos “finlandeses voadores”. Já o cubano Alberto Juantorena ganhou os 400 e os 800 metros, realizando uma “dobradinha” atípica e estabelecendo um novo recorde mundial para as duas voltas à pista.

No diz respeito a Edwin Moses, o velocista norte-americano, pulverizou o recorde do mundo dos 400 metros barreiras, consolidando o seu estatuto de lenda nesta especialidade. Corredor nato e ímpar nas corridas com barreiras, não perdeu uma única prova durante dez anos..

Se por um lado, os norte-americanos festejaram os triunfos de Edwin Moses e de Caitlyn Jenner (na altura, ainda sem ter feito a sua transição de género), sofreram, por outro, duas derrotas, no mínimo, inesperadas, visto que, pela primeira vez desde 1928, não entraram no pódio dos 100 metros e perderam a corrida de 110 metros barreiras.

Quanto ao universo feminino, foi grandemente dominado pelas atletas do Leste europeu, responsáveis por suplantar quatro recordes mundiais e seis máximos olímpicos, através das extraordinárias atuações das alemãs orientais Annegret Richter (100 metros) e Barbel Eckert (200 metros), da polaca Irena Szewinska (400 metros) e da soviética Tatyana Kazankina (800 metros).

O dez perfeito de Nadia Comăneci

O grande destaque desta edição foi uma jovem ginasta romena de apenas 14 anos que colocaria o seu nome na história do Olimpismo. Produto do rigoroso e severo sistema de treino dos regimes comunistas, Nadia Comăneci conquistou três medalhas de ouro e tornou-se a primeira atleta de sempre a obter nota dez nas paralelas assimétricas. A 18 de julho de 1976, a ginasta mostrava ao mundo toda a sua classe, combinando os seus movimentos plenos de perfeição a uma técnica nunca antes vista.

Juntamente com Nadia Comăneci, Sugar Ray Leonard (que viria a ser consagrado como campeão mundial de profissionais, em quatro categorias) deu cartas no pugilismoe as nadadoras alemãs orientais, que venceram 11 das suas 13 provas, também se afiguraram como os grandes destaques de Montreal 76.

A presente edição ficou ainda marcada pela negativa pelo facto de a lançadora do disco polaca Danuta Rosani ter sido desclassificada, devido à ingestão de produtos proibidos, tornando-se na primeira mulher, no que concerne ao atletismo, a revelar no controlo antidoping uso de esteroides anabolizantes. A equipa de natação da RDA também ficou sob suspeita após vencer de forma arrasadora 11 das suas 13 provas, algo que nunca tinha acontecido anteriormente.

Prestação positiva para Portugal

A comitiva portuguesa esteve presente no Canadá com uma pequena delegação de 19 atletas e conquistou duas medalhas de prata, através de Carlos Lopes nos 10 mil metros masculinos em atletismo e do atirador Armando Marques na prova de Fosso Olímpico.

A medalha alcançada pelo jovem natural de Viseu, Carlos Lopes, e pelo atirador luso foram um importante marco para o país das Quinas, pois, até aos jogos de Montreal, Portugal tinha ganho apenas sete medalhas em Jogos Olímpicos (e desde a prata dos irmãos Quina, na vela, nos Jogos de Roma, em 1960, que os portugueses não sabiam o que era ganhar uma medalha).

Ilustração: Adriano Anthony

No quadro de medalhas, a União Soviética foi a nação que mais vezes provou o sabor da vitória, contabilizando 49 medalhas de ouro e um total de 125 medalhas ao longo da prova, seguida da RDA em segundo lugar com 40 medalhas de ouro e um total de 90 medalhas. Os Estados Unidos da América, sempre habituados aos triunfos olímpicos, alcançaram 34 medalhas de ouro num total de 94 conquistadas.

Os Jogos Olímpicos de Montreal mostraram ao mundo o primeiro exemplo de um boicote de um continente insatisfeito, naquele que mostrou ser o  sopro de revolta contra o flagelo segregacionista.

Moscovo 1980: Guerra Fria afasta 65 países, incluindo os EUA, da discussão olímpica

 

Os Jogos da XXII Olimpíada em Moscovo, na antiga União Soviética, foram dos mais marcados pelas crescentes tensões políticas que ditaram a segunda metade do século XX. Estávamos em plena Guerra Fria, e esta foi a primeira, e única, vez que uma edição dos JO foi realizada em terreno soviético.

O sentimento do bloco de Oeste, sempre liderado pelos EUA, era já de desconfiança perante uns Jogos Olímpicos para lá da “Cortina de Ferro”, mas os maiores problemas surgiram menos de um ano antes do acender da chama olímpica em Moscovo. A 24 de dezembro de 1979, o exército Vermelho invadiu o Afeganistão, enfurecendo o Oeste e, novamente, os norte-americanos.

Pressão norte-americana

A ideia de um boicote começou a ser discutida, e o presidente Jimmy Carter acabou por fazer um ultimato em que ameaçava a retirada dos EUA dos Jogos se os soviéticos não retirassem os seus militares do país. A União Soviética não atendeu às exigências e, em março de 1980, o presidente norte-americano anunciou o boicote e que qualquer atleta nacional que fizesse a viagem a terrenos soviéticos iria automaticamente perder o seu passaporte.

Depois de muita pressão aplicada aos aliados dos EUA, um total de 65 países acabaram por boicotar os Jogos de Moscovo. Alguns, apesar de apoiarem o boicote, permitiram que os seus atletas participassem nas provas. A descida no número de nações a participar nos JO acabou por não ser tão significativa quanto o número de países a apoiarem o boicote, mas a quebra comparada com Montreal foi de “apenas” 12 países. Contudo, a diferença para a edição anterior, em Munique, foi já de 41. O número de atletas sofreu também uma descida, com cerca de menos mil atletas do que em Montreal e pouco menos de dois mil em relação aos JO na capital alemã.

Domínio soviético

Tanto a nível global como individual, os países do Bloco de Leste, nomeadamente a União Soviética e a República Democrática Alemã, dominaram a grande parte das modalidades. O número de ouros conquistado por cada um dessas duas potências é, por si só, superior ao total de medalhas conquistadas pelo terceiro país – Bulgária. Os soviéticos conseguiram um recorde absoluto de títulos olímpicos com 76, enquanto que a RDA conquistou 47 medalhas de ouro. Os búlgaros, no total, foram para casa com 41.

Sempre com o domínio das duas superpotências, o mundo viu cair 34 recordes mundiais entre 19 de julho e 3 de agosto. Na modalidade rainha dos Jogos Olímpicos, o atletismo, a URSS e a RDA mostraram, mais uma vez, a sua clara superioridade. Em 38 provas, levaram o ouro em 26 delas, 15 para os soviéticos e 11 para os alemães de leste.

Os destaques no setor masculino vão para o alemão oriental Gerd Wessig (salto em altura), o polaco Wladyslaw Kozakiewicz (salto com vara) e o soviético Yuri Sedykh (lançamento do martelo), todos eles com as melhores marcas alguma vez atingidas na altura.

Gerd Wessig foi o primeiro saltador a chegar aos 2,36m, ultrapassado apenas três anos depois, com a melhor marca atual fixada nos 2,45 metros. Wladyslaw Kozakiewicz mostrou a sua superioridade inegável ao atingir a marca de 5,78 metros, 13 centímetros a mais que qualquer outro atleta. O salto mais alto até à altura havia sido de 5,71. No lançamento do martelo, numa prova em que os soviéticos ficaram com todas as medalhas, Yuriy Sedykh continuou o seu longo período de domínio. Em Moscovo, atingiu a marca de 81,80 metros, recorde olímpico e do mundo.

No lado feminino do atletismo, onde a URSS e RDA apenas perderam dois títulos olímpicos, os recordes mundiais foram alcançados pela equipa da Alemanha de Leste dos 4×100 metros, e pelas soviéticas Nadezhda Olizarenko (800 metros) e Nadezhda Tkachenko (pentatlo).

Olizarenko triunfou numa das mais rápidas corridas de 800 metros que o atletismo feminino alguma vez presenciou. O seu tempo de 1 minuto, 53 segundos e 43 centésimas de segundo é ainda hoje a segunda melhor marca de todos os tempos. As restantes atletas que conseguiram o pódio, também elas soviéticas, fizeram também elas marcas que merecem estar no top-15 atual. Olga Mineyeva é a sexta melhor de sempre com 1:54.81 e Tatyana Providokhina é a 14.ª com 1:55.41.

Tkachenko foi a última atleta de sempre a vencer o pentatlo feminino, prova descontinuada na edição seguinte de 1984 e substituído pelo heptatlo. A prova dessa edição foi, mais uma vez, completamente dominada pelas soviéticas que conseguiram arrecadar o ouro, prata e bronze.

Sebastian Coe e Steve Ovett (atletas de branco) em ação na final dos 1500 metros. Fonte: COI

Fugindo agora da URSS e da RDA, duas das provas mais esperadas do atletismo masculino eram as de 800m e 1.500m. Os dois favoritos para ambas provas eram os britânicos Sebastian Coe e Steve Ovett. Coe era mais especialista na prova mais curta, com Ovett a preferir a mais longa. No entanto, os planos inverteram-se. Na primeira das duas provas, a de 800 metros, Ovett levou o ouro para casa, com Coe a ficar em segundo. Sebastian redimiu-se seis dias depois nos 1.500m, conseguindo o título olímpico, enquanto que Steve Ovett acabou “apenas” em terceiro.

Na natação, emergiu o soviético Vladimir Salnikov, o primeiro homem a nadar os 1.500 metros em menos de 15 minutos, enquanto o boxe foi dominado pelos cubanos, entre os quais se destacou Teófilo Stevenson, um dos melhores pesados da história do pugilismo.

A ginástica ficou marcada pelas performances de dois soviéticos: Aleksandr Dityatin (conquistou oito medalhas, entre as quais três de ouro e quatro de prata) e Nokolay Andrianov (subiu cinco vezes ao pódio, elevando para 15 o total de medalhas olímpicas ganhas em três edições dos Jogos, entre 1972 e 1980).

Depois de algum sucesso em 1976, os portugueses voltaram a não conseguir qualquer resultado de relevo. A verdade é que apenas 11 atletas fizeram a viagem, com muitos a aceder ao apelo do governo de Francisco Sá Carneio de boicotar a edição.

Depois de Moscovo ter ganho a batalha contra os EUA e Los Angeles para receber os Jogos Olímpicos de 1980, é precisamente para a cidade californiana que nos dirigimos no próximo capítulo, bem como para Seoul e Barcelona. Podem acompanhar as histórias de maior relevo das três Olimpíadas na próxima edição do A a T.

Artigo editado por João Malheiro