Dois jovens que passaram pela Universidade do Porto viram o seu espírito empreendedor reconhecido pela lista “30 Under 30” da revista “Forbes”. Com ideias muito diferentes, Carlos Lei Santos e Frederico Carpinteiro estão a deixar uma marca na área da Saúde e da Tecnologia.

Frederico Carpinteiro foi distinguido na categoria “Ciência e Cuidados de Saúde”. Ao JPN, revela que foi uma “surpresa” ter sido reconhecido e vê a distinção da revista norte-americana como um “reconhecimento do trabalho que a Adapttech tem estado a desenvolver”.

O seu percurso começou na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), onde tirou o curso de Bioengenharia. Quando estava no terceiro ano, o jovem juntou-se a um grupo de investigação do INESC TEC − Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência − e foi desafiado a criar um scanner 3D capaz de digitalizar o interior do encaixe de uma prótese”.

Foi assim que surgiu a Adapttech, em 2015, cujo objetivo “é desenvolver qualquer tipo de tecnologia que possa melhorar a qualidade de vida de pessoas com limitações físicas”, esclarece Frederico Carpinteiro.

“Quando acabei o curso, dediquei-me a tempo inteiro ao projeto e a empresa foi fundada oficialmente em 2015”, recorda. Desta forma, a start-up tem como foco de trabalho a inovação Insight que é um dispositivo médico para ser utilizado por protesistas. Através desta tecnologia, estes técnicos conseguem avaliar se o encaixe entre a prótese e o membro amputado está “bem feito e se existe uma boa adaptação”.

Para que isto seja possível “este sistema tem um scanner 3D que faz a digitalização do interior do encaixe”, explica Frederico Carpinteiro. O sistema inclui também um mecanismo para recolha de dados, permitindo a monitorização do processo de reabilitação. “Ao aplicar o sistema, o técnico vai conseguir ver é como é que está a distribuição de pressões dentro do encaixe”, afirma o fundador da Adapttech.

Assim, os técnicos que antes só tinham o feedback do amputado, podem com este sistema “ver alguma coisa que até ao momento era completamente impossível”. Atualmente, este dispositivo médico está disponível na Europa e nos Estados Unidos da América.

Carlos Lei Santos, antigo estudante da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) é co-fundador e CEO da HypeLabs e foi distinguido na categoria de “Tecnologia”. A empresa, uma start-up do UPTEC – Parque da Ciência e da Tecnologia da Universidade do Porto, existe desde 2016 e tem como foco o desenvolvimento de um software de comunicação em redes mesh (rede sem fios em malha, que substitui a que é criada por um router), funcionando com qualquer sistema operativo e canal de transporte, através de bluetooth e Wi-Fi.

Com esta solução, a HypeLabs consegue também oferecer acesso à internet a preços acessíveis a comunidades rurais no continente africano, ajudando empresas a conectar-se e permitindo que os sistemas POS (pontos de venda) e os pagamentos digitais continuem a processar-se mesmo quando não há internet. A empresa tem vários projetos, entre os quais, um realizado no Zimbabué onde “agora existe uma comunidade na capital que está ligada à internet devido à tecnologia da HypeLabs”, afirmou Carlos Lei Santos ao “Jornal de Negócios” em 2019.

O JPN tentou entrar em contacto com o CEO da start-up, mas sem sucesso.

Para além dos jovens portuenses, foram distinguidos outros talentos portugueses. Os fundadores da Hunter Board, na categoria de “Tecnologia” e uma trabalhadora do The Blackstone Group na categoria de “Finanças”.

“O mundo mudou drasticamente, mas uma coisa não mudou: a nossa história a detetar jovens inovadores”, escreve a revista. “Pelo sexto ano, a lista da ‘Forbes under 30 Europe’ está a provar que os jovens não estão a desperdiçar a sua juventude. Eles são o resultado de milhares de nomeações internacionais, meses de relatórios de investigação e o selo de aprovação do nosso painel de juízes”, acrescenta.

A lista completa dos jovens distinguidos pode ser consultada aqui.

Artista editado por Filipa Silva