A terceira fase de desconfinamento arrancou esta segunda-feira (19 de abril) para a generalidade do território nacional. Entre avanços e recuos, 13 concelhos registaram um aumento da taxa de incidência de Covid-19, ficando sob alerta durante os próximos 15 dias. O JPN esteve à conversa com José Manuel Ribeiro, presidente da Câmara Municipal de Valongo, um dos municípios visados, sobre o caminho que deve ser traçado para inverter o atual panorama.

O mais recente Conselho de Ministros, realizado na quinta-feira (15 de abril), determinou os moldes da terceira fase de desconfinamento, que arrancou esta segunda-feira. Enquanto a “generalidade” do país dá continuidade ao seu processo de abertura e de um residual vislumbre de normalidade, alguns concelhos atravessam o cenário oposto.

Segundo explicou o primeiro-ministro, António Costa, não avançam para a terceira fase Alandroal, Albufeira, Carregal do Sal, Figueira da Foz, Marinha Grande e Penela, mantendo as medidas em vigor, ao passo que Moura, Odemira, Portimão e Rio Maior, por estarem neste momento com mais de 240 casos por 100 mil habitantes, sofrem um revés, regressando às normas anteriores da primeira fase de desconfinamento.

Nestes último conjunto de concelhos voltam a fechar as esplanadas e a venda ao postigo e a proibição de circulação para fora do concelho, salvo para as exceções já conhecidas, retornará.

António Costa elencou ainda um conjunto de treze concelhos que atingem, pela primeira quinzena, uma incidência superior a 120 casos por cem mil habitantes. Os municípios que figuram nesta lista podem avançar para a terceira fase, contudo, caso permaneçam neste patamar aquando da próxima avaliação, o desconfinamento será aí travado.

Este quadro verifica-se nos concelhos de Aljezur, Almeirim, Barrancos, Mêda, Miranda do Corvo, Miranda do Douro, Olhão, Paredes, Penalva do Castelo, Resende, Valongo, Vila Franca de Xira e Vila Nova de Famalicão.

Em entrevista ao JPN, José Manuel Ribeiro, presidente da Câmara Municipal de Valongo, afirma que “o concelho está ciente do que tem de enfrentar” e percebe que “se estivéssemos num jogo de futebol”, teriam “recebido um amarelo”, mas promete que o concelho vai “manter a seriedade de sempre, tentando sair desta situação o mais rápido possível”.

No que diz respeito ao número de casos ativos, Valongo tem registado um incremento significativo, sendo que, segundo dados do relatório semanal da Direção-Geral da Saúde, entre 31 de março e 13 de abril, o município passou de 104 para 156 casos por 100 mil habitantes, sendo a par de Paredes (que registou uma subida de 68%, passando de 82 para 138 casos por 100 mil habitantes) os dois casos mais graves da região.

José Manuel Ribeiro refere que este cenário se deve a dois surtos que ocorreram na freguesia de Campo e Sobrado, que faz fronteira com Paredes, e que fizeram “disparar o número de casos” em ambos os concelhos. O autarca afirmou ainda que esta situação está a ser devidamente acompanhada pelas autoridades de saúde pública, que têm desempenhado ações de rastreamento.

José Manuel Ribeiro

José Manuel Ribeiro apela à consciência individual e coletiva. Foto: PS Porto

O caminho que deve ser traçado

Na opinião do autarca, em tempos extraordinários, de que apelidou de “guerra pandémica”, exigem-se medidas extraordinárias. Para além do teatro operacional já existente, desde a eclosão da pandemia, e de um forte dispositivo “em torno da Comissão Municipal de Proteção Civil que já reuniu mais de 150 vezes”, o dirigente referiu, igualmente, que esteve reunido na “passada quinta-feira, com o Comando da Polícia de Segurança Pública, o Comando da Guarda Nacional Republicana, o Hospital de São João, os Presidentes de Junta, a Segurança Social e os Bombeiros de Ermesinde e de Valongo, de modo a preparar da melhor forma possível a terceira fase de desconfinamento”.

Paralelamente, foi determinado que as autoridades de segurança pública “reforçassem ainda mais as ações de fiscalização, especialmente junto do comércio”. José Manuel Ribeiro salientou também que, durante esta segunda-feira, foi levada a cabo uma reunião com “as direções escolares do público e do privado, sensibilizando-as para a problemática que se tem agravado no concelho, numa semana marcada pelo regresso das aulas presenciais e, consequentemente, de 10 mil alunos às escolas“.

No que concerne à existência de surtos no município, o dirigente mencionou que a autarquia valonguense fez um pedido expresso à Autoridade de Saúde Pública no sentido de, face à rapidez de propagação do vírus nestes casos específicos, avançar “com a realização de uma análise à genotipagem dos surtos para tentar perceber que tipo de vírus está a circular, atendendo às diversas variantes que existem”.

José Manuel Ribeiro destaca que o atual panorama que o concelho atravessa é um problema de todos, reiterando a importância do cumprimento das regras, numa era onde “todos são agentes de saúde pública” e no qual o município está “completamente nas mãos da população”.

O autarca mostra-se confiante numa inversão da tendência que se tem verificado de aumento do número de casos: “Acredito no concelho de Valongo, sempre acreditei, agora, espero que, coletivamente, consigamos dar resposta e dentro de 15 dias estar abaixo de 120 casos por 100 mil habitantes, que é a nossa prioridade”.

Artigo editado por João Malheiro