José Mourinho foi, na segunda feira (19), despedido do Tottenham Hotspur FC, depois de 17 meses ao leme do clube de norte de Londres.
O timing da saída de Mourinho gerou alguma especulação. O empate na última jornada chegou contra uma equipa que está a lutar pelos mesmos objetivos dos Spurs (Everton FC), e a equipa vai participar na final da Taça da Liga no próximo domingo, dia 25 de abril, contra o Manchester City.
Ainda não é certa a causa do despedimento, com relatos tanto a dizer que esteve relacionado com a participação do Tottenham na Superliga Europeia, algo que, supostamente, Mourinho estaria contra, como também a afirmar que apenas se deveu aos resultados da presente época.
The Club can today announce that Jose Mourinho and his coaching staff Joao Sacramento, Nuno Santos, Carlos Lalin and Giovanni Cerra have been relieved of their duties.#THFC ⚪️ #COYS
— Tottenham Hotspur (@SpursOfficial) April 19, 2021
No imediato, será Ryan Mason, antigo jogador dos Spurs, a assumir de forma interina, até ao final da época, o comando técnico da equipa. O antigo médio fez toda a sua formação no Tottenham e chegou a fazer 78 jogos pela equipa principal, até sair para o Hull City FC, de Marco Silva. Em janeiro de 2017, sofreu uma lesão muito grave num jogo contra o Chelsea FC, onde fraturou o crânio. Depois de um longo processo de recuperação, anunciou a fevereiro de 2018 que se iria reformar enquanto jogador. Nessa altura, recebeu um convite por parte do seu clube do coração, o Tottenham Hotspur FC, para assumir um papel de treinador nos escalões de formação do clube. Começou por liderar os sub-19, e era até agora coordenador da formação.
Following the departure of Jose Mourinho, we can now confirm that Ryan Mason will take charge as Interim Head Coach for the remainder of the season.#THFC ⚪️ #COYS
— Tottenham Hotspur (@SpursOfficial) April 20, 2021
Segundo o que a imprensa britânica tem noticiado, já desde antes do despedimento de Mourinho, o sucessor que Daniel Levy tem como primeira opção é Julian Nagelsmann, o jovem treinador do RB Leipzig. Numa segunda linha, aparecem nomes como Brendan Rodgers, treinador do Leicester City, Maurizio Sarri, ex-Chelsea e Juventus, e ainda Nuno Espírito Santo, atual líder do Wolverhampton Wanderers.
Uma passagem surpreendente e breve
Os dias 19 e 20 de novembro de 2019 foram muito impactantes para os adeptos dos Spurs. No final da tarde de 19, Mauricio Pochettino foi despedido e, quase imediatamente, falava-se que seria José Mourinho o seu sucessor. Pouco mais de 12 horas depois, na manhã de 20, o português foi apresentado por Daniel Levy, presidente do clube, como o próximo treinador do Tottenham Hotspur FC.
Pochettino elevou muito as expectativas dos adeptos e dirigentes, mas era agora trabalho de José Mourinho de conseguir agregar o que argentino tinha feito, dar o seu toque pessoal e fazer o que havia feito por todo o lado que tinha passado – vencer títulos.
A dramatic #PL weekend pic.twitter.com/4nNdSH0kPY
— Premier League (@premierleague) November 11, 2019
O seu reinado começou de forma positiva. Chegou com o clube em 14.º na tabela da Premier League ao fim de doze jogos, ainda que apenas a três pontos do quinto classificado. Mudou alguns detalhes da equipa – colocou Eric Dier a jogar no meio-campo, apostou em dois extremos de raiz e os resultados, no imediato, foram melhores.
Apesar de alguns sustos nos primeiros jogos – na estreia contra o West Ham estava a ganhar por três bolas a nada, mas deixou os vizinhos aproximarem-se do empate com dois golos perto do fim com mais um a ser anulado, e contra o Olympiacos na segunda partida começou desde muito cedo a perder por 2-0, mas acabou por virar a partida e vencer por 4-2 – conseguiu quatro vitórias nos primeiros cinco jogos.
A equipa ainda teve alguns momentos menos positivos ao longo da temporada, como os seis jogos sem ganhar diretamente antes da pandemia forçar a paragem das competições, mas de uma forma geral, José Mourinho conseguiu estabilizar o barco. O objetivo principal de chegar à Liga dos Campeões não foi cumprido, mas a qualificação para a Liga Europa não ficou comprometida.
Mas se a época 2019/2020 foi vista por alguns, ainda assim, como positiva, então o início da presente época, até à altura do Natal, estava a ser verdadeiramente entusiasmante para os adeptos dos lilywhites. O clube reforçou-se em quantidade e qualidade ao longo do mercado de transferências do verão, com contratações de Sergio Reguilón, Matt Doherty, Joe Rodon, Pierre-Emile Højbjerg, Carlos Vinicius e do nome mais sonante de todos – Gareth Bale.
Bale. Is. Back.
Welcome home, @GarethBale11 😍 #BaleIsBack ⚪️ #COYS pic.twitter.com/iOIWC2ZwtC
— Tottenham Hotspur (@SpursOfficial) September 19, 2020
Ainda que tenha perdido o primeiro encontro da época, contra o Everton FC em casa, partiu para uma série invencível no campeonato, que apenas acabaria a 16 de dezembro, contra o Liverpool FC, à 13.ª jornada. Neste período. apenas perdeu para a Liga Europa contra o Real Antuérpia, e chegou mesmo à liderança da Premier League, na altura com os mesmos pontos que, precisamente, o Liverpool.
Nesse dia, Klopp levou a melhor, e começou a abalar a confiança dos Spurs. Não ganhou os seguintes dois jogos para a Liga, ainda que tenha conseguido depois voltar a estabilizar.
Mas o Liverpool FC voltou a ser carrasco da equipa de José Mourinho. Pouco mais de mês e meio depois, as formações voltaram a encontrar-se para a Premier League, com os reds a saírem por cima mais uma vez. A partir deste momento, a época dos lilywhites caiu a pique. Nos seis jogos seguintes, a contar para a Liga inglesa, perdeu por cinco vezes, conseguindo apenas triunfar diante do West Bromwich Albion, penúltimo classificado.
Depois deste período difícil, a equipa dava sinais de recuperação, mas foi nesse momento que aconteceu o maior choque da temporada. Nos oitavos de final da Liga Europa, o Tottenham defrontou o Dínamo Zagreb. Na primeira mão, os ingleses triunfaram por 2-0 em casa, partindo para a Croácia com algum conforto. Mas a equipa esteve desligada da partida da segunda mão, e acabou mesmo por perder por 3-0 já no prolongamento.
Nos quatro jogos desde então, venceu apenas por uma vez, contra o Aston Villa FC, contando com dois empates contra o Newcastle United e Everton onde a equipa desperdiçou lideranças. No final de contas, foram 20 pontos perdidos a partir de posições favoráveis na Premier League, mais que qualquer outro clube. Adicionando esses vinte pontos, o Tottenham fica na segunda posição, a apenas quatro pontos do líder Manchester City FC.
20 – No Premier League side has dropped more points from winning positions this season than Tottenham Hotspur (20, level with Brighton). Issues. pic.twitter.com/PW5vkMx8Hy
— OptaJoe (@OptaJoe) April 16, 2021
José Mourinho conseguiu uma média de pontos por jogo no Tottenham inferior a Pochettino, André Villas-Boas e Harry Redknapp. Foi também a época na carreira do treinador onde registou o maior número de derrotas, com 13.
Artigo editado por João Malheiro