Arrancou esta sexta-feira o primeiro Encontro Nacional de Conselhos Municipais da Juventude. As sessões ocorrem em videoconferência, organizadas pelas câmaras municipais do Porto e Braga e pelo Conselho Nacional da Juventude (CNJ), com o intuito de se apurarem as novas linhas orientadoras de ação de cada conselho municipal. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o secretário de Estado do Desporto, João Paulo Rebelo, vão marcar presença no encontro.

João Pedro Videira, ex-presidente da Federação Académica do Porto e atual presidente do CNJ, considera que a importância do encontro passa por “ver onde estes conselhos municipais existem e discutir estratégias a nível regional para estes grupos”. “Depois de algumas conversas com as câmaras municipais de Braga e Porto, deu para perceber que um encontro como o de hoje e amanhã era uma vontade partilhada por nós [Conselho Nacional da Juventude] e pelas autarquias”, afirmou em declarações ao JPN.

A reunião, segundo João Pedro Videira, tem alguns propósitos importantes, sobretudo no que toca “à mudança da lei quanto ao funcionamento dos conselhos municipais de juventude e à sua atuação.”

O líder do CNJ considera que, até agora, existem ainda demasiados municípios em que os conselhos municipais da juventude não estão integrados nas tomadas de decisão autárquica e que “estes grupos são uma lufada de ar fresco” por perspetivarem os vários assuntos de forma dinâmica e representarem uma parte da população importante para o desenvolvimento das regiões.

“Queremos sensibilizar mais municípios para que ativem ou reativem os seus conselhos municipais da juventude, porque o país vive um problema demográfico assustador. Há um grande aglomerado populacional junto ao litoral, nomeadamente nas Áreas Metropolitanas do Porto e Lisboa. Os concelhos do interior, também eles inibidos face à postura do Estado central, não mostram capacidade em atrair e fixar novas gerações”, analisa.

João Pedro Videira deixa críticas à forma como algumas cidades mostram desconsideração por estes órgãos. O dirigente aponta o caso de Lisboa, “sem um conselho municipal da juventude ativo desde 2015”, ou o Porto, “só plenamente ativo neste último mandato do Executivo [de Rui Moreira]”.

São vários os temas que João Pedro Videira toma como relevantes no que diz respeito ao debate autárquico na perspetiva dos jovens residentes: “Segurança, mobilidade, empregabilidade, habitação, desporto, cultura; tudo isto são temas importantes que devem ser debatidos também pelos mais novos, porque, caso contrário, o fosso entre o poder e os cidadãos aumenta”.

No fim do encontro, marcado para este sábado, espera-se que saia a Carta A3. Uma espécie de manifesto dos conselhos municipais da juventude com dez ideias essenciais retiradas dos debates da cimeira. “A Carta A3 será apresentada ao poder político a vários níveis: presidentes de câmara, vereadores, deputados da Assembleia da República e secretários de Estado. Queremos debater ideias com todos eles”.

270 participantes de 90 municípios vão estar presentes em reuniões abertas ao público (mediante inscrição prévia, que terminou no dia 26 de março).

Artigo editado por Filipa Silva