Em 2018, os presidentes da Câmara do Porto, Rui Moreira, e de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues anunciavam a construção de uma nova ponte “ao nível do tabuleiro inferior da Ponte Luiz I” que ligaria as cidades do Porto e Vila Nova de Gaia. Quatro anos depois, durante a manhã desta quinta-feira, foi aprovado por unanimidade, a realização de um concurso público com o objetivo de iniciar a conceção do projeto, segundo confirmou o JPN junto de fonte oficial da autarquia de Gaia. O mesmo não aconteceu na Câmara do Porto que, ironizou Rui Moreira, “resolveu fazer uma rábula”.

“O senhor presidente de Gaia vai ter que ter paciência. O que não consigo compreender é que, a mesma força política, que em Gaia acha que está tudo bem e que tem que se fazer a ponte, aqui no Porto a história é ao contrário”, declarou o presidente da Câmara Municipal do Porto, no final da reunião pública do executivo, que decorreu também esta quinta-feira, numa alusão às questões levantadas pelos vereadores da oposição, nos quais se incluem os do Partido Socialista.

Por terem sido levantadas dúvidas sobre a transparência e a falta de discussão do projeto, pelos vereadores da oposição, no Porto, a votação da proposta de lançamento do concurso só será votada daqui a duas semanas, segundo informou o autarca na reunião.

A travessia da nova Ponte D. António Francisco dos Santos terá duas ligações. A primeira será entre Quebrantões, Oliveira do Douro e a Avenida Paiva Couceiro, na marginal do Porto. Posteriormente, está previsto “um prolongamento a sul, com ligação à A44 (VCI), permitindo um acesso mais fácil a quem transita pela ponte do Freixo”, pode ler-se na proposta a que o JPN teve acesso.

A única alteração é a localização da ponte. “A APA [Agência Portuguesa do Ambiente], de repente, descobriu que é preciso um leito de cheia e que a ponte tem de estar acima do nível que estava previsto, que era o tabuleiro inferior da Ponte D. Luis”, explicou Rui Moreia, revelando que a estrutura será maior e terá de ficar num nível mais elevado.

No total, a estrutura terá 625 metros de comprimento, 300 dos quais ficarão sobre o rio, e um perfil transversal de tabuleiro de 21,50 metros. A construção ainda não tem data de início, mas estima-se que esteja terminada no início de 2025.

A nova ligação vai ficar localizada entre as pontes São João e do Freixo e será utilizada para trânsito rodoviário, transportes públicos, peões e ciclistas. A obra, que incluirá a construção do tabuleiro e ligações rodoviárias de acesso, vai ter um custo de 36,9 milhões de euros que serão pagos, em partes iguais, pelos dois municípios.

Para além de aliviar o tráfego nas pontes da Arrábida e Luiz I e de dar uma resposta eficaz às necessidades das populações urbanas, a nova proposta pretende salientar o “potencial turístico e de lazer” das duas cidades.

A construção de passeios nos dois lados da Ponte D. António Francisco dos Santos é uma característica a destacar, tendo em conta que a circulação de peões só é permitida na Ponte Luiz I. A nova travessia terá ainda ciclovias bidirecionais que integrarão o “anel marginal ciclável” disponível para quem pratica ciclismo ou não dispensa um passeio de bicicleta.

No futuro, destacam as autarquias, o objetivo é avançar para a pedonalização do tabuleiro inferior da Ponte Luiz I e intervir na Ponte Maria Pia, de forma a torná-la apta para peões e bicicletas.

Artigo editado por Filipa Silva e João Malheiro