O espetáculo “Quem fala assim” regressa ao Porto esta sexta-feira (14). Depois de uma primeira passagem pelo Teatro Helena Sá e Costa, em outubro, é a vez da Casa das Artes o receber, a partir das 19h30. Em formato multimédia, a apresentação promete surpreender o espectador através de um filme musicado em tempo real.

O projeto multidisciplinar reúne em palco dois compositores, instrumentistas e artistas multimédia num retrato que reúne humor, música contemporânea e um debate, que não vai abordar exclusivamente a gaguez, embora o grande objetivo seja dar-lhe palco. A discussão será estendida ao público, abordando a diversidade de falar e pensar.

Responsáveis pela composição e direção de arte, José Tiago Batista e Manuel Brásio, do coletivo Interferência, também dão corpo aos atores principais do espetáculo.

Ao JPN, José Tiago Batista conta que a ideia foi motivada pela experiência direta com a gaguez de Manuel Brásio e pela perceção conjunta sobre as “características musicais” da gaguez.

A apresentação já percorreu outras salas de espetáculos e festivais em Aveiro, Braga, Coimbra, Lisboa, Castelo Branco, Viseu e Seia. Segundo o co-diretor artístico, o público tem recebido o debate que envolve a produção de forma positiva, sobretudo os que sabem o que é a gaguez: “sentiam-se bem com aquele espetáculo, sentiam-se refletidos no espetáculo e viram la uma série de questões abordadas que sentiam na pele”, garante José Tiago Batista.

Para além de alcançar novos públicos, a produção visa alargar o debate sobre a temática que abrange mais de 100 mil portugueses, encarando a gaguez não como um problema, mas sim como uma forma de falar. “Isto é um manifesto sobre a diferença humana e a beleza da diferença humana”, sublinha José Tiago Batista ao JPN.

O espetáculo é de acesso gratuito, sendo contudo sugerido ao público um “donativo” no valor de 5 euros para o público em geral e de 3 euros para os sócios da Associação Portuguesa de Gagos ou do coletivo Interferência.

O coletivo Interferência é uma associação portuense dedicada à formação e criação na área da “nova música”. O espetáculo contou com o apoio da Associação Portuguesa de Gagos, do Ministério da Cultura e da Direção-Geral das Artes e segue, depois do Porto, para Viana do Castelo onde sobe ao palco, no Teatro Sá de Miranda, a 28 de maio.

Artigo editado por Filipa Silva