Aliar a poesia ao cinema. Era assim que António Reis, poeta e cineasta – ou cineasta e poeta, porque as duas vertentes eram, na verdade, indissociáveis – executava o seu trabalho. E é com base nessa aliança que se programou o “Rosto das Letras” deste ano, dedicado ao autor gaiense falecido em 1991. Entre 21 a 23 de maio, o Cine-Teatro Eduardo Brazão, em Valadares, Vila Nova de Gaia, será o palco da programação – gratuita e para todos os gostos.

À quinta edição, a iniciativa do Município de Gaia que tem como objetivo “promover o gosto pela leitura, bem como divulgar nomes gaienses associados à literatura”, colocou o foco sobre António Reis, depois de ter homenageado Albano Martins (2016), Miguel Miranda (2017), Rentes de Carvalho (2018) e Maria Alberta Menéres (2019).

O programa inicia-se dia 21, sexta-feira, às 21h00 com o debate “António Reis, Poeta do Quotidiano”. A conversa, que no tema alude à obra poética mais emblemática do autor, vai ter como intervenientes o poeta, crítico literário e cinéfilo Pedro Mexia, o curador António Gonçalves e António Reis (sobrinho do homenageado) e será moderada pelo repórter e cinéfilo Mário Augusto.

Depois da troca de opiniões, chega o momento de enaltecer este “cuidador de memórias” e dar a conhecer ao público a exposição “Mãos que Passam por Nós”, organizada por António Gonçalves. Nela serão apresentadas primeiras edições literárias, “alguns documentos referentes ao seu trabalho no âmbito do cinema”, correspondências com familiares e amigos e ainda registos de letras de cantares populares.

Sábado, dia 22, é dia de provar que a poesia também se faz de imagem e som. Às 15h30, após uma breve explicação da história, será exibido o filme “Trás-os-Montes”. Película e viagem ao passado da autoria de António Reis, datada de 1976. Por volta das 21h00, Pedro Mexia apresentará a reedição de “Poemas Quotidianos”, que foi publicada pela Tinta da China em 2017 – depois de a obra estar há várias décadas esgotada – no âmbito de uma coleção de poesia coordenada pelo membro residente do programa “Governo Sombra”.

A partir das 21h45, o programa é dedicado à música, num serão poético musical intitulado “Eu se Deixo de Respirar”.

Mas como música nunca é demais, a mesma está de regresso no último dia de cartaz. Para domingo, dia 23 de maio, às 15h30, o palco é da banda Mão Morta – na sua versão REDUX – que brindará o público com um filme-concerto repleto de “epifania a preceito”, onde poesia, cinema e música ganharão “fôlego e expressão”.

Os Mão Morta REDUX vão atuar domingo, dia 23 de maio

Mão Morta em versão Redux Foto: D.R. Cine-Teatro Eduardo Brazão/André C Macedo

Ainda que a capacidade do Cine-Teatro Eduardo Brazão esteja limitada, no máximo e segundo as normas de DGS, a 100 pessoas, Isaque Ferreira responsável pela direção artística do “Rostos das Letras” mantém-se confiante. “Estamos a falar de um cenário muito peculiar, até porque, com esta circunstância pandémica, estamos a readquirir alguns comportamentos. Mas temos expectativas, esperamos ter a sala repleta não no seu número de lugares, mas no número de lugares disponíveis”, explica.

Os mais novos também não foram esquecidos e, por isso mesmo, o Cine-Teatro preparou um programa exclusivo para alunos do pré-escolar e primeiro ciclo que vai decorrer ao longo desta semana. De 17 a 21 de maio é tempo de conhecer a rubrica “Às voltas, Tiiiiiiiimmmmmmmm! Taaaaaaaammmmmmmm!” pel’O Som do Algodão, produção que procura transportar os poemas de António Reis até ao universo infantil. Através da articulação com a comunidade escolar, estabelecer “a aproximação à obra do poeta com recurso ao formato audiovisual”. O visionamento será feito nas escolas que manifestem interesse.

O “Rostos das Letras” é uma iniciativa do Município de Gaia, através do Pelouro da Cultura e Programação Cultural, com produção da Exemplo Extremo.

Artigo editado por Filipa Silva