A final da Liga dos Campeões realiza-se já no próximo sábado (29) no Estádio do Dragão, no Porto, mas esta quarta-feira ainda persistem dúvidas sobre a operação de segurança que vai ser montada na cidade, num momento em que já começam a chegar adeptos ao Porto.

Depois de vários pedidos de informação frustrados junto de autoridades portuguesas, a UEFA veio esta quarta-feira prestar alguns esclarecimentos adicionais sobre o modo como serão conduzidos os milhares de adeptos que no sábado vão estar no Porto. Também a PSP do Porto acabou por confirmar a realização de uma conferência de imprensa para amanhã (dia 27) para apresentar a sua operação de segurança.

A UEFA garantiu num esclarecimento citado pela agência Lusa que “a esmagadora maioria dos adeptos dos dois clubes finalistas viajará através de voos charter organizados, como foi acordado pela UEFA, pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e pelas autoridades portuguesas”.

A entidade acrescenta ainda que será montado “um sistema de mobilidade abrangente e eficiente” para “acolher os adeptos no aeroporto e levá-los diretamente para os pontos de encontro dos fãs, aos quais só podem aceder adeptos munidos de prova de um resultado de teste negativo [à Covid-19]”.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, já tinha indicado, esta manhã, onde ficariam localizadas essas fan zones que os organizadores pediram à autarquia para disponibilizar: “um deles na Avenida dos Aliados, que permite que os adeptos desse clube, através do metro da Trindade, se encaminhem para o estádio e depois do estádio para o aeroporto. E o outro na zona da Alfândega, o que permite que através de autocarros também cheguem ao estádio e depois daí para o aeroporto”, revelou o autarca aos jornalistas à margem de um evento.

“Nestas zonas de fãs”, complementou a UEFA na sua nota, “haverá uma série de espaços com alimentação e bebidas, instalações sanitárias, postos de primeiros socorros e atividades organizadas pelos dois finalistas para entreter os adeptos ao longo do dia nos dois locais mais emblemáticos da cidade do Porto”.

Tal como havia indicado o edil do Porto, os “adeptos serão conduzidos desses pontos de encontro diretamente para o estádio, onde o acesso também só será concedido com prova de um teste negativo”.

Após a final, “os adeptos serão conduzidos diretamente para o aeroporto”, que, segundo a UEFA, “garantiu que será capaz de acomodar os cerca de 100 horários adicionais para os voos que transportam os adeptos que chegam e partem em dia de jogo”.

“Estas medidas visam assegurar que tanto os adeptos visitantes como a população local possam ter um dia seguro e evitar, na medida do possível, o contacto entre ambos”, concluiu o organismo que regula o futebol europeu.

Uma “bolha” com buracos?

A ministra do Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, informou, no dia 13 de maio, assim que foi conhecida a decisão da UEFA de realizar o último jogo da Liga dos Campeões no Estádio do Dragão, que “as pessoas que vierem à final da Liga dos Campeões virão e regressarão no mesmo dia, com teste feito e em situação de bolha, ou seja, em voo charter, deslocação para duas zonas de espera de adeptos, daí para o estádio e depois do jogo de volta para o aeroporto, estando em território nacional menos de 24 horas com esta permanência em bolha e testes obrigatórios”.

Já esta quarta-feira, o jornal “Público” avançou, citando a resposta que recebeu da UEFA, que a viagem dos adeptos no dia do jogo era, afinal, “altamente recomendável”, mas não obrigatória, razão pela qual outros órgãos, como a RTP, encontraram já hoje adeptos ingleses a chegarem ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro.

Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, frisou esta manhã, a propósito, aos jornalistas, esta manhã, que “a Câmara do Porto não é nem organizadora nem coorganizadora do evento”. “O evento é organizado pela Federação Portuguesa de Futebol em conjunto com a UEFA, com o patrocínio do governo”. O autarca disse, contudo, esperar que o comportamento dos adeptos ingleses “seja um comportamento adequado”.

Sobre a questão dos adeptos que vem de fora da bolha da segurança para assistir ao jogo, o autarca acredita que “o governo e as autoridades competentes, quer na área da saúde, quer na área de segurança e proteção dos cidadãos, irão funcionar”.

O presidente da câmara é da opinião que a vinda dos adeptos ingleses “é bom para a nossa economia” e que a “cidade deve ficar contente, desde que a polícia desempenhe a sua tarefa”. Porém, não adiantou mais informações sobre a operação de segurança deste evento, remetendo para as autoridades competentes: “Têm que fazer naturalmente a pergunta ao Ministério da Administração Interna, que com certeza estará a acompanhar isto com todo o cuidado, e à Direção-Geral da Saúde”.

Contactados pelo JPN, o Ministério da Administração Interna e o Ministério da Educação, dentro do qual se integra a secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, não prestaram esclarecimentos sobre o plano de segurança que estará a ser preparado pelas autoridades.

A final da Liga dos Campeões vai opor duas equipas inglesas: o Manchester City e o Chelsea, a partir das 20h00 de sábado (29). O número de adeptos que vai marcar presença no estádio foi reforçado esta terça-feira pela UEFA. Dos 12 mil adeptos anunciados inicialmente – seis mil com bilhete vendido por cada finalista – a UEFA decidiu colocar à venda mais 1.700 bilhetes, depois de ter  recebido das autoridades portuguesas a indicação de que o recinto podia ser ocupado até um terço da sua lotação, isto é, até aos cerca de 16.500 lugares. Além dos ingressos vendidos, haverá assim ainda espaço para cerca de 2.800 convidados.

Artigo editado por Filipa Silva