O Estádio Olímpico de Roma recebeu, na noite de sábado, aquele que se previa ser o jogo mais desequilibrado dos quartos de final do Euro 2020. A suspeita encontrou concretização dentro de campo, com uma expressiva vitória final a sorrir aos ingleses que continuam sem sofrer golos desde o início do torneio. 

Na escolha dos 11, a Ucrânia apresentou-se num 5-3-2 com Buschan na baliza, Zabarnyi, Kryvstov e Matvieyenko como os homens mais recuados, apoiados por Karavaev e Mykolenko (única alteração no 11 para o lugar de Stepanenko) nas linhas. Sydorchuk, Shaparenko e Zinchenko ocuparam a zona central e suportaram os jogadores mais avançados, Yarmolenko e Yaremchuk. 

Do lado da equipa dos “três leões”, Gareth Southgate fez duas alterações na equipa inicial e regressou a uma linha defensiva constituída por quatro jogadores. Alinhada num 4-2-3-1, a Inglaterra formou um quarteto defensivo com Walker, Stones, Maguire e Shaw, apoiados pelos trincos Philips e Rice. Relativamente ao ataque, Sancho, Mount e Sterling foram as apostas para suportar o homem mais adiantado, Harry Kane. Trippier e Saka começaram o jogo no banco, contrariamente ao que tinha acontecido frente à Alemanha. 

Felix Brych foi o árbitro designado para este último embate dos quartos de final, apoiado por Marco Fritz no VAR. 

Golo solitário de Kane garantiu vantagem ao intervalo

A Inglaterra enfrentava o primeiro teste fora de portas e a perspetiva do regresso a Wembley para as meias-finais e para a final poderia funcionar como um fator adicional de motivação para a formação orientada por Gareth Southgate. Por outro lado, a fadiga física dos ucranianos depois do jogo frente à Suécia nos oitavos de final, que só terminou no prolongamento, poderia ser uma desvantagem para os comandados de Andriy Shevchenko. 

A seleção inglesa entrou muito pressionante no jogo e o primeiro golo surgiu ao minuto 4 pelos pés de Harry Kane. Numa jogada que começou com Sterling, o jogador do Manchester City driblou da ala esquerda para a zona central, descobriu Kane entre os defesas ucranianos num passe que valeu meio golo e o goleador do Tottenham só teve que finalizar de pé direito para abrir o marcador. 

A Ucrânia encontrou muitas dificuldades em ter bola e, apesar de se manter muito fechada defensivamente, conseguiu aproveitar uma perda de bola no meio campo defensivo da Inglaterra para criar perigo. No duelo 1×1 entre Yaremchuk e Stones, Yaremchuk levou a melhor, rematou à baliza de pé esquerdo e obrigou Pickford a uma resposta atenta depois de um remate rasteiro de pé esquerdo vindo da ala.

A seleção inglesa estava confortável no jogo e reagia rápido à perda de bola, assumindo uma toada pressionante que causava problemas ao adversário. Ao minuto 33, uma “bomba” de Rice podia ter sido fatal para Buschan, mas o remate saiu à figura do guarda-redes ucraniano. 

A dez minutos da ida para os balneários, a saída forçada de Kryvtsov e a entrada de Tsygankov podia ter sido a reviravolta no jogo, não fosse a segunda parte de chuva de golos ingleses. A equipa ucraniana passou a jogar em 4-3-3 no momento ofensivo e 4-5-1 no momento defensivo, com uma estrutura que mudou por completo e soltou uma Ucrânia mais criativa, com mais bola e com mais investidas ofensivas.

Ingleses não deram hipótese no segundo tempo

Os comandados de Southgate entraram a todo o gás na segunda parte e bastaram poucos minutos para Maguire carimbar o segundo golo inglês. Depois de um livre batido do lado esquerdo por Luke Shaw, Maguire cabeceou de forma certeira para dentro da baliza ucraniana num golo construído pela dupla de Old Trafford. 

Shaw estava em brasa nas assistências e, numa jogada que começou com a recuperação no corredor, rapidamente Sterling ganhou a frente a um adversário na ala. No entanto, sem conseguir evoluir, combinou com o lateral do Manchester United que teve um excelente timing de progressão e cruzou para a cabeça de Harry Kane que bisou na partida. Estava feito o 3-0. 

A primeira substituição de Southgate fez entrar Henderson e sair Rice e o jogador inglês não demorou a tentar causar perigo. Henderson tentou o passe longo para Sterling, o corte sobrou para Harry Kane que fez um grande remate de primeira com a bola no ar de pé esquerdo, mas foi travado por uma grande defesa de Buschan. No seguimento do lance, foi batido um canto por Mason Mount e Henderson, acabado de entrar, cabeceou para golo. 

As duas seleções aproveitaram o golo para mexer. Do lado da Ucrânia saiu Sydorchuk e entrou Makarenko. Do lado inglês, o técnico lançou Trippier, Rashford e Bellingham e fez sair Shaw, Sterling e Phillips. 

Com o tempo a passar, a equipa ucraniana manteve-se sem ânimo e entregou-se ao jogo. Ao minuto 73, Calvert-Lewin ocupou o lugar de Harry Kane na última substituição do jogo.

A “chuva” de golos inglesa foi fatal no estado de espírito dos ucranianos que não conseguiram criar oportunidades de perigo na segunda parte. Depois do golo de Henderson o jogo pausou, a Inglaterra jogou com o relógio e fechou o encontro com um 4-0 no marcador. Segue-se a Dinamarca nas meias-finais.

Harry Kane, que tinha iniciado o europeu com alguma falta de concretização, bisou na partida e foi considerado o Homem do Jogo pela UEFA.

“Uma atuação fantástica”

No final do encontro, Southgate mostrou-se muito satisfeito com a exibição da equipa e disse que “jogar num estádio histórico, numa noite que foi linda para o futebol, o clima inspirou os jogadores”.

“Tiveram uma atuação fantástica, não só os jogadores que começaram, mas também os jogadores que entraram em jogo”, realçou.

Relativamente ao jogo frente à Dinamarca, o técnico inglês considerou que a seleção dinamarquesa já era uma boa equipa antes e “eles provaram isso novamente neste torneio”, antevendo uma boa partida nas meias-finais. 

Do lado ucraniano, Shevchenko realçou que a equipa fez um grande torneio e “recusou-se a abandonar a sua forma de jogar, independentemente dos resultados e do adversário.” O técnico deixou uma palavra aos seus jogadores que “fizeram tudo o que podiam”. “Quero agradecer-lhes por isso hoje”, frisou. Shevchenko considerou as bolas altas a maior dificuldade causada pela Inglaterra e falou na saída de Kryvtsov na primeira parte como crucial no jogo. 

Esta foi a maior vitória de sempre da Inglaterra na fase final do Euro. A seleção dos “três leões” marca agora encontro com a Dinamarca na próxima quarta-feira, 7 de julho, às 20h00, em Londres. Um dia antes, e mesma hora, defrontam-se a Espanha e a Itália na primeira meia-final do Euro 2020.

Artigo editado por Filipa Silva