Duas das equipas-sensação do Euro 2020 mediram forças, este sábado, no Estádio Olímpico de Baku. A Dinamarca, que parece avançar na prova sobre os ombros de um sonho, acabou por comprovar o ligeiro favoritismo que levava para o jogo perante a aguerrida e incansável formação da República Checa. Dois golos marcados ainda na primeira parte garantiram aos nórdicos a desejada passagem às meias-finais do Europeu, algo que não acontecia desde a conquista do Euro em 1992. A Inglaterra espera-os em Wembley. 

Mas voltemos ao jogo deste sábado. Para tentar vencer a partida, os dois técnicos abordaram o desafio com mentalidades semelhantes, embora com sistemas táticos diferentes, à procura de marcar cedo, tirando proveito da pressão alta e elevada intensidade de jogo.

Se, por um lado, Kasper Hjulmand iniciou o encontro dispondo a Dinamarca num 3-4-2-1, com Damsgaard e Braithwaite no apoio a Dolberg, já Jaroslav Šilhavý optou por colocar os checos a jogar em 4-2-3-1, mudando apenas uma peça em relação à vitória ante os Países Baixos, entrando Boril para o lugar de Kaderabek.

Golo madrugador propiciou ritmo elevado

Extremamente motivada pela sensacional campanha no Euro 2020, impulsionada pela união em torno de Eriksen (que foi homenageado antes do apito inicial), a seleção dinamarquesa abriu o ativo logo aos 5 minutos.

Na sequência de um canto à direita, Stryger Larsen levantou a bola e encontrou Delaney, que, completamente solto de marcação, cabeceou de forma fulminante para o canto inferior esquerdo da baliza, não dando hipótese a Vaclik.

O golo quase a abrir forçou os checos a pressionaram de forma ainda mais agressiva, tentando recuperar a bola rapidamente.

Embora o tenha conseguido fazer durante a maior parte do que restava do primeiro tempo, a República Checa não teve acutilância no último terço e, consequentemente, não criou perigo, à exceção de uma incursão de Masopust, que acabou com um remate de Holeš na direção de Schmeichel.

A Dinamarca, em contraste, não teve grande capacidade de reter a bola, mas causou mais calafrios à defesa adversária, até chegar ao 2-0, aos 42 minutos.

Na ala esquerda, o destro Mæhle, que tem sido uma das figuras do Europeu, fez um cruzamento teleguiado, de ‘trivela’, que só parou no pé direito de Dolberg, que fuzilou a baliza checa.

Com a vantagem ampliada, os dinamarqueses ganhavam uma almofada, num jogo em que estavam a sentir dificuldades em suster a pressão adversária.

Resiliência checa incomodou Dinamarca até ao fim

O início do segundo tempo não trouxe mudanças, na medida em que os homens de Šilhavý continuaram a demonstrar uma notável vontade de reentrar no jogo e discutir a eliminatória.

E, para alimentar o ímpeto checo, Patrik Schick, logo aos 49 minutos, marcou o seu quinto golo no torneio, igualando Cristiano Ronaldo. Após cruzamento de Coufal, o ponta de lança do Bayer Leverkusen rematou de primeira, de pé direito, e bateu Schmeichel.

No entanto, embora continuasse a tentar ferir a Dinamarca de várias maneiras, mantendo a pressão sufocante e nunca baixando os braços, a República Checa não teve discernimento nem capacidade de penetração na defensiva adversária, permitindo até alguns contra-ataques perigosos aos nórdicos.

Os esforços checos foram, em última análise, insuficientes, e foi a Dinamarca que sorriu no final do encontro.

Desta forma, a República Checa despede-se do Euro 2020 nos quartos de final, não conseguindo repetir o feito de 2004. Ao longo da prova, mostrou ser uma equipa altamente competitiva e extremamente difícil de bater, como ficou, de resto, patente nos problemas que causou à Dinamarca.

A seleção de Hjulmand continua, assim, o ‘conto de fadas’, e já ganhou o título de equipa sensação da competição, aconteça o que acontecer. 

Com o sonho, agora à distância de uma vitória sobre a Inglaterra, de voltar a uma final, 29 anos depois, a Dinamarca está a realizar uma campanha quase digna de filme de Hollywood, principalmente depois do marcante acontecimento que envolveu Christian Eriksen.

“É mágico o que alcançámos”

O treinador dinamarquês não escondeu a emoção, no final da partida, afirmando que não parou de pensar em Eriksen: “Pensei nele durante o jogo e depois do jogo. Imagino como seria maravilhoso tê-lo a jogar aqui. Ainda é uma parte importante da nossa equipa, peça fundamental da nossa campanha para Wembley. Penso nele a toda a hora.”

Quanto ao feito inesperado que a sua equipa conquistou, Hjulmand não esqueceu o apoio dos adeptos: “É mágico o que alcançámos. A primeira coisa que mostrei aos rapazes quando nos concentrámos foi uma foto de Wembley de quando lá estivemos no outono. Disse-lhes que íamos voltar. Parecia que estávamos a jogar de novo num estádio dinamarquês devido ao apoio dos nossos adeptos. Estamos profundamente gratos, o estádio parecia nosso”.

Jaroslav Šilhavý lamentou a derrota e consequente eliminação da seleção que orienta, apontando o aspeto físico como fator determinante: “Coloquei mais um avançado e mudámos para 4x4x2. Pressionámos a Dinamarca e marcámos, o problema é que, com o passar do tempo, não tivemos força suficiente para chegar ao golo do empate.”

Na segunda semi-final do Europeu, Dinamarca e Inglaterra vão jogar em Wembley, na quarta-feira, 7 de julho, por um bilhete na grande final, marcada para o próximo domingo. Antes, na terça-feira, dia 6, é disputada a primeira meia-final entre a Espanha e a Itália. Ambos os jogos estão marcados para as 20h00.

Artigo editado por Filipa Silva