Em jogo a contar para a terceira eliminatória da Taça de Portugal, o Estádio dos Arcos foi o palco do confronto entre Rio Ave FC e Boavista FC. Duas equipas agora de escalões diferentes que procuravam avançar para a eliminatória seguinte, e cuja relação de amizade parece estar deteriorada desde os incidentes, no Estádio do Bessa, na época transata, com o ex-treinador rioavista, Miguel Cardoso. O preço dos bilhetes para o encontro deste domingo foi só o episódio mais recente da animosidade que tem sido latente entre os dois emblemas.

Dentro das quatro linhas, a partida ficou marcada pela goleada (4-0) sofrida pelas panteras, que apresentaram em campo fracos atributos, e pelo forte apoio dos adeptos rioavistas que, mesmo num dia frio e chuvoso, aqueceram o ambiente e foram o claro 12.º jogador. O Boavista, vencedor de cinco edições da prova, está fora da luta pela Taça de Portugal.

Pantera adormecida

Em relação ao último jogo e após a pausa para as seleções, João Pedro Sousa, técnico axadrezado, trouxe quatro novidades ao onze inicial. Entre elas, os regressados Javi Garcia e Reggie Cannon, recuperados de lesão.

Luís Freire, treinador do Rio Ave, fez apenas duas mudanças. Júnio Rocha e André Pereira foram os novos rostos do onze vilacondense.

Com um início mais emotivo nas banca das do que em campo, foi o Rio Ave quem entrou com um ritmo mais acelerado. Do lado contrário, estava um Boavista adormecido e com poucas ideias.

A formação vilacondense mostrava-se com maior iniciativa e mais determinada a procurar o golo. A primeira grande oportunidade surgiu logo aos 10 minutos, com Guga a colocar a bola de forma precisa nos pés de Fábio Ronaldo, mas o avançado demorou e decidiu mal. Na resposta, Sauer conduziu sozinho o esférico e rematou de forma desajeitada para longe da baliza de Léo Vieira.

Pouco tempo depois, o golo do Rio Ave acabou por surgir. À passagem do minuto 14, Guga rematou contra Reggie Cannon e o árbitro Rui Costa apontou para a marca de grande penalidade por considerar que o lateral desviou a bola com o braço. Na conversão, o ex-Boavista, Zé Manuel atirou para o fundo da baliza axadrezada.

Com bastantes debilidades no meio-campo, as panteras tinham dificuldades em progredir no terreno e criar situações de perigo ao adversário. Até ao final do primeiro tempo, só deu Rio Ave, que podia ter aumentado a vantagem pelos pés de Pedro Amaral. Valeu Bracalli a esticar-se e a defender.

Naufrágio axadrezado

A segunda metade começou com um ritmo mais desacelerado da equipa da casa, mas com um Boavista ainda muito apático.

Face às dificuldades sentidas na primeira parte, João Pedro Sousa lançou os médios Reymão e Makouta, que entraram para os lugares de Vukotic e Sebastian Pérez. Com o centro do terreno mais fresco, as panteras protagonizaram mais situações ofensivas. A situação mais flagrante pertenceu a Reggie Cannon, que à passagem do minuto 64, rematou forte, mas à figura de Léo Vieira.

O Boavista parecia ganhar força, mas aos 73 minutos, Guga roubou a bola a Makouta, conduziu o contra-ataque, tabelou com Gabrielzinho – que entrou aos 69 minutos – e ampliou a vantagem vilacondense. Estava feito o 2-0 na partida.

Pouco tempo depois, no decorrer do minuto 80, Léo Vieira, guardião do Rio Ave, foi ao exterior da área cortar um lance de ataque das panteras, mas a bola ficou na posse de Gorré, que atirou logo para a baliza totalmente aberta, mas acertou na trave.

Inundado de azar, o navio boavisteiro esbarrou no iceberg rioavista e aos 88 minutos sofreu o 3-0. Grande arrancada de Gabrielzinho pela esquerda, que aproveitou as evidentes limitações físicas de Illori e apontou o terceiro tento vilacondese.

Um minuto depois e numa autêntica recriação do golo anterior, o suspeito do costume, Gabrielzinho, atirou para o quarto e último golo do Rio Ave que avança de forma categórica para os 16 avos da prova rainha do futebol português.

Nota ainda para a expulsão do médio boavisteiro Gustavo Sauer, que viu o segundo amarelo já ao cair do pano.

Um problema: lesões

No final do encontro, o treinador do Boavista, João Pedro Sousa, afirmou que este “foi um resultado pesado” e que os axadrezados precisam de “resolver muitos problemas internos” destacando as lesões.

“Temos diversos jogadores com limitações físicas e isso deixa-nos tristes e com bastantes dificuldades”, referiu o treinador das panteras.

Já em sentido contrário, Luís Freire, treinador do Rio Ave, mostrou-se feliz, confiante, mas prefere “manter o foco no campeonato”.

O técnico não deixou de dar os parabéns aos seus atletas e de destacar o jogo que a equipa fez: “Fizemos um belíssimo jogo. Não interessa se fossem quatro ou cinco, o que interessa é que jogamos bem e que os meus jogadores têm muita qualidade e estão de parabéns”, concluiu.

No próximo dia 25 de outubro, os axadrezados recebem a Belenenses SAD, para a nona jornada da Liga Bwin. Já o Rio Ave desloca-se a Penafiel, no dia 23 de outubro, para defrontar a formação penafidelense, em nova jornada da Segunda Liga.

Artigo editado por Filipa Silva