A arte xávega é uma arte de pesca artesanal feita com uma rede de cerco que é primeiro colocada em alto-mar e depois arrastada para terra. O arrasto, que no passado era feito com a ajuda de juntas de bois, agora é realizado com o apoio de tratores. Em Espinho, o futuro não parece sorrir ao continuar da tradição.

Transcrição da reportagem

Aproxima-se do fim mais um ano de pesca para quem se dedica à arte xávega.

Com a chegada das marés de inverno, os pequenos barcos passam a ficar em terra. Os últimos tempos não têm sido fáceis para a indústria piscatória. António Couto é pescador em Espinho há 20 anos e fala em muitas dificuldades.

António Couto: “Este ano só começou a dar peixe para pagar o trabalho a partir do fim de agosto. Começámos em abril e até ao fim de agosto era só lixo. Isto não tem futuro. Cada vez, está pior.”

Os pescadores consideram que a arte xávega está em risco de desaparecer. Ainda assim, quando a rede chega a terra são muitos os curiosos que procuram ver de perto o resultado da pescaria.

A fotógrafa amadora Helena Soares há cerca de um ano que acompanha o trabalho piscatório.

Helena Soares: “Eu já tive a oportunidade de no verão vir para aqui às 5 da manhã. É um trabalho efetivamente muito árduo para esta gente e, também, já cheguei a ver não terem resultado nenhum com o trabalho que estavam a ter naquele dia.”

O arrastamento das redes começa antes do amanhecer, mas muitas vezes não traz o retorno desejado.

Mesmo assim, a arte xávega tem evoluído com novos, mas dispendiosos aparelhos. José Barros, proprietário de uma campanha, diz serem necessárias ajudas e destaca a importância do costume no turismo da região.

José Barros: “Esta arte devia ser ajudada por alguém, mas não querem ajudar. Esta arte traz muito turismo.”

Numa altura do ano em que se fazem contas aos ganhos de mais uma temporada de pescas, muitos dizem não haver condições para que a tradição continue.

Tal como é incerto o que a rede pode trazer do mar, também pouco se sabe sobre o que o futuro reserva para a arte xávega.

Esta reportagem foi realizada no âmbito da disciplina de AIJ Rádio – 3º ano