O médico legista, professor catedrático e antigo diretor do Instituto de Medicina Legal do Porto, José Eduardo Pinto da Costa, faleceu esta quarta-feira à tarde, no Porto, aos 87 anos. O antigo membro do corpo clínico do FC Porto e irmão mais velho do presidente do clube, Jorge Nuno Pinto da Costa, estava “muito doente”, de acordo com a edição desta quinta-feira do “Jornal de Notícias” e não resistiu. As cerimónias fúnebres estão marcadas para as 17h00 desta quinta-feira (9) na Igreja de Cedofeita, no Porto.

Foi justamente em Cedofeita que José Eduardo Pinto da Costa nasceu, em 1934. Era o mais velho de seis irmãos da família Pinto da Costa.

Formou-se em Medicina na Universidade do Porto (UP), onde concluiu a licenciatura em 1960. Desenvolveu, a partir daí, uma carreira na área da medicina legal, tornando-se uma referência da especialidade. Fez uma pós-graduação em Medicina Legal e o doutoramento em Ciências Médicas (1973).

Foi diretor do Instituto de Medicina Legal do Porto entre 1976 e 2001, tendo sido também o primeiro presidente do Colégio da Especialidade de Medicina Legal da Ordem dos Médicos e foi presidente do Conselho Superior de Medicina Legal.

Além de estudante, foi também docente e investigador na Universidade do Porto: era professor catedrático jubilado do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar (ICBAS) e professor catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).

A instituição de ensino emitiu, esta quinta-feira, uma nota de pesar pelo falecimento do professor e médico. “Com este triste desaparecimento, o país perde um dos mais reputados especialistas em Medicina Legal e a Universidade do Porto uma das suas principais referências no ensino e na investigação em Ciências Médicas”, refere a UP.

A UP assume-se como legatária “da qualidade pedagógica, capacidade científica, dimensão intelectual, integridade deontológica e grandeza humana do Prof. José Eduardo Pinto da Costa”, e aproveitou para “enaltecer a intervenção cívica e o ativismo social do Prof. José Eduardo Pinto da Costa.” “Foram muitas e nobres as causas sociais por que lutou, como a violência doméstica, um dos grandes flagelos do nosso país. Neste particular, merece destaque a sua ação no âmbito da APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, de que foi membro fundador”, acrescenta a universidade.

António de Sousa Pereira, reitor e antigo diretor do ICBAS, fala ainda em nome dos antigos estudantes que, como ele, “cresceram académica e profissionalmente sob a sua orientação pedagógico-científica. O Prof. José Eduardo Pinto da Costa foi um extraordinário pedagogo, distinguindo-se por combinar conhecimento científico com vasta erudição e muito humor.”

Também o FC Porto publicou no seu site uma nota de pesar na qual recorda que José Eduardo Pinto da Costa esteve “ligado ao desporto desde muito jovem, foi praticante de futebol no Futebol Clube de Infesta e dirigente das federações de hóquei em campo e de boxe. Era, além disso, adepto do FC Porto, tendo sido pela mão deste irmão que Jorge Nuno Pinto da Costa assistiu pela primeira vez a um jogo do clube, em 1945, frente ao Braga, no velho Campo da Constituição.”

Em 2018, o médico legista, que foi diretor do Instituto de Medicina Legal do Porto entre 1976 e 2001, abordou, em entrevista ao JPN, questões como a relutância que temos em lidar com a morte, a complexa realidade da eutanásia e de como a falta de corpos doados à ciência, sendo negativa, pode não ser dramática, do ponto de vista do ensino. “A morte ainda continua a ser um tabu”, disse-nos na altura, “porque não há uma educação para a morte.”