Na data em que celebra o 116.º aniversário, a Livraria Lello assinala o marco com algumas novidades. Esta quinta-feira (13), a livraria lança, através de edição própria, as primeiras traduções em árabe de “Os Lusíadas” e “A Mensagem”, duas obras que, apesar de serem consideradas das principais obras épico-líricas da literatura, nunca tinham sido traduzidas para este idioma.

A celebração acontece em simultâneo entre o Porto e o Dubai, com o lançamento no Pavilhão de Portugal da Expo Dubai 2020 destas traduções, que ficaram a cargo de Abdeljelil Larbi, tradutor e professor de Literatura Árabe no Instituto Universitário de Lisboa. A apresentação abre, também, as celebrações do dia de Portugal nesta exposição a decorrer no emirado árabe, que acontece no dia a seguir, sexta-feira (14).

Organizada pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), a cerimónia vai ser transmitida em direto às portas da Lello, através de um ecrã gigante logo às 09h00 (13h00, no Dubai).

A restante festa centra-se, também, à volta destas obras. Ao longo da manhã, Joana Alegre, Ricardo Ribeiro e Tiago Bettencourt cantam poemas de Luís de Camões e Fernando Pessoa, sendo oferecidos pela livraria primeiros exemplares das traduções para árabe aos primeiros 116 visitantes do dia. Haverá ainda o tradicional bolo de aniversário da Lello, desta vez com o desenho de um painel de azulejos temporário, uma interpretação da fachada da livraria ilustrada por Gonçalo Viana.

O lançamento destas traduções, que integram a coleção de clássicos da Livraria Lello, The Collection, é “o continuar da nossa história como exportadores de cultura, sendo mais um passo nesse sentido. Estamos a falar de uma língua falada por quase 300 milhões de possíveis leitores, eram obras que não estavam traduzidas para este idioma e estamos a levar Portugal além-fronteiras ao levar estas obras para esta parte do mundo”, refere o gabinete de comunicação da livraria ao JPN.

“Ninguém celebra o aniversário sozinho, não faz sentido uma livraria fazê-lo. Queremos celebrá-lo com visitantes e leitores, oferecendo-lhes o que fazemos de melhor, as coisas que fazemos com os livros”, completa.

Uma celebração que chega depois de “dois anos difíceis”

Apesar de ainda se manter o cenário pandémico, a situação é já diferente daquela vivida em 2020 e 2021, com sucessivos isolamentos que, para a Livraria Lello, significaram uma quebra grande no número de visitantes anuais.

“Têm sido dois anos difíceis, como tem sido para toda a gente, mas para as livrarias tem sido terrível”, diz a mesma fonte ao JPN. “Felizmente, com a gestão que foi feita nos últimos anos, tivemos uma almofada que nos permitiu sobreviver” e realizar iniciativas como concursos e prémios literários ou o “primeiro drive-thru de livros do mundo”.

Livraria em vias de ser classificada monumento nacional

A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) estará perto de classificar a Livraria Lello e Irmão como monumento nacional, de acordo com o anúncio publicado pela entidade, a 5 de janeiro, em “Diário da República”.

O processo foi iniciado em 2019 a pedido da Lello, estando agora “a chegar ao fim de forma feliz”, refere ao JPN. “Esta classificação aumenta o sentido de responsabilidade e reconhece o património imaterial e o papel que a livraria tem tido para a cultura desde que abriu”, complementa.

A Lello está já classificada como monumento de interesse público desde 20 de setembro de 2013. A intenção de reclassificação do edifício da livraria, atualmente em consulta pública, surge na sequência de um parecer da Secção do Património Arquitetónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura.

A DGPC ressalta este como “um dos mais importantes edifícios da arquitetura eclética portuguesa, integrando marcenarias e vitrais sem paralelo no país”, um “ex-líbris da cidade”, ao qual acresce “a importância cultural que tem assumido de forma contínua ao longo do tempo”.

Uma breve história do lugar, que já foi um convento, pode ser recordada neste “Antigamente Aqui” do PortOuvido.

Artigo editado por Filipa Silva