À procura de fazer história em Leiria, o Boavista começou o jogo desta terça-feira a sofrer. Mas levantou-se, lutou até ao fim e, depois de uma grande segunda parte, conseguiu levar a meia-final da Taça da Liga frente ao Benfica para o desempate por grandes penalidades. Aí, as águias foram mais fortes e acabaram com o sonho boavisteiro de alcançar pela primeira vez a final.

Quanto às equipas, o Boavista partiu para este jogo com várias baixas de peso – dez no total – devido a lesões ou compromissos das seleções. Neste lote de indisponíveis, destacam-se Cannon, Porozo e Yusupha, cujas ausências forçaram a utilização de alguns jogadores com menos minutos, como Luís Santos e Filipe Ferreira, no onze inicial escalado por Petit.

O esquema tático manteve-se inalterado: um 3-4-3, com o trio da frente composto por Sauer, Gorré e Musa.

Nélson Veríssimo, por seu lado, apostou num 4-3-3, com Paulo Bernardo a juntar-se a Weigl e João Mário no miolo, no apoio ao trio de avançados constituído por Diogo Gonçalves, Everton e Yaremchuk.

Também o Benfica teve várias baixas para esta partida, com destaque para as ausências de Otamendi, Darwin e Rafa, que tinha testado positivo à covid-19 de manhã.

Domínio encarnado na primeira parte

As águias entraram determinadas em marcar cedo no encontro, com um início pressionante e intenso. Logo aos 8 minutos, o experiente Bracali fez duas defesas, a remates de Yaremchuk e João Mário, após bom desenho ofensivo dos encarnados.

Pouco depois, aos 16 minutos, chegou o golo dos benfiquistas, após um erro tremendo de Nathan. O brasileiro e o colega Filipe Ferreira pareciam ter o lance controlado, mas hesitaram ambos e a bola acabou por sobrar para Everton. O extremo ficou isolado perante Bracali e não vacilou. Estava aberto o marcador em Leiria.

Depois, até ao intervalo, o domínio encarnado continuou, e podia ter sido traduzido em mais golos, não fosse o falhanço de Everton, aos 39 minutos.

O Benfica foi para os balneários com o domínio quase absoluto da partida, e o Boavista, sem conseguir parar o jogo das águias, ia tentando ameaçar a baliza de Vlachodimos, mas sem sucesso.

Panteras surpreendem no segundo tempo

Se, pela primeira parte, se perspetivava uma segunda metade na mesma linha de controlo e superioridade dos lisboetas, os pupilos de Petit entraram em campo para provar o contrário.

Logo aos 50 minutos, Petar Musa foi derrubado por Morato de forma imprudente na área e o árbitro não hesitou: penálti para os axadrezados. Chamado a converter, Gustavo Sauer não desperdiçou e igualou o marcador muito cedo na segunda parte.

A partir do golo, as panteras galvanizaram-se e começaram a criar vários calafrios à defesa encarnada. Aos 68 minutos, o guardião das águias fez uma defesa espetacular, em resposta a um cabeceamento de Musa, negando o golo ao avançado croata.

Pouco depois, aos 70 minutos, Kenji Gorré atirou ao lado, já dentro da área, e a ameaça boavisteira ia ganhando força. Porém, os esforços da equipa de Petit não foram suficientes para marcar o segundo golo ao Benfica, que ainda ameaçou por Pizzi perto do apito final.

O jogo terminou empatado no tempo regulamentar e foi diretamente para o desempate por penáltis, para decidir o vencedor da primeira meia-final da Taça da Liga.

Na marca dos onze metros, a prestação das panteras não esteve ao nível da exibição em campo: o Boavista desperdiçou as primeiras três tentativas (Pérez, Musa e De Santis).

O Benfica também falhou o primeiro penálti, por Pizzi, mas acabou por selar a qualificação para a final de sábado com um remate certeiro de Weigl, após oportunidade falhada de Vertonghen, que atirou ao poste.

Contas feitas – 1-1 no tempo regulamentar; 3-2 nos penáltis – os axadrezados deixaram uma boa imagem na meia-final da Taça da Liga, principalmente pela exibição personalizada e com garra na segunda parte, mas acabaram por cair nas grandes penalidades.

Já o Benfica, apesar da primeira parte em que se apresentou a um bom nível, continua a atravessar uma fase negativa em termos de exibições, e teve em Vlachodimos, considerado o Homem do Jogo, uma peça decisiva para a passagem à final da competição.

Petit: “Merecíamos a final”

O técnico boavisteiro considerou injusto o resultado da partida frente ao Benfica. Petit salientou a exibição das panteras na segunda parte e destacou a importância de Vlachodimos para o desfecho do encontro: “Pelo que fizemos na segunda parte, poderíamos ter vencido nos 90 minutos. Foi um jogo dividido na primeira parte, com o golo do Benfica a surgir num erro nosso. Mas faz parte do jogo. O Benfica teve mais bola, nós só conseguimos chegar com remates de fora. Mas na segunda parte corrigimos algumas coisas e melhorámos. Chegámos ao golo e depois o Vlachodimos fez três grandes defesas que nos impediram de marcar.”

Do outro lado, Nélson Veríssimo assumiu que a equipa sentiu o golo sofrido, negando, porém, que a equipa esteja com falta de confiança: “Animicamente, não sinto a equipa desconfortável. Temos de olhar para o todo, tendo a consciência que quando ganhamos, é mais confortável trabalhar. Ganhámos ao Arouca, antes empatámos em casa com o Moreirense e o sentimento foi de derrota. Mas depois de fazer o luto, senti a equipa a dar uma resposta positiva para melhorar. Podemos ser mais consistentes, mas é um processo contínuo.”

Com o bilhete para a final da Taça da Liga, que será disputada no próximo sábado (29), o Benfica aguarda o jogo desta quarta-feira entre Sporting e Santa Clara, que determinará o segundo finalista da competição, para saber com quem discutirá o troféu.

Artigo editado por Filipa Silva