Uma estudante da FPCEUP, acompanhada por uma equipa do Centro de Psicologia da Universidade do Porto, quer compreender e avaliar o impacto que as separações amorosas têm na vida dos jovens adultos entre os 18 e os 35 anos. Há um questionário online para quem quiser participar no projeto.

O estudo debruça-se sobre a faixa da “adultez emergente”, uma fase de transição entre a adolescência e a vida adulta. Foto: Alex Green/Pexels

Uma separação amorosa pode constituir um dos momentos mais complicados na vida de um jovem adulto. Para estudar os efeitos, há uma estudante da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) que se propõe a entrar nas “emoções, sentimentos e pensamentos” de homens e mulheres entre os 18 e os 35 anos que tenham passado por uma situação desse género.

Joana Fernandes é estudante de doutoramento e é nesse âmbito que está a desenvolver o projeto no Centro de Psicologia da Universidade do Porto (CPUP), um projeto apoiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). A equipa é ainda composta pela docente e investigadora Mariana Veloso Martins e por alunos de mestrado, que estão a desenvolver este projeto em unidades curriculares.

A equipa da FPCEUP procura jovens que tenham experienciado uma separação amorosa no último ano para responder a um questionário, que serve para a equipa saber o que terá de trabalhar nas fases posteriores do projeto.

Numa primeira instância, a investigação, à luz da psicologia clínica, pretende “compreender e avaliar o impacto que as separações amorosas têm na vida dos jovens adultos”, diz Joana Fernandes ao JPN. Esse é, essencialmente, “o primeiro grande objetivo ao nível psicológico”. O estudo encontra-se ainda numa fase inicial, e os resultados serão posteriormente desdobrados em várias aplicações.

Apurados os resultados do questionário inicial e percecionados os diferentes cenários, surgirão grupos de intervenção, que pretendem levar estes jovens adultos a criarem “ferramentas de adaptação a um processo de separação”, refere a estudante.

Estudar uma fase decisiva na vida de um jovem

Este projeto e a necessidade de intervenção nesta área surgiram quando Joana Fernandes percebeu os “desafios” que as relações e a intimidade, em especial nesta idade, podem configurar. “A literatura demonstra que o que acontece nas vidas amorosas é muito complexo, podendo ser diferente em várias fases do desenvolvimento [de uma pessoa]”, refere.

Nesta fase em particular, chamada ‘adultez emergente’ – uma fase de transição entre a adolescência e a vida adulta -, os jovens estão “muito instáveis”, porque estão “à procura de saber quem são e o que querem fazer na vida”. Isto traz “um leque cheio de possibilidades e responsabilidades, o que torna o desafio da intimidade ainda maior”. É nestas idades que a exploração da intimidade e das relações aumenta, tornando-se, ao mesmo tempo, “um dos maiores desafios” para a faixa etária.

 

View this post on Instagram

 

A post shared by Be. | Psicologia (@being.apart)


“Existem muitos jovens que acabam por ir para a terapia devido à quebra que existe na intimidade e no desenvolvimento de relações estáveis e satisfatórias”, ressalta. O estudo procura, por isso, uma variabilidade de experiências e as “possíveis aplicações psicodesenvolvimentais” das mesmas – ou seja, significa que “existem diferentes condições, que acabam por condicionar este processo de várias formas. Há pessoas que se adaptam melhor a uma separação que outras”.

Isto pode depender “da relação em si”, sendo estes fatores contextuais, mas podem existir fatores individuais, como “histórias de vida ou a personalidade”. Querem por isso compreender como ocorrem estes processos e que fatores os influenciam diretamente, percebendo-se como a psicologia opera na adaptação a uma separação amorosa e quais as consequências que advêm dessa mudança.

“Depois de uma separação, muitas pessoas perguntam-se ‘quem sou eu sem esta pessoa?’, algo que influencia muito o autoconceito e a perceção da capacidade de se poderem vir a envolver com outras pessoas”, explica a doutoranda da FPCEUP.

E depois do estudo?

As doutorandas têm em mente alguns estudos a desenvolver na área, para a procura de repostas sobre como adaptar os jovens a situações de separação amorosa, situações que acabam “por acontecer muito na vida das pessoas”.

O objetivo é ajudar o público-alvo com processos de adaptação a uma situação destas, num contexto “em que as pessoas constroem as suas relações próximas” através dos grupos de intervenção, que serão “baseados no momento e no grupo, para desenvolver competências interpessoais, para usarem essas competências noutras relações e, também,  intrapessoais”. Traz-se desta forma, “mais bem-estar e relações mais satisfatórias”, termina.

Artigo editado por Filipa Silva