Uma estudante da FPCEUP, acompanhada por uma equipa do Centro de Psicologia da Universidade do Porto, quer compreender e avaliar o impacto que as separações amorosas têm na vida dos jovens adultos entre os 18 e os 35 anos. Há um questionário online para quem quiser participar no projeto.
Uma separação amorosa pode constituir um dos momentos mais complicados na vida de um jovem adulto. Para estudar os efeitos, há uma estudante da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) que se propõe a entrar nas “emoções, sentimentos e pensamentos” de homens e mulheres entre os 18 e os 35 anos que tenham passado por uma situação desse género.
Joana Fernandes é estudante de doutoramento e é nesse âmbito que está a desenvolver o projeto no Centro de Psicologia da Universidade do Porto (CPUP), um projeto apoiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). A equipa é ainda composta pela docente e investigadora Mariana Veloso Martins e por alunos de mestrado, que estão a desenvolver este projeto em unidades curriculares.
A equipa da FPCEUP procura jovens que tenham experienciado uma separação amorosa no último ano para responder a um questionário, que serve para a equipa saber o que terá de trabalhar nas fases posteriores do projeto.
Numa primeira instância, a investigação, à luz da psicologia clínica, pretende “compreender e avaliar o impacto que as separações amorosas têm na vida dos jovens adultos”, diz Joana Fernandes ao JPN. Esse é, essencialmente, “o primeiro grande objetivo ao nível psicológico”. O estudo encontra-se ainda numa fase inicial, e os resultados serão posteriormente desdobrados em várias aplicações.
Apurados os resultados do questionário inicial e percecionados os diferentes cenários, surgirão grupos de intervenção, que pretendem levar estes jovens adultos a criarem “ferramentas de adaptação a um processo de separação”, refere a estudante.
Estudar uma fase decisiva na vida de um jovem
Este projeto e a necessidade de intervenção nesta área surgiram quando Joana Fernandes percebeu os “desafios” que as relações e a intimidade, em especial nesta idade, podem configurar. “A literatura demonstra que o que acontece nas vidas amorosas é muito complexo, podendo ser diferente em várias fases do desenvolvimento [de uma pessoa]”, refere.
Nesta fase em particular, chamada ‘adultez emergente’ – uma fase de transição entre a adolescência e a vida adulta -, os jovens estão “muito instáveis”, porque estão “à procura de saber quem são e o que querem fazer na vida”. Isto traz “um leque cheio de possibilidades e responsabilidades, o que torna o desafio da intimidade ainda maior”. É nestas idades que a exploração da intimidade e das relações aumenta, tornando-se, ao mesmo tempo, “um dos maiores desafios” para a faixa etária.
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“Existem muitos jovens que acabam por ir para a terapia devido à quebra que existe na intimidade e no desenvolvimento de relações estáveis e satisfatórias”, ressalta. O estudo procura, por isso, uma variabilidade de experiências e as “possíveis aplicações psicodesenvolvimentais” das mesmas – ou seja, significa que “existem diferentes condições, que acabam por condicionar este processo de várias formas. Há pessoas que se adaptam melhor a uma separação que outras”.
Isto pode depender “da relação em si”, sendo estes fatores contextuais, mas podem existir fatores individuais, como “histórias de vida ou a personalidade”. Querem por isso compreender como ocorrem estes processos e que fatores os influenciam diretamente, percebendo-se como a psicologia opera na adaptação a uma separação amorosa e quais as consequências que advêm dessa mudança.
“Depois de uma separação, muitas pessoas perguntam-se ‘quem sou eu sem esta pessoa?’, algo que influencia muito o autoconceito e a perceção da capacidade de se poderem vir a envolver com outras pessoas”, explica a doutoranda da FPCEUP.
E depois do estudo?
As doutorandas têm em mente alguns estudos a desenvolver na área, para a procura de repostas sobre como adaptar os jovens a situações de separação amorosa, situações que acabam “por acontecer muito na vida das pessoas”.
O objetivo é ajudar o público-alvo com processos de adaptação a uma situação destas, num contexto “em que as pessoas constroem as suas relações próximas” através dos grupos de intervenção, que serão “baseados no momento e no grupo, para desenvolver competências interpessoais, para usarem essas competências noutras relações e, também, intrapessoais”. Traz-se desta forma, “mais bem-estar e relações mais satisfatórias”, termina.
Artigo editado por Filipa Silva