O Boavista empatou, na tarde deste domingo (6), com o Vizela, em jogo a contar para a 21.ª jornada da Liga Portugal Bwin. O Vizela entrou melhor e Samu fez o primeiro golo, para os visitantes, à passagem do minuto 26. Já com menos um jogador em campo, o Boavista chegou ao empate aos 57’, por Hamache, através de grande penalidade.

No equador do segundo tempo, Samu voltou a pôr os minhotos em vantagem, mas o Boavista respondeu de imediato e, logo a seguir, chegou ao empate, por intermédio de Musa. No último lance do jogo, Yaris Hamache teve oportunidade para dar ao Boavista o regresso às vitórias, mas acabou por desperdiçar um penálti. A equipa comandada por Petit já não vence há seis jogos para o campeonato.

No Estádio do Bessa, 4.332 espetadores viram duas equipas muito aguerridas, à imagem das ideias dos seus treinadores.

O Vizela entrou muito bem no jogo. A equipa de Álvaro Pacheco esteve perto de inaugurar o marcador, por várias ocasiões, e foi dominante na primeira parte, demonstrando um futebol muito positivo.

A pantera adormecida ia sendo abafada por um Vizela forte, que não a deixava despertar. Ao Boavista, valeu, várias vezes, o guarda-redes Rafael Bracali e a ineficácia dos avançados vizelenses.

O domínio dos forasteiros, bem como a bonita moldura humana formada pelos quase mil adeptos do Vizela que se deslocaram ao Estádio do Bessa, faziam parecer que a equipa minhota estava a jogar em casa.

Uma substituição de sonho

Aos 25 minutos, um balde de água fria para o Vizela. Raphael Guzzo, uma das principais referências da equipa, que estava em excelente forma – dois golos nos dois últimos jogos –, saiu lesionado.

Mas, rapidamente, o clima voltou a aquecer, para os de fora. O primeiro golo do Vizela surgiu no minuto seguinte, pelo recém-entrado Samu – uma substituição de sonho. Através dum livre lateral, Nuno Moreira cruzou para o segundo poste, onde apareceu Samu, livre de marcação, a meter a bola dentro da baliza dos axadrezados.

O Boavista espevitou com o golo sofrido. Ainda assim, as panteras continuaram a demonstrar dificuldades em gerar situações de perigo, junto à área do Vizela. Sem soluções e com falta de criatividade ofensiva, Petit não demorou muito a fazer a primeira alteração na equipa.

A saída de Tiago Ilori, aos 36 minutos, para dar lugar a um jogador de cariz mais ofensivo – Luís Santos – veio impor uma dinâmica diferente ao xadrez boavisteiro e isso fazia antever uma segunda parte diferente, para o conjunto de Petit, que foi para o intervalo a perder por 0-1.

Um jogo cheio de emoções

Os axadrezados regressaram do balneário mais enérgicos, mas com apenas dois minutos jogados, no segundo tempo, o Boavista ficou reduzido a dez unidades.

Luís Santos, que tinha entrado na primeira parte para mexer com o jogo, fez uma entrada imprudente sobre Aléx Mendez, que lhe valeu o vermelho. O jogador foi sancionado com o cartão amarelo, numa primeira instância, mas o árbitro Fábio Melo, depois de ir ao VAR, acabou por expulsar o número 77 do Boavista. Uma substituição que também podia ter sido “de sonho”, acabou por se tornar num contratempo para Petit.

O Boavista não se deixou ir abaixo e continuou à procura do golo. Aos 57’, chegou, finalmente, ao tento do empate, através de uma grande penalidade, que surgiu depois de um lance onde Igor Julião, defesa do Vizela, cortou a bola com a mão.

Fábio Melo foi novamente chamado ao VAR e acabou por assinalar penálti. Yanis Hamache não vacilou e converteu em golo.

O primeiro golo do Boavista teve dedicatória especial. Hamache foi ao banco e ergueu uma camisola em homenagem a Rayan – o menino marroquino de 5 anos, que faleceu, no passado sábado, depois de ter estado cinco dias preso num poço.

Apesar de estarem com menos um jogador em campo, os axadrezados conseguiam impor as suas ideias e tiveram várias oportunidades para chegar à vitória.

Vizela teima com “Samu”, Boavista diz que é “Musa”

Aos 68’, aquele que foi o homem do jogo voltou a colocar o Vizela na frente do marcador. Samu, jogador formado no Boavista, marcou um grande golo, depois de uma excelente combinação com Cassiano. O Vizela, que tardou em criar perigo na segunda parte, chegava, assim, ao golo.

Mas, dois minutos depois, Musa trocou as sílabas do marcador e as voltas ao adversário, e voltou a restabelecer o empate no Estádio do Bessa.

O jogo foi tendo boas oportunidades de parte a parte, até ao fim do jogo, mas a mais flagrante de todas foi desperdiçada pelo Boavista, no último minuto.

Já no tempo de compensação, o guarda-redes do Vizela – Pedro Silva – fez uma falta descabida, na sua área, sobre Jackson Porozo, e o árbitro assinalou, de imediato, grande penalidade.

Hamache foi novamente chamado à conversão, mas desta vez vacilou e desperdiçou a oportunidade de fazer o Boavista regressar às vitórias.

No final do jogo, Hamache foi reconfortado por Petar Musa, que até tinha tentado bater a primeira grande penalidade, o que gerou, na altura, um pequeno desentendimento entre os dois jogadores. O gesto de Musa demonstrou a união que há entre os jogadores da equipa boavisteira, referida por Petit na conferência de imprensa, e que o avançado croata não é apenas craque dentro das quatro linhas.

Treinadores contentes com as equipas, mas descontentes com o resultado

O Boavista e o Vizela proporcionaram uma excelente tarde de futebol, no Estádio do Bessa. Com altos e baixos, no geral, as duas equipas deram espetáculo e fizeram de tudo para chegar à vitória, que acabou por não cair para nenhum lado.

No fim do jogo, os treinadores não esconderam o “sabor a pouco” do empate.

Petit sai frustrado, mas enaltece “um Boavista forte, intenso, mandão”, que, mesmo reduzido a dez, procurou chegar sempre à vitória: “fomos uma equipa corajosa, criámos situações mesmo em inferioridade, em termos de resultado fomos sempre atrás, e é pena acabar o jogo e não conseguires fazer o terceiro o golo”.

Álvaro Pacheco acredita que a sua equipa podia e devia ter levado os três pontos para o Minho, apesar de reconhecer a boa prestação do Boavista: “penso que, se houvesse algum vencedor, era o Vizela, por aquilo que fez ao longo dos 90 minutos, mas também tenho de ser sincero, pela forma como acabou o jogo, o Boavista teve oportunidade de fazer o terceiro golo”.

Com este resultado, o Vizela mantém-se no 11.º lugar da tabela classificativa, com 21 pontos. O Boavista ocupa a 14.ª posição, com menos três pontos do que o Vizela e está três pontos acima da linha de água.

No próximo fim de semana, o Boavista desloca-se até ao Algarve para defrontar o Portimonense. Já o Vizela recebe o Gil Vicente, num dérbi minhoto, que promete ser escaldante.

Artigo editado por Filipa Silva