Na antecâmera do clássico da próxima sexta-feira, o FC Porto foi a Arouca somar a 16.ª vitória consecutiva na Liga. O jogo deste domingo, que os dragões venceram por 0-2, permitiu a Sérgio Conceição igualar o registo de vitórias de André Villas Boas, conseguido em 2011. Foram precisos três minutos no início da segunda parte para o brilhantismo de Vitinha, a “cabeçada” de Mbemba e o toque de génio de Fábio Vieira, sentenciarem uma partida até então difícil de controlar. 

A equipa portista terminou a 21.ª jornada do campeonato a seis pontos do Sporting CP, que venceu o FC Famalicão, em Alvalade, também por dois golos. Uma luta a dois pelo título que ficará marcada pelo embate da próxima jornada.

Terminado o ciclone chamado “mercado de inverno” que assolou o Dragão e levou, entre outros, o melhor jogador do campeonato, os ventos assentaram, não sem antes trazerem três reforços. Eustaquio e Galeno começaram no banco frente ao FC Arouca e viriam, inclusive, a entrar na partida. Já Rúben Semedo não fez parte da lista de convocados, e, por enquanto, não será um reforço de peso – apenas, e segundo Sérgio Conceição, um reforço com peso a mais.

O jogo começou dividido, com uma forte pressão por parte de ambas equipas sobre o detentor da bola, dando pouco espaço ao adversário para criar jogadas consistentes. A equipa da casa deixou claro desde cedo que não iria abdicar do seu jogo ofensivo, e foi tentando explorar a profundidade atrás da linha defensiva portista, ainda que não estivesse a conseguir criar grande perigo. 

Do lado do FC Porto, assistiu-se à mesma dificuldade em alarmar os arouquenses. Alguma lentidão na circulação de bola e dificuldade em ligar o jogo, particularmente no último terço, condenaram os dragões ao insucesso na definição e finalização.

O primeiro remate que fez tremer as bancadas chegou aos 13 minutos e o responsável foi Fábio Vieira. O avançado portista recebeu a bola a saltitar, ainda fora da área adversária, e, com o peito do pé e de primeira, quase surpreendeu Victor Braga, mas o remate saiu pelo lado esquerdo da baliza do guardião da casa.

A partir daí, e recorrendo aos seus criativos, os dragões foram conseguindo intensificar a pressão e cimentar a sua superioridade sobre a equipa de Armando Evangelista. Pepe, que regressou à equipa titular portista, e o parceiro, Chancel Mbemba, estavam praticamente instalados no meio campo adversário, mas a busca pelo espaço continuava.

O golo do FC Porto surgiu pouco tempo depois, mas viria a ser anulado. Fábio Vieira lançou Zaidu na ala esquerda, que ganhou à defensiva arouquense e cruzou para a área. Evanilson apareceu no meio dos centrais e desviou a bola para dentro da baliza. Uma lufada de ar fresco para os dragões que rapidamente se desvaneceu, porque foi assinalado fora de jogo ao lateral-esquerdo portista.

Quem não tem Díaz caça com Otávio

Para além do golo anulado, a melhor jogada dos azuis e brancos na primeira parte saiu dos pés daquele que estava a ser o grande desequilibrador da equipa de Sérgio Conceição. Antes da meia hora de jogo, uma bela troca de bola entre os dragões culminou na investida estrondosa de Otávio no lado direito. O brasileiro deslizou na linha final, sambou por entre os adversários, ganhou o espaço e cruzou atrasado para a área. A bola, rasteira e decidida, encontrou Evanilson que rematou de primeira para o corpo de Thales, lateral arouquense, que se agigantou e impediu o golo dos dragões.

O FC Arouca, apesar de comprometido na tarefa defensiva, aproveitou qualquer oportunidade para sair no contra-ataque, e o melhor caminho para o fazer foi à esquerda, explorando as “costas” de Bruno Costa, médio portista adaptado a lateral.

O melhor ataque da formação da casa surgiu ainda antes do final do primeiro tempo. Quaresma, lateral do FC Arouca, recebeu a bola isolado junto à linda do lado esquerdo, percorreu a lateral, desviou para o meio e atirou à baliza. Diogo Costa apresentou-se ao nível do costume e fez uma grande defesa, ao afastar a bola com o pé esquerdo, ainda que a bandeira de fora de jogo já estivesse levantada.

Três minutos a todo o vapor

No início do segundo tempo, pouco ou nada se alterou. As duas equipas continuavam a apresentar as mesmas dificuldades, tanto é que Sérgio Conceição já preparava alterações na equipa. Até que chegou o minuto 54, em que ficou claro que nem todos os mágicos o Liverpool levou.

Pepe saiu a jogar de trás e deu para Fábio Vieira que avançou para a área. O jovem avançado deixou para Vitinha e o médio, num lance brilhante e pleno de intenção, encheu o pé e enviou a bola, qual míssil teleguiado, para as redes da baliza arouquense. Estava feito o primeiro da partida e o FC Porto assumia a vantagem.

E nem houve tempo para respirar. Passados apenas três minutos, surgiu o segundo golo. Fábio Vieira combinou (mais uma vez) com Vitinha sobre a esquerda, e o que ninguém tinha ainda reparado, mesmo que não surpreenda, é que o avançado portista levou régua e esquadro para dentro de campo. Num lance de génio, Fábio colocou cirurgicamente a bola ao segundo poste onde estava Mbemba que cabeceou em cheio para o fundo da baliza de Victor Braga. O central congolês aumentava para dois o número de golos dos dragões.

O rolo compressor made in Porto estava agora a operar à máxima velocidade e Taremi ainda desperdiçou várias oportunidades para alargar a vantagem dos visitantes. Ainda assim, a formação de Arouca não se resignou e nunca desistiu de encurtar a diferença no marcador. Aos 71 minutos, André Silva, avançado arouquense, encontrou espaço para armar o remate, mas a bola passou rasteira ao lado da baliza de Diogo Costa. 

Apesar da vantagem portista, a partida estava longe de ser ganha. O FC Porto estava com alguma dificuldade em segurar o meio campo e Conceição optou por retirar Fábio Vieira, e colocar Stephen Eustáquio. Mais uma estreia no FC Porto, já que Galeno já havia entrado em jogo.  

A partida teve ainda que ser interrompida por largos minutos para dar assistência a Diogo Costa. Após saltar para chegar a uma bola, o guarda-redes azul e branco caiu desamparado. O jovem guardião acabou por ter de ser transportado de maca para fora do terreno do jogo, debaixo dos aplausos e cânticos dos adeptos. Foi chamado a jogo Marchesín.

O FC Porto foi tentando gerir o resultado até ao final da partida, perante as ameaças do FC Arouca que esteve, até ao apito final, à procura de fazer golo.

“Seria decisivo se fosse o último”

Na conferência de imprensa após o jogo, Sérgio Conceição reconheceu que existiu “pouca espetacularidade, poucos lances no último terço”. Quanto à falta que faz Luis Díaz, Sérgio admitiu que na primeira parte sentiu “alguma falta de ataque ao espaço, algo em que o Luis é muito forte”. 

Relativamente ao próximo jogo frente ao Sporting CP, o treinador portista acredita: “Seria decisivo se fosse o último. Decisivos são todos os jogos”. “Era importante estarmos focados no Arouca. Já estamos a pensar no jogo com o Sporting. Batalha após batalha para festejar o título no final”, acrescentou.

Quanto aos dois reforços utilizados, Stephen Eustaquio e Wenderson Galeno, Conceição reforçou que é “preciso treino e tempo para se associarem da melhor forma com os colegas”. “Se vieram para ajudar, é porque achei que têm potencial para isso”, afirmou.

“Defrontámos a melhor equipa”

Armando Evangelista fez questão de relembrar que os seus jogadores defrontaram, na sua opinião, “a melhor equipa, que está em primeiro lugar no campeonato”.

O treinador arouquense considerou que a equipa foi exemplar na primeira parte: “Muito organizados, sabíamos onde e como poderíamos, após ganhar a bola, procurar espaços e para poder sair com algum perigo”. “Penso que foi uma primeira parte positiva”, concluiu o técnico. 

Armando Evangelista deixou ainda as melhoras a Diogo Costa. A informação dada por Sérgio Conceição é a de que  o guarda-redes portista esteve a ser submetido a exames para averiguar a gravidade da lesão. 

O FC Arouca somou assim a quarta derrota consecutiva em casa e fica no 15.º lugar da tabela classificativa. A formação comandada por Armando Evangelista vai jogar contra o Marítimo, dia 14 de fevereiro, num confronto a contar para próxima jornada do campeonato. Três dias antes, na sexta-feira 11, o FC Porto recebe o Sporting CP naquele que será o jogo de maior cartaz  da 22.ª jornada.

Artigo editado por Filipa Silva