Como diz Pedro Catita, “a diferença entre conquistar e não conquistar é muito ténue”, mas, nos últimos anos, Portugal tem conseguido fazer a diferença nos momentos decisivos e ser feliz. Portugal festejou, este domingo (6), o terceiro título internacional em quatro anos.

Mais: a seleção das quinas saiu do europeu de futsal 100% vitoriosa. Quatro meses depois da conquista do Mundial, a seleção voltou a não vacilar nas grandes decisões e revalidou o título de campeão europeu. André Lima, antigo capitão da seleção nacional, confessa que começa a ficar sem palavras para o que Portugal tem feito ao longo destes anos.

O título da “confirmação”

Ao JPN, Pedro Catita considera que as últimas conquistas da seleção de futsal foram justas e reveladoras do bom trabalho que se tem feito em Portugal: “É a terceira vitória consecutiva, em fases finais. É um feito notável e a confirmação da potência europeia e mundial que neste momento somos, indiscutivelmente”.

O futsal está em crescimento, não só em Portugal, e isso torna as provas cada vez mais competitivas, como refere o antigo craque da seleção André Lima: “Foi um campeonato difícil, contra equipas boas. O futsal europeu está a crescer, as equipas e as seleções estão a começar a aparecer e a entender melhor o jogo”.

Depois de vencer a Espanha em 2018 e a Argentina 2021, Portugal tinha a oportunidade de vencer a terceira competição internacional consecutiva, frente à Rússia, e confirmar a sua hegemonia no futsal.

Portugal não entrou na melhor maneira na partida e Pedro Catita explicou o que falhou, na sua perspetiva: “Foi uma final dura, como já se esperava. A Rússia entrou na final muito mais forte do que nós, entrou mais agressiva. Efetivamente, tivemos dificuldades na primeira parte, estávamos pouco agressivos e não conseguíamos chegar perto da baliza”.

Na opinião de Pedro Catita, o intervalo revelou-se fundamental: “Na segunda parte, melhorámos e fomos muito mais agressivos, conseguimos muito mais dinâmica ofensiva e defensiva, e acabámos por dar a volta ao resultado de forma muito justa”.

A consistência e qualidade defensiva, de excelência, da equipa de Jorge Braz, bem como a sua assertividade nos momentos em que é chamada a atacar, fazem de Portugal a melhor seleção da atualidade.

“Estamos num patamar incrível”

Portugal não perde um jogo oficial há mais de cinco anos. Este facto é revelador da qualidade e do domínio da seleção de futsal, nos últimos anos, mesmo já sem Ricardinho.

Portugal atingiu o auge do seu prestígio: “As outras equipas percebem que estamos num patamar elevadíssimo. Estamos num patamar incrível, com jogadores de várias dimensões, várias idades, várias experiências. É chegar e vencer”, afirma Pedro Catita.

No país, forma-se cada vez mais em quantidade e, principalmente, em qualidade. “Subir a montanha é difícil, mas mais difícil é mantermo-nos lá”, diz André Lima.

Contudo, o antigo capitão da seleção nacional acredita num futuro ainda melhor: “Agora, a dificuldade vai ser manter, mas, com esta juventude que a seleção apresenta, acho que o futuro é risonho e não há que ter medo, porque há mais jovens com qualidade para entrar nesta seleção”.

Pedro Catita diz que a única exigência que se pede é que Portugal continue a gerar cada vez mais valor, na modalidade, para continuarmos a ser respeitados: “Temos de nos obrigar a continuar neste processo de valorizar os jogadores. O futsal português é exemplo para todas as nações”.

“A minha geração sofreu de dores de crescimento”

André Lima faz parte de outra geração de ouro, com craques como Arnaldo Pereira, Pedro Costa e Joel Queirós, que, contudo, nunca conseguiu vencer títulos, mas o agora treinador de futsal consegue explicar isso: “Tudo tem uma evolução. A minha geração sofreu de dores de crescimento, como acontece em quase todas as modalidades, até chegar ao ponto alto (…) Nós, a partir de 2000, quando fizemos o Mundial da Guatemala, foi um empurrão que demos ao futsal”.

O terceiro lugar alcançado no Mundial da Guatemala, pela geração de André Lima, foi a primeira grande “conquista” do futsal português.

Pedro Catita também enaltece a importância das primeiras gerações, na criação de condições para voos mais altos: “Os Zickys e os Paçós, neste momento, já ganharam mais vezes à Espanha do que outras gerações, mesmo na formação. Estão preparadíssimos para este tipo de competição, e era isso que, se calhar, faltava”.

O Presidente da República recebeu, esta segunda-feira, a seleção nacional de futsal, no Palácio de Belém.

Se Portugal continuar a ser um exemplo no futsal, como refere Pedro Catita, pode ser que se esse bom hábito se mantenha por muitos anos: “Hoje em dia, nós somos exemplo. Tudo aquilo que está na base do sucesso, nós cumprimos de uma forma perfeita”.

Artigo editado por Filipa Silva