Peng Shuai, tenista chinesa que tinha sido dada como desaparecida em novembro de 2021, falou pela primeira vez a um órgão de comunicação social ocidental desde o sucedido. Em entrevista ao jornal francês “L’Equipe”, garantiu nunca ter dito, em momento algum, ter sido abusada sexualmente, contradizendo o que tinha denunciado no ano passado.

Em novembro, Peng Shuai tinha feito uma publicação na rede social chinesa Weibo, que rapidamente foi apagada, na qual acusou o ex-vice-primeiro-ministro chinês, Zhang Gaoli, de a ter forçado a ter relações sexuais durante o relacionamento de ambos, que durou vários anos. Nada se soube relativamente ao paradeiro da tenista nos dias seguintes.

Três meses depois, Shuai nega qualquer acusação ou desaparecimento, garantindo que tudo não passou de um “enorme mal-entendido”. “Esta publicação resultou num enorme mal-entendido por parte do mundo exterior. O meu desejo é que o significado desta publicação não continue a ser distorcido”, explicou.

Uma entrevista controlada e com novas revelações

A entrevista ao “L’Equipe” foi realizada num hotel em Pequim, onde o Comité Olímpico Chinês (COC) se encontra instalado, na presença de um elemento do comité, que fez o papel de tradutor. O jornal francês teve de enviar as perguntas previamente para que a entrevista se pudesse concretizar.

A antiga número 1 mundial garantiu ao jornal desportivo nunca ter sido abusada sexualmente. “Nunca pensei que houvesse tanta preocupação e gostava de saber: porquê tanta preocupação?”, questionou Shuai.

A tenista sublinhou que foi ela mesma que, por vontade própria, apagou a publicação na rede social Weibo, na qual mencionava o relacionamento com Zhang Gaoli. “Porque é que apaguei a publicação? Porque quis”, assegurou.

Shuai não respondeu diretamente se a publicação levou a problemas com as autoridades chinesas e argumentou que os assuntos não devem ser baralhados, ao referir que “emoções, desporto e política são três coisas claramente separadas. Os meus problemas românticos, a minha vida privada, não devem ser misturados com desporto e política”.

Na entrevista, Peng Shuai revelou, ainda, ter posto fim à sua carreira profissional e garantiu estar a tentar ter uma rotina comum. “Sou uma rapariga normal, às vezes tranquila, às vezes feliz. Às vezes sinto-me triste, outras vezes sinto que tenho demasiada pressão… todas as emoções e reações normais que vivem as mulheres eu também as vivo e sinto”, desabafou.

Artigo editado por Filipa Silva.