A rede da Vodafone Portugal sofreu um ataque informático na noite desta segunda-feira (7). O que começou por ser reportado como “problemas técnicos” foi já esta terça identificado pela empresa como um ciberataque. A situação está a afetar a rede 4G/5G e os serviços fixos de voz, televisão e SMS, assim como os serviços de atendimento ao cliente.

Em conferência de imprensa na manhã desta terça, o chefe-executivo da Vodafone Portugal, Mário Vaz, referiu que a empresa pretende repor os serviços de dados móveis 4G ainda durante a tarde. Contudo, o “elevado grau de incerteza” impede promessas, salvaguardou.

A Vodafone já conseguiu recuperar “os serviços de voz móvel e os serviços de dados móveis estão disponíveis exclusivamente na rede 3G, em quase todo o país”, confirma a empresa. O diretor reconhece que esta rede tem “pouca disponibilidade” para todos os clientes, mas garante o empenho máximo da empresa numa recuperação que está a ser feita “progressivamente ao longo desta terça-feira”.

Por agora, não existem indícios de que os dados de clientes tenham sido comprometidos pelos atacantes informáticos. A origem do ciberataque é, no entanto, ainda desconhecida. Mário Vaz afirmou que a Vodafone está a “colaborar com as autoridades”, nomeadamente com a Polícia Judiciária, que está a investigar o caso. “À data”, não houve qualquer “pedido de resgaste”, assegurou.

O chefe-executivo da operadora acredita que o objetivo do “ataque terrorista e criminoso”, como o caracteriza, foi deixar os clientes da empresa “sem qualquer serviço” – o que se chegou a verificar ontem à noite, durante uma hora. Pelo menos “quatro milhões” de particulares estão a ser afetados, adiantou.

Um impacto de outro nível

“Eu já não sei nada” – assim começou Luís Antunes, em declarações ao JPN. O diretor do Centro de Competências em Cibersegurança e Privacidade da Universidade do Porto (UP) e encarregado de Proteção de Dados na Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) entendeu que o ciberataque aos sites do jornal “Expresso” e da SIC, no início do ano, não tinha sido “direcionado” especificamente por se tratarem de órgãos de comunicação.

Depois do alegado ataque informático ao site do Parlamento, a 30 de janeiro, e do ataque aos sites do grupo Cofina, neste domingo (6), Luís Antunes tem, hoje, poucas certezas. Uma delas é a de que os ciberataques estão a ser “direcionados a grandes instituições”. Por isso, “o impacto, agora, começa a ser muito maior”, considera o também colaborador do Gabinete Nacional de Segurança e da Procuradoria Geral da República na área do cibercrime.

Estamos a passar para um nível um bocadinho mais agressivo, no mínimo”, em que “a população como um todo” está a ser afetada, declarou. Luís Antunes destacou o condicionamento que o ataque informático à Vodafone provocou, por exemplo, no acesso aos cuidados de saúde do INEM. A quebra de serviços afetou, também, corporações de bombeiros (com a rede SIRESP a ser utilizada), a rede Multibanco e os serviços de alguns hospitais, entre outros.

Esta terça-feira, Dia da Internet Mais Segura, o especialista em cibersegurança alertou para as “fragilidades” desta “nova realidade digital”, que estão associadas ao “fator humano”. As armas de combate são a prevenção e a “formação”, salientou Luís Antunes.

Artigo editado por Filipa Silva.