Segundo o "Jornal de Notícias", a Metro do Porto encomendou um estudo de avaliação de impacto das obras da Linha Rosa sobre o comércio circundante para estimar os prejuízos provocados sobre o negócio. Os comerciantes ouvidos pelo JPN dizem desconhecer a iniciativa.

Transcrição da reportagem

A Metro do Porto vai compensar os comerciantes afetados pelas obras da Linha Rosa. Segundo o “Jornal de Notícias”, a empresa encomendou um estudo a uma sociedade de técnicos de contas. O objetivo é conhecer quais são os negócios que apresentaram prejuízos na sequência da empreitada.

Ainda de acordo com o diário, o estudo está a ser realizado desde o início do ano, mas ainda não há data para a atribuição das indemnizações. Muitos dos comerciantes, como Vítor Aleixo, funcionário de uma confeitaria, desconhecem a iniciativa.

Vítor Aleixo – “Nós estamos mais a contactar com a Associação Comercial, a Associação Comercial é que contacta com eles. Nós temos feito assim. Quer dizer, nós como associação, falamos com a Associação e depois ela contacta com eles.”

“Mas ainda não contactaram com vocês diretamente?”

Vítor Aleixo -“Para já, ainda não. Mandaram umas cartas, na altura, a dizer que ia fechar a rua. Essas coisas, não é? Informação.”

Os lojistas queixam-se da fraca comunicação que mantêm com a empresa. Beatriz Silva, funcionária de uma loja de conservas, confirma a ideia.

Beatriz Silva – “Acho que não… É assim, nós recebemos, por exemplo, um documento para mandarmos a nossa opinião sobre o que é que nos estava a afetar, como é que nos estava a afetar, etc. Mas não tem havido assim uma grande comunicação, para ser sincera. É o que é… Existe e nós, pronto, continuamos aqui, não é?”

Nos Clérigos, a sinalética colocada pela empresa assegura que o metro dá liberdade, mas os comerciantes não concordam. Cláudia Machado, da Manteigaria, afirma que o impacto no negócio é negativo.

Cláudia Machado – “Nós nesta altura já temos pouco movimento, mas sem dúvida que o impacto das obras o tornou ainda menor. Parecendo que não, aqui é uma passagem obrigatória para todo o lado, todos os pontos turísticos. Temos ali os Clérigos e, agora, como está bastante confuso ainda para mais a dinâmica que eles puseram das obras, faz com que as pessoas fujam todas por cima, evitando que passem aqui na rua dos Clérigos. Como tal, parecendo que não, não vão passar cá, não vão ver a loja. O impacto das vendas ainda é maior, tendo reduzido para mais de metade, sem dúvida. Nós produzíamos aos 60 tabuleiros, agora estamos mais ou menos nos 30.”

Na Casa da Música, Cláudia Barbosa, funcionária de uma papelaria, faz um retrato semelhante.

Cláudia Barbosa – “Especialmente a nível de clientes. Temos tido bastante menos clientes, porque as pessoas passam menos por aqui. Retiraram-nos as paragens do autocarro e então nós, como somos uma papelaria, vendemos um bocadinho também por impulso, as raspadinhas e assim. Então, menos gente a passar, menos vendas.”

A futura Linha Rosa do metro vai fazer a ligação entre as estações de São Bento e da Casa da Música, passando no Hospital de Santo António e na Praça da Galiza. A conclusão das obras está prevista para o final de 2023.

Artigo editado por Filipa Silva